segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Foguete lançado na Califórnia vai estudar tempestades espaciais

Foguete SpaceX Falcon 9 leva instrumentos para estudo da atmosfera. Efeito de tempestades espaciais em navegação por GPS será estudado.


(AFP/G1) O foguete SpaceX Falcon 9 foi lançado da Base da Força Aérea de Vandenberg, na Califórnia, Estados Unidos, neste domingo (29).

O SpaceX levou um satélite com instrumentos para estudar as tempestades espaciais na atmosfera superior e seus potenciais efeitos na navegação por GPS e comunicação por rádio.

Esta foi a primeira vez que a fabricante de foguetes privada, com base no sul da Califórnia, lançou a versão de próxima geração que possui motores projetados para melhorar o desempenho e levar cargas mais pesadas.


Raro deserto de dunas do Canadá pode desaparecer

(AFP/Terra) Enquanto a desertificação avança em várias partes do planeta, uma rara extensão de areia nas vastas planícies do centro do Canadá está em vias de extinção, cobrindo-se pouco a pouco de vegetação.

As dunas de Spirit Sands, que ocupam 4 km2 na província de Manitoba, estão ameaçadas. Em algumas partes, punhados de mato dispersos brotam no meio da areia, mas em outras, as dunas estão completamente cobertas por um espesso tapete verde.

Situadas no Parque Provincial de Spruce Woods (300 km2), a 200 km a oeste de Winnipeg, capital de Manitoba, estas grandes extensões de areia exposta, únicas na província, são raras no Canadá.

As dunas, que originalmente se estendiam sobre uma superfície de 6.500 km2, são os últimos vestígios não vegetais que restam do delta do rio Assiniboine. Formaram-se há 12.000 anos, quando uma geleira que cobria a região derreteu.

"O que constatamos atualmente é um processo natural", explica Jessica Elliott, chefe do sistema de planejamento de parques e ecologia da agência governamental Conservação de Manitoba. "Vemos a vegetação avançar sobre o que antes era uma região de dunas de areia", continua.

A vegetação toma conta das dunas de areia em um ritmo de 10% a 20% por década, concluíram os pesquisadores na década de 2000, em um estudo sobre a cronologia da sedimentação do período interglaciar Holoceno.

Para Elliot, vários fatores contribuem para o avanço da vegetação.

"O clima é diferente do que era no passado, há mais chuvas, a velocidade do vento é menor e não há outros fatores de perturbação, como os grandes bisões que se deslocavam para pastar na região ou inclusive os intensos incêndios florestais", explicou.

Tecnicamente, o deserto de Spirit Sands não é um deserto verdadeiro porque recebe cerca do dobro das precipitações de um deserto típico.

Mas as dunas, de importante representação religiosa para os aborígines, também têm grande valor para seu ecossistema, pois abriga espécies endêmicas.

Além disso, estas montanhas de areia formam a principal atração para os turistas canadenses e estrangeiros, que chegam ao Spruce Woods para acampar, fazer caminhadas, passeios a cavalo e inclusive navegar de caiaque pelo rio Assiniboine.

Segundo funcionários do parque, 2.300 dos 60.000 veículos que entraram no parque visitaram as dunas desde janeiro.

Por isso, a província avalia diferentes formas de preservar as dunas, desde aplicar herbicidas químicos até recorrer ao que funcionou ali durante milhares de anos: o fogo ou os bisões. No último caso, seria preciso "construir um recinto" com uma cerca com centenas de quilômetros de comprimento para mantê-los dentro do parque, disse Elliott.

Embora o desaparecimento das dunas de areia de Spirit Sands pareça inevitável sem a intervenção humana, o futuro de Spruce Woods não corre perigo, segundo seus funcionários.

"Independentemente da quantidade de vegetação que há nas dunas, o parque é um local belíssimo. Há tantos cantos diferentes para ver e desfrutar da natureza como é, tantos atrativos...", disse, com largo sorriso, Jennifer Bryson, funcionária de Spruce Woods.
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Ondas íon-ciclotrônicas explicam terceiro anel de radiação da Terra


Agora se sabe que o Cinturão de Van Allen é formado por pelo menos três anéis de radiação, que respondem diretamente às influências das partículas emitidas pelo Sol.[Imagem: NASA/Goddard Space Flight Center]


Cinturão de Van Allen
(Inovação Tecnológica) Por mais de meio século, os cientistas acreditaram que a Terra possuía dois anéis de partículas carregadas, o chamado Cinturão de Van Allen.

No início deste ano, duas sondas lançadas pela NASA - as sondas Van Allen, que têm colaboração brasileira - descobriram o terceiro anel da formação.

Agora, a equipe da missão Van Allen acredita ter encontrado uma explicação para o quase inexplicável anel, formado por partículas tão rápidas que são conhecidas como ultra-relativísticas.

"Alguns dos elétrons alcançam energias tão gigantescas que eles são dirigidos por um conjunto inteiramente diferente de processos físicos," diz a nota da NASA.

As energias envolvidas são tão altas que os elétrons atingem velocidades equivalentes a 99,9% da velocidade da luz.

As teorias sobre o plasma conhecido - o ambiente de partículas carregadas onde os anéis se formam - simplesmente não conseguem explicar como os elétrons podem ser acelerados a energias tão elevadas e, sobretudo, como eles duram tanto a ponto de formarem um anel.

As sondas gêmeas da missão Van Allen viajam constantemente através dos anéis de radiação. [Imagem: NASA]


Ondas íon-ciclotrônicas
Embora essas partículas relativísticas não sejam afetadas por ondas que se sabe atuarem nessa região, como as VLF Chorus (ondas de Frequência Muito Baixa Chorus), a explicação para o fenômeno parece estar em uma classe muito especial de um outro tipo de onda, chamada EMIC (ondas eletromagnéticas íon-ciclotrônicas).

Ondas íon-ciclotrônicas - ou instabilidades íon-ciclotrônicas - são associadas a íons que giram ao redor de um campo magnético - a frequência das ondas varia de acordo com a velocidade de giro desses íons.

Segundo os pesquisadores, ondas EMIC muito fortes podem afetar as partículas ultra-relativísticas - os elétrons movendo-se a 99,9% da velocidade da luz - fazendo-as perder energia e deixando apenas um estreito anel de radiação protegido no interior de uma fronteira conhecida como plasmapausa.

As previsões indicam que, se nada de "extraordinário" acontecer, os elétrons supervelozes podem durar até 100 dias.

Contudo, os anéis podem ser alterados por nuvens de radiação emitidas pelas tempestades e erupções solares - foi o que aconteceu rapidamente no evento que registrou a descoberta do terceiro anel.

Assim, compreender a natureza desses cinturões de radiação e como eles incham e encolhem ao longo do tempo é uma peça essencial no quebra-cabeças que é interpretar - e, quem sabe um dia, prever - o tempo espacial ao redor do nosso planeta.

O clima espacial pode, entre outras coisas, causar complicações em sistemas eletrônicos a bordo de satélites científicos, de comunicações e GPS.

Na verdade, estudos recentes mostram que o clima espacial, mais especificamente, os chamados raios cósmicos, estão intimamente ligados com a formação das nuvens na atmosfera terrestre.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Ilha aparece na costa do Paquistão após terremoto

(BBC/R7) Geólogos paquistaneses estão estudando uma montanha de lama e terra que apareceu na costa sudoeste do país após o terremoto que atingiu a região na terça-feira.

Os cientistas acreditam que a ilha apareceu após um movimento de gases alojados sob a superfície, em um fenômeno parecido ao de um vulcão.

A ilha virou atração dos moradores da cidade costeira de Gwadar. Os geólogos não sabem se a ilha permanecerá no local ou se irá desaparecer com a mesma rapidez.
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Matéria com acervo de imagens e vídeo no G1
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Satélite fotografa ilha que surgiu após terremoto no Paquistão (G1), com matéria similar no O Globo
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Ilha criada por tremor no Paquistão é vulcão de lama, dizem geólogos (UOL - com vídeo)

Cientistas criam modelo matemático para prever ondas gigantes

Em laboratório, testes conseguiram identificar a formação das ondas gigantes. Desafio é transportar modelos matemáticos para uma escala real a fim de gerar mapas com a previsão dessas ocorrências e evitar naufrágios

(DW/Terra) Muitos acidentes sérios em alto mar são causados por ondas gigantes, afirma Norbert Hoffmann, do Instituto de Mecânica e Tecnologia Marítima da Universidade Técnica de Hamburg-Harburg (TUHH). A maior parte não chega ao conhecimento do grande público, mas outros ganham notoriedade pelos danos que causam.

Foi uma onda gigante que afundou o navio de contêineres Munique, em 1978, ao norte do arquipélago de Açores, com 28 tripulantes a bordo. Em 1984, o impacto de uma onda gigante derrubou uma plataforma de petróleo perto do Canadá. Em 2002, a vítima foi o petroleiro Prestige: o casco foi partido e provocou um derramamento de óleo na costa da Espanha.

Simulação em laboratório
Especialistas calculam que, todos os anos, dez navios sofram danos provocados por ondas gigantes. Alguns chegam a afundar. Para ajudar a diminuir os riscos, cientistas da Universidade Técnica de Hamburg-Harburg trabalham para prever a ocorrência dessas ondas.

A equipe liderada por Hoffmann quer descrever a formação desses vagalhões por meio de fórmulas. Eles contam com os princípios da chamada matemática não-linear: os cálculos levam em consideração que as ondas podem sofrer influências mútuas.

Se uma delas encontra um vento mais forte em uma corrente marítima específica, ela pode absorver energia das ondas vizinhas. "Com isso, em alguns minutos, toda essa energia se concentra em um ponto central. Forma-se então uma onda extraordinariamente grande que pode, pouco tempo depois, voltar a se movimentar como as outras", explica Hoffmann.

Para comprovar a teoria, os pesquisadores construíram um canal próprio de ondas para simulações – eles apertam um botão e conseguem reproduzir uma onda gigante em uma escala reduzida. Um robô subaquático trabalha em uma piscina de testes: parece uma banheira em grande escala, com 15 metros de comprimento por 1,5 metro de profundidade.

"Em uma das extremidades foi instalada a pá que cria as ondas e o sistema hidráulico que movimenta a água", explica o engenheiro Amin Chabchoub. "No outro, está uma pequena praia, que absorve as ondas geradas para que elas não voltem".

Ondas artificiais
Para criar a onda gigante artificial, Chabchoub só precisa de um click para acessar os controles computadorizados. Com um ruído ritmado, ele coloca o sistema hidráulico em funcionamento. Inicialmente, a água está parada, em seguida surgem pequenas ondas uniformes, com pouco mais de um centímetro de altura.

No próximo passo, as ondas geradas não parecem diferentes umas das outras, inicialmente. Mas a medida que se deslocam em direção à praia artificial, vão se tornando maiores até se desmancharem no fim do canal. A onda gigante é formada: ela agora tem três centímetros, ou seja, é três vezes maior que anteriores – critério que a classifica como gigante.

Do laboratório para o mar
"Nós comparamos nossos resultados com medições reais de ondas de até 30 metros", explica Hoffmann. "Nossas ondas gigantes em miniatura são incrivelmente muito semelhantes às reais". Para os cientistas, essa é uma prova importante de que a teoria deles está no caminho certo.

No futuro, esse conhecimento pode ajudar na elaboração de prognósticos precisos, uma espécie de relatório de ondas gigantes. Isso informaria os capitães dos barcos sobre áreas do oceano onde a chance de ocorrência desse fenômeno é maior. A experiência do laboratório poderá afastar as embarcações das zonas mais complicadas para uma rota mais segura.
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Ocorrido em maio, maremoto mais intenso até hoje é mistério para cientistas



(UOL) O mais intenso sismo submarino (fenômeno popularmente chamado de maremoto) conhecido aconteceu em 24 de maio deste ano, a 609 quilômetros abaixo da superfície da Terra, na costa da Rússia, mas suas causas permanecem um mistério para cientistas.

A ocorrência do maremoto é destaque de edição da revista Science divulgada na última quinta-feira (19). A publicação atribui ao fenômeno, ocorrido sob as águas do mar de Okhotsk, uma magnitude de 8,3 graus na escala Richter.

O choque entre placas que compõem a estrutura da Terra teria se dado a uma velocidade de 14.400 quilômetros por hora e, a mesmo com 600 quilômetros de rocha acima do ponto de choque, o tremor foi sentido em solo russo (contudo sem causar ferimentos a pessoas nem maiores transtornos).

Análise de dados sismológicos globais apontou aos cientistas que esse se tratou do maior maremoto já documentado, à frente de outro grande fenômeno do gênero ocorrido na Bolívia, em 1994.

"É o maior evento deste tipo que já vimos, muito similar a maremotos ocorridos em menores profundidades. É difícil compreender como ele teria ocorrido", diz o sismologista Thorne Lay, da Universidade da Califórnia, Santa Cruz.

Água x tipo de rocha
Uma das hipóteses é de que substâncias como água ou dióxido de carbono líquido tenham adentrado por uma fenda aberta anteriormente nas placas, lubrificando-as e intensificando a velocidade com que elas se tocam, permitindo um deslizar mais veloz e propiciando, assim, esse grande atrito entre elas. Entretanto, pesquisadores acham difícil que um líquido consiga penetrar tão profundamente, chegando ao ponto em que se deu choque.

Outra possibilidade aventada por cientistas remete ao tipo de rocha encontrado nessa profundidade da Terra, a olivina. Esse material passa por uma transformação mineral devido à enorme pressão do ambiente e acabaria, portanto, permitindo o contato de rochas com diferentes composições, sendo um gatilho para o maremoto.

Ambas as possibilidades vem sendo estudadas, mas há argumentos contrários às duas. Por isso, pesquisadores envolvidos na investigação do maremoto afirmam que mais pesquisas serão necessárias para apontar com exatidão as causas do sismo ocorrido no local.

Temperatura do planeta subirá entre 0,3 e 4,8ºC no século XXI

(AFP/Terra) A temperatura do planeta subirá entre 0,3 e 4,8 graus no século XXI, afirma o relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

O organismo também prevê que o nível do mar deve subir entre 26 e 82 centímetros até de 2100 e destaca que está cada vez mais clara a responsabilidade do homem na mudança climática.

O IPCC considera agora "extremamente provável" que a influência humana seja a principal causa do aquecimento global observado desde medos do século XX. Os especialistas calculam esta certeza em 95%, contra 90% do relatório anterior de 2007.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, agradeceu ao IPCC sua "avaliação regular e imparcial" da mudança climática.

"Este novo relatório será essencial para os governos que trabalham para alcançar acordos ambiciosos e legalmente vinculantes sobre a mudança climática em 2015", completou Ban, em um discurso exibido por vídeo durante a entrevista coletiva de apresentação do texto.

O painel analisa quatro cenários possíveis sobre as mudanças climáticas até 2100, mas sem um pronunciamento sobre a probabilidade de cada um virar realidade.

No caso mais otimista, a temperatura subirá 0,3°C e na hipótese mais pessimista 4,8°C na comparação com a temperatura média do período 1986-2005.

A variação da temperatura dependerá em grande medida da emissão de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera nas próximas décadas. A temperatura terrestre já aumentou quase 0,8°C desde a época pré-industrial.

"Para limitar a mudança climática é necessário reduzir substancialmente e de forma duradoura a emissão de gases do efeito estufa", afirma em um comunicado Thomas Stocker, vice-presidente do painel.

O IPCC também revisou em alta as previsões sobre o aumento do nível do mar, uma das principais consequências do aquecimento global: os cientistas acreditam agora que o nível pode subir entre 26 e 82 cm durante o século XXI, contra a estimativa de entre 18 e 59 cm divulgada em 2007.

Os especialistas avaliam de maneira aperfeiçoada agora o fenômeno do degelo das geleiras da costa da Groenlândia e do Antártico, que eleva o nível do mar.

Os especialistas da ONU também preveem que a mudança climática provocará novos fenômenos extremos, mas de magnitude ainda desconhecida.

"As ondas de calor acontecerão com mais frequência e durarão mais tempo. Com o aquecimento da Terra, acreditamos que acontecerão mais chuvas nas regiões úmidas e menos nas regiões secas, mas teremos exceções", disse Stocker.

O IPCC, criado há 25 anos pela ONU, temo por objetivo estabelecer um diagnóstico para orientar as decisões das autoridades políticas e econômicas, mas não propõe medidas de ação concretas.

O novo diagnóstico servirá de base para as negociações internacionais sobre o clima que pretendem alcançar um acordo em 2015. Os 195 países participantes querem limitar a 2°C o aumento da temperatura na comparação com a era pré-industrial.

Mas segundo o IPCC este ambicioso objetivo só será alcançado se for confirmado o cenário de um aumento de 0,3°C durante o século XXI.

"Sabemos que os esforços para limitar a mudança climática não são suficientes para para inverter a tendência do aumento das emissões de gases do efeito estufa", disse Christiana Figueres, secretária executiva da ONU sobre o clima.

"Para tirar a humanidade da zona de perigo, os governos têm que adotar medidas imediatas e chegar a um acordo em 2015, na grande conferência da ONU prevista para Paris", completou.
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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Estudo: há 4 bilhões de anos, Terra seria parecida com lua de Júpiter



(Terra) Um estudo divulgado nesta quarta-feira afirma que, antes de formar placas tectônicas, a Terra pode ter sido muito similar à lua Io, de Júpiter. A pesquisa pode responder a uma questão da geologia, conhecida como paradoxo do Arqueano. O estudo foi divulgado nesta quarta-feira na revista especializada Nature.

Acredita-se que Terra e a Lua se formaram há cerca de 4,5 bilhões de anos, quando dois protoplanetas colidiram no Sistema Solar. O choque dos dois corpos e a consequente "liberação" dos núcleos quentes geraram uma imensa quantidade de calor e uma grande quantidade de elementos radioativos deve ter feito com que a temperatura continuasse alta por muito tempo. Essa era é chamada de Hadeano e desse éon temos apenas cristais como registro. As primeiras rochas conhecidas datam de cerca de 4 bilhões de anos, do éon chamado de Arqueano. Contudo, essas pedras indicam que, durante esse período geológico, a crosta continental profunda do planeta (as rochas que formam os continentes) era tão quente quanto hoje em dia, o que não faz sentido. Segundo os cientistas, essa característica é por vezes chamada de paradoxo do Arqueano. Agora, o estudo de pesquisadores dos Estados Unidos oferece uma solução para o problema.​

William B. Moore (Universidade Hampton) e A. Alexander G. Webb (Universidade do Estado da Louisiana) criaram um modelo computacional baseado nos registros geológicos que propõem que a Terra nesse período seria semelhante à lua Io, de Júpiter. Em outras palavras, o planeta teria "tubos" que transportariam o calor do interior da Terra para a crosta, assim como os vulcões do satélite natural. O magma seria transportado tão rapidamente que não passaria boa parte do calor para a crosta. Isso explicaria como a Terra "infernal" dos primórdios do planeta perdeu boa parte de sua temperatura.

"Um exemplo de corpo terrestre com um fluxo de calor na superfície maior do que a Terra moderna é a lua de Júpiter Io. Ao invés de perder calor por placas tectônicas mais vigorosas, Io por sua vez transporta cerca de 40 vezes o fluxo de calor da Terra de seu interior para a superfície através do vulcanismo", dizem os pesquisadores no artigo divulgado hoje.

Hoje a superfície do planeta é redesenhada por um processo chamado de tectônica de placas. Novas superfícies (em geral nos oceanos) são formadas quando o limite de uma placa "escorrega" por baixo de outra, em um processo chamado de subducção. Segundo o modelo de Moore e Webb, esse processo começou no nosso planeta somente na metade do Arqueano, sendo até então dominante o modelo dos "tubos de calor", no qual há pouco - ou nenhum - movimento horizontal.

O estudo dos pesquisadores dos Estados Unidos joga lenha em um debate sobre como eram os primórdios do nosso planeta. Outros recentes modelos teóricos indicam o outro caminho, a viabilidade da subducção em uma Terra muito mais quente - em um processo que seria muito mais rápido do que ocorre hoje em dia.
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Previsão de aumento do nível do mar piora


(Folha) A julgar pela versão preliminar do quinto relatório do IPCC (painel do clima da ONU), a ser divulgado na próxima sexta-feira, a principal atualização nas projeções da mudança climática não serão relacionadas ao aumento de temperatura, mas sim do nível do mar.

Quando o quarto relatório, que projetava um aumento de 18 cm a 59 cm, saiu em 2007, muitos cientistas o consideraram conservador. O esboço do novo texto fala agora de uma margem entre 28 cm e 89 cm de aumento até 2100.

Uma mudança da escala de dezenas de centímetros na projeção não é pequena. A margem de erro para o cenário mais pessimista chega a quase um metro de altura, o que afetaria áreas habitadas por algumas dezenas de milhares de pessoas.

O principal fenômeno por trás do aumento do nível do mar é o fato de que a água aumenta de volume quando está mais quente --e os oceanos absorvem boa parte do calor aprisionado na atmosfera.

"A expansão termal é a maior contribuição para o aumento futuro do nível do mar, sendo responsável por 30% a 55% do total, com a segunda maior contribuição vindo das geleiras", afirma a versão preliminar do sumário político do documento.

"Há alta confiabilidade em que o aumento do derretimento da superfície da Groenlândia vai exceder a elevação da queda de neve, levando à contribuição positiva [aumentando o nível do mar]."

INCERTEZAS
Se o novo relatório do IPCC será mais contundente ao dizer que o impacto do aquecimento sobre o nível do mar será maior, ele ainda tem limitações quando tenta especificar quão maior.
Um dos problemas por trás das projeções do painel do clima é que o balanço do derretimento e da formação de gelo na Antártida ainda é difícil de prever.

Apesar de a maioria das observações e dos modelos de computador alertar para o derretimento da parte ocidental do continente gelado, o aumento de precipitação na Antártida oriental deixa o cenário incerto.

"Há uma cofiabilidade média de que nevascas na Antártida vão aumentar, enquanto o derretimento de superfície continuará pequeno, resultando numa contribuição negativa [de redução do nível do mar]", diz o texto.

Um avanço do novo relatório é a tentativa de lidar melhor com as incertezas regionais. Por exemplo, apesar de a Groenlândia ter a massa de gelo terrestre que mais vai contribuir para a elevação do mar, lá ele não deve subir.

Como a massa de gelo da região vai diminuir, ela perde força de gravidade que puxa água na direção da costa. E o mesmo deve ocorrer com a Península Antártica.

"O efeito gravitacional do derretimento da Antártida, combinado com o efeito da dinâmica de correntes e a temperatura abaixo da média, deve deixar o nível do mar abaixo da média na ponta da América do Sul", diz Aimée Slangen, da Universidade de Utrecht, na Holanda.

"Indo para o Equador, o efeito gravitacional se reverte, deixando o nível do mar acima da média."

Slangen publicou no ano passado um estudo sobre diferenças regionais na subida da linha d'água, mas diz que ainda é difícil fazer um mapa preciso. "Precisamos entender o papel das plataformas de gelo, das geleiras, o efeito térmico e saber como a crosta vai se mover", diz.

O último esboço do relatório afirma que, em 95% das áreas oceânicas do mundo, o nível do mar vai subir, e que 70% das áreas costeiras terão um aumento com desvio de menos de 20% da média.

Para os cientistas, porém, é preciso aprimorar o mapeamento. "Para uma cidade ou um país, a média mundial não importa, é preciso saber o que está acontecendo logo à porta de casa", diz Slangen.
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Fenômeno dos sumidouros ameaça o mais famoso lago de Israel

Formação de 200 crateras por ano revela as ‘cicatrizes’ do Mar Morto



(O Globo) Imagine estar andando e, de repente, uma cratera se abre no chão, e engole quem está por perto. Não, não é um cenário de filme de horror. É uma realidade cada vez mais constante na costa do Mar Morto, o famoso lago extremamente salgado localizado no ponto mais baixo do planeta, cerca de 400 metros abaixo do nível do mar. Os fossos repentinos, espécies de cicatrizes chamadas de sumidouros ou dolinas pelos geólogos, começaram a ser detectados na década de 80 em meio à diminuição visível da área do lago. Mas o ritmo do fenômeno preocupa os especialistas e as autoridades. Estudos dão conta de que 200 crateras são criadas por ano, mas há quem garanta: a cada dia, aparece mais um buraco.

É impossível contar todos, mas estima-se que existam entre 3 mil e 4 mil sumidouros, atualmente, às margens do Mar Morto, que marca parte da fronteira entre Israel e Jordânia. O maior já registrado chegou a uma profundidade de 40 metros, com circunferência de 25. As dolinas se multiplicaram por causa do declínio dramático do nível das águas, nas últimas décadas, fruto de um fenômeno natural acentuado pela ação humana. O lago tem encolhido um metro a cada ano devido às secas constantes, associadas ao aquecimento global. Mas o desvio das águas vindas de seu principal afluente, o Rio Jordão, para uso agrícola e de cidades próximas, além das piscinas para criação de peixes e extração de minerais localizadas em suas margens, pioraram a situação.

— Ao que tudo indica, é impossível impedir o fenômeno dos sumidouros, que começou há décadas, mas agora se acelera — afirma o geólogo Rani Calvo, do Instituto de Geologia de Israel. — Nós sugerimos às pessoas não se aproximarem da costa, a não ser em locais conhecidos. Há locais onde as pessoas podem cair em crateras já existentes e onde podem desmoronar junto com novos buracos que se abram sem aviso.

Rivalidade é entrave
No Mar Morto, o nível de salinidade é de 33,7% — nove vezes mais do que nos oceanos do mundo, tornando a vida aquática por lá impossível. Na Bíblia, a salinidade é citada na passagem em que a mulher de Lot vira uma estátua de sal ao desafiar as ordens de Deus e olhar para trás para testemunhar a destruição de Sodoma e Gomorra. Mas a Bíblia não comenta a existência de crateras, bem como historiadores que circularam pela Terra Santa nos últimos 2 mil anos.

Os sumidouros são, portanto, um fenômeno recente. Eles surgiram devido ao fim do sensível equilíbrio entre água salgada e doce que mantém o lago vivo. Com menos quantidade de água salgada na bacia, a água fresca vinda do Rio Jordão está corroendo as camadas subterrâneas de sal acumuladas por milênios na costa. Aos poucos, um vácuo é criado embaixo da terra, que pode ceder a qualquer momento. Para os mais pessimistas, o ponto turístico disputado pode até mesmo desaparecer até 2050. Dalia Tal, diretora da ONG Zalul, que luta pela qualidade das águas dos rios e lagos de Israel, é mais otimista.

— O Mar Morto está secando, mas ele não vai acabar. Vai encolher muito e ficar ainda mais salgado e pequeno do que é hoje — acredita Tal.

O Mar Morto é um lago que fica no final do Rio Jordão. Ele foi criado pela fricção de duas placas tectônicas que formam a chamada Fenda Sírio-Africana, uma espécie de rachadura enorme responsável, também, por terremotos na região. Quando a fenda foi criada, água salgada entrou pela fissura.

Há cerca de 18 mil anos, a ligação com o Mar Mediterrâneo secou e a água salgada, sem ter para onde escoar, ficou depositada numa enorme bacia. Com o tempo, o lago diminuiu com a evaporação da água e se transformou no Mar Morto.

Mas ele continua diminuindo. Perdeu um terço de sua superfície só nos últimos 50 anos. De 80 km de extensão, hoje tem apenas 67 km. A largura caiu de 18 km para 16 km. Segundo especialistas, o processo foi acentuado pela ação humana.

— A intervenção humana é que está matando o Mar Morto — garante Alon Tal, professor do Departamento de Ecologia do Deserto na Universidade Ben Gurion, em Beer Sheva. — Serão precisas medidas extraordinárias para salvá-lo, incluindo uma intervenção inteligente e cooperação regional.

Há alguns planos para evitar a multiplicação de sumidouros. O principal deles é a construção de um canal que ligaria o lago ao Mar Vermelho, uma ideia que existe há mais de um século e que foi retomada em 2002, com apoio do Banco Mundial. O custo — mais de US$ 15 bilhões — dificulta o projeto. Mas o que o inviabiliza mesmo é a falta de cooperação regional na Terra Santa e arredores.
A rivalidade entre israelenses, palestinos e jordanianos — que disputam centímetros do lago — quase complicou, por exemplo, a candidatura do Mar Morto na votação das “Novas sete maravilhas da natureza”, em 2011. Um imenso esforço diplomático teve que ser realizado para a apresentação da candidatura, que precisou ser feita em conjunto pelos três governos. No final das contas, o Mar Morto ficou fora da lista.

Até hoje, ninguém morreu ao cair nas crateras. Mas trata-se de uma bomba-relógio. Muitos já se machucaram. O caso mais famoso, do lado israelense, é o do veterano geólogo Eli Raz. Há cerca de dez anos, ele fazia uma inspeção no lago salgado quando ouviu um estrondo. Antes de se dar conta do que estava acontecendo, Raz, de 70 anos, foi engolido por um sumidouro gigante.

— Caí dentro, e fui desmoronando cada vez mais para baixo. Pensei que seria enterrado vivo — contou Raz ao site americano “Moment Magazine”.

Raz conseguiu se salvar, mas ele não tem dúvida de que algo urgente precisa ser feito para parar o fenômeno.

— Os sumidouros são causados pela irresponsabilidade humana — disse ao site “Slate”. — Por mais de 30 anos estive estudando-os e tentando avisar a todos, especialmente os funcionários de governo que, se não fizermos alguma coisa sobre a situação no Mar Morto, os buracos vão nos engolir.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Para painel do clima, nuvens devem elevar aquecimento



(Folha)  O papel das nuvens na mudança climática ainda é um assunto cheio de incertezas, mas o próximo relatório do IPCC (painel do clima da ONU) dá um passo na direção de um veredito.

Segundo uma versão preliminar do documento, o que a ciência mostra até agora é que a alteração que o aquecimento global provoca na dinâmica de formação de nuvens contribui para que o calor se amplifique.

A versão provisória do AR5, o quinto relatório do IPCC, a ser divulgado na sexta, reconhece que as nuvens têm efeitos paradoxais sobre o clima, algumas delas fazendo a Terra reter mais calor, outras fazendo o planeta refletir radiação solar.

O texto porém, afirma que "o sinal do balanço de feedback radiativo é provavelmente positivo". Em outras palavras, os cientistas têm 66% de certeza de que a mudança climática cria um ciclo vicioso, no qual nuvens aquecem um planeta que cria mais nuvens causadoras de aquecimento.

Ainda não é um veredito com grau de certeza acachapante como o atribuído aos gases-estufa --a culpa do aquecimento global é da queima de combustíveis fósseis por ação humana com 95% de certeza, diz o relatório. Mas é uma grande evolução desde o último relatório, o AR4, em 2007, que se declarou incapaz de chegar a um consenso sobre a questão.

"O fato de o AR4 ter botado o dedo na ferida e dito que a parte de aerossóis e nuvens era a mais crítica fez com que milhares de cientistas voltassem pesquisas para essa área", diz Paulo Artaxo, climatologista da USP e coautor do capítulo dedicado ao tema no novo relatório.

O maior problema era --e ainda é-- saber se as nuvens baixas têm efeito positivo ou negativo sobre o aquecimento. Por estarem sob mais pressão, elas ficam mais compactas e ajudam a refletir luz solar. Já o vapor comum ou as nuvens mais altas (rarefeitas) retêm calor.

O efeito das nuvens baixas era um dos aspectos mais explorados por grupos que negam o aquecimento global causado pelo homem.

Ainda que o grau de certeza da nova resposta esteja abaixo do máximo, a alegação de que as nuvens vão salvar o planeta não tem obtido sustentação.

O problema agora é projetar o futuro. Para isso, é preciso usar modelos matemáticos de previsão, que ainda não estão prontos para tal.

Uma das principais razões para essa limitação, segundo Artaxo, é que a resolução dos modelos ainda é grosseira demais para tratar de nuvens.

Uma célula do planeta em um modelo é como um pixel de 50 km de largura, mas nuvens são menores que isso, podendo ter 100 m ou menos. Os cientistas precisam então simplificar a representação das nuvens em seus modelos matemáticos do clima.

RAIOS CÓSMICOS
O novo relatório também descarta uma teoria que ganhou espaço entre críticos do IPCC: a de que a formação de nuvens pudesse estar sendo afetada por uma alteração sazonal na taxa de raios cósmicos. Defendida pelo físico dinamarquês Henrik Svensmark, a hipótese seria uma explicação alternativa para o aquecimento não relacionada aos combustíveis fósseis.

Segundo Artaxo, o texto fez o maior esforço possível para não deixar nenhum aspecto de fora. "Você pode até achar que uma ou outra coisa é bobagem, mas não importa. É preciso analisar as evidências experimentais para verificar se uma coisa que parece a maior loucura do mundo é verdadeira ou não."
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Degelo no Ártico foi menos intenso no verão de 2013, aponta Nasa

Região havia registrado derretimento recorde no ano passado. Dados são do Centro Nacional da Neve e do Gelo dos Estados Unidos.


(France Presse/G1) O degelo no Ártico durante o verão de 2013 no Hemisfério Norte foi menor em comparação ao mesmo período do ano passado, que registrou derretimento recorde das áreas glaciais da região, de acordo com o Centro Nacional da Neve e do Gelo dos Estados Unidos (NSIDC, na sigla em inglês)

A agência, ligada à Nasa, estabeleceu em suas pesquisas anuais que a superfície dos bancos de gelo após o verão deste ano era de 5,1 milhões de km² em 13 de setembro. Em 2012, quando foi registrado o nível mais baixo já visto desde o começo das medições, em 1978, esta superfície media 3,41 milhões de km².

No entanto, mesmo a situação sendo melhor do que em 2012, a superfície medida em setembro foi a 6ª menor desde o início das medições anuais. Além disso, o tamanho registrado é 1,12 milhão km² a menos do que a média detectada entre 1981 a 2010, isto é, do tamanho de França e Califórnia somadas.

A tendência a longo prazo continua mostrando uma diminuição de cerca de 12% por década desde o final dos anos 1970, uma queda que se acelerou desde 2007, segundo o NSIDC.

"Esperava que a superfície mínima de verão fosse maior este ano", lamentou em um comunicado Walt Meier, glaciologista do Centro Goddard de Voos Espaciais da Nasa, em Greenbelt (Maryland, leste). "Sempre há uma recuperação após níveis de derretimento importantes", afirma, apontando que nunca há dois recordes seguidos de degelo.

O cientista apontou ainda que a maior parte do gelo é fina e mole, em contraste com o espesso banco de gelo do passado. Na forma como os gelos de pouca espessura são submetidos a um rápido degelo, os glaciologistas estimam que os resultados de 2013 não indicam uma mudança no derretimento a longo prazo dos bancos de gelo do Ártico.

Este ano, as temperaturas no Ártico ficaram entre 1 ºC e 2,5 ºC mais baixas do que a média, segundo revelaram as análises da Nasa. Este esfriamento se deveu, em parte, a uma série de furacões registrados durante o verão, segundo os cientistas.
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Iceberg na Groenlândia


(National Geographic / iG) Circundado de icebergs, Disko Bay (Qeqertarsuaq, em groelandês) é um local que está sendo afetado pelo aquecimento global, que provoca o derretimento das geleiras e eleva o nível do mar.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Imagens de satélite mostram redução do volume do Mar de Aral em 5 anos

Para cientistas, recuo é um dos piores desastres ambientais do planeta. Além de poluído, mar menor causa verão mais quente e inverno mais frio.


(G1) Duas imagens de satélite feitas pela agência espacial americana (Nasa) revelam uma impressionante redução do volume do Mar de Aral nos últimos cinco anos. A primeira foto foi feita em 2008 e a segunda, neste domingo (22).

Esse lago de água salgada, localizado na Ásia Central, entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, já foi o quarto maior do mundo, com 68 mil km² de área.

Desde a década de 1960, porém, o Mar de Aral tem perdido volume de água depois que rios que o alimentavam foram desviados para atender a projetos de irrigação soviéticos.

Em 2007, o lago ficou com apenas 10% de seu tamanho original, dividindo-se em quatro partes. Em 2008, a profundidade máxima do local não passava de 42 metros.

Segundo cientistas, a diminuição do Mar de Aral é um dos piores desastres ambientais já vistos no planeta. A indústria pesqueira da região ficou destruída, trazendo desemprego e dificuldades econômicas.

Além disso, a água está fortemente poluída, provocando problemas graves de saúde pública. O recuo do mar também já teria provocado mudanças climáticas, com verões cada vez mais quentes e secos e invernos mais frios e longos.

Tecnologia nuclear é usada para combater acidificação dos oceanos

(Efe/Terra)  A acidificação dos oceanos é uma das principais ameaças do ecossistema marinho, motivo pelo qual as Nações Unidas decidiram impulsionar o desenvolvimento de novos métodos de tecnologia nuclear para combater este problema.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) reuniu nesta semana em Viena, por conta de sua 57ª conferência geral, cientistas de todo mundo para analisar os mais recentes avanços em suas pesquisas sobre esta- até agora- quase desconhecida ameaça.

Entre os instrumentos para lutar contra a acidificação, causada pelo aumento da concentração de CO2 na água, os cientistas propõem o uso de isótopos radioativos para diagnosticar melhor a situação.

"Com os isótopos de Boro e outras tecnologias, somos capazes de marcar sedimentos para saber e conhecer dados dos esqueletos de coral", explicou à Agência Efe David Osborn, diretor dos laboratórios ambientais da AIEA em Mônaco.

Segundo Osborn, esta técnica permite saber o que ocorreu com estes organismos do oceano no passado, algo que é útil para "prever o que pode acontecer no futuro".

"Graças à tecnologia nuclear, agora sabemos que todas as águas, em todas as latitudes, ficaram mais ácidas e contêm níveis diferentes de saturação de cálcio", ressaltou.

O cientista indicou que, quando o dióxido de carbono se dissolve na água, faz com que o PH marinho caia, por isso que as águas do mar ficam mais ácidas.

Nestas condições, a saturação de polimorfos do carbonato cálcico que espécies como moluscos, crustáceos e corais necessitam para seu esqueleto, diminui.

O resultado é que muitos espécies, especialmente as que necessitam de grandes quantidades de cálcio quando ainda são muito jovens, correm o risco de não poder se adaptar.

Com esses animais muito acima da cadeia alimentar, qualquer descenso em sua população pode afetar todo o ecossistema marinho.

Apesar dos estados sobre a acidificação, os especialistas ainda não são capazes de oferecer soluções práticas a médio ou longo prazo.

"A acidificação dos oceanos é um assunto ainda desconhecido para muitos cientistas. Sabemos que o que provoca e o porquê, mas ainda não sabemos como vai evoluir", admitiu Osborn.

No meio desta ameaça, os pesquisadores afrontam o "caráter invisível" da acidificação que, de alguma maneira, impede que a sociedade tome consciência da magnitude do problema.

"As pessoas se mobilizam perante um incêndio por que veem o fogo, sentem. Isso causa impacto. Mas não se mobilizam contra a poluição do mar", criticou Fréderic Briand, diretor da Comissão Científica do Mediterrâneo (CIESM) em Mônaco.

"Poucos governos mostraram interesse em combater a acidificação", advertiu o especialista francês.

De acordo com os dados disponíveis, o crescimento da acidificação desde a época da industrialização (século 19) até hoje é a mais alta nos últimos 800 mil anos.

"Isto pode chegar a provocar transtornos maciços nas cadeias alimentares e nos recursos que os humanos retiramos do mar, mas parece que ninguém se dá conta", advertiu Briand.

Perante essa passividade, Briand lançou uma clara advertência das consequências de não fazer nada.

"Nos encontramos perante um processo que cresceu muito rapidamente e devemos fazer frente sabendo que os sistemas marítimos são complexos, que a ciência do mar está muito fragmentada, enquanto os cientistas marítimos costumam atuar de forma isolada", concluiu.
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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

"Hiato" no aquecimento global não deve durar, mostra relatório da ONU

(Reuters/Terra) O "hiato" no aquecimento global até agora neste século é parcialmente causado por variações naturais e não deve perdurar, de acordo com esboço do relatório feito por cientistas climáticos da Organização das Nações Unidas (ONU).

O esboço de 127 páginas, e uma versão mais resumida destinada aos responsáveis por elaborar políticas que deve ser divulgado em Estocolmo no dia 27 de setembro, dizem que fatores como a nuvem de cinzas emanada de um vulcão e uma queda cíclica no nível de energia emitida pelo sol podem ter contribuído para retardar a tendência de aquecimento.

Explicar o que o Painel de Mudanças Climáticas se refere quando fala sobre um "hiato" no aquecimento é vital para governos, que prometeram chegar a um consenso sobre um acordo da ONU até 2015 para limitar o elevamento da temperatura, sobretudo através de uma transição de combustíveis fósseis para outras fontes energéticas.

O fato de que as temperaturas têm aumentado mais lentamente nos últimos 15 anos apesar do aumento nas emissões de gases do efeito estufa encorajou os céticos que desafiam as evidências sobre uma mudança climática causada por humanos e questionam a necessidade de uma ação urgente.

Mas o esboço do relatório do Painel de Mudanças Climáticas não projeta nenhuma trégua de longo prazo no aquecimento. Em vez disso, prevê uma retomada da tendência de aquecimento que provavelmente vai causar ainda mais ondas de calor, secas, enchentes e elevamento do nível do mar.

"Salvo uma grande erupção vulcânica, a maioria das tendências de temperatura média da superfície global de 15 anos no futuro próximo será maior do que durante 1998-2012", de acordo com o Resumo Técnico de 127 páginas, datado de 7 de junho e obtido pela Reuters.

Segundo o documento, as temperaturas globais vão provavelmente ser entre 0,3 e 0,7 grau Celsius maiores entre 2016-2035, na comparação com 1986-2005.
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Estação brasileira na Antártida ressurgirá das cinzas


(Efe/Terra) A estação científica do Brasil na Antártida ressurgirá de suas cinzas nos próximos meses com a reconstrução das instalações destruídas por um incêndio no ano passado, que abrigarão pesquisas sobre mudanças climáticas.

A construção do novo complexo está avaliada entre R$ 70 milhões e 100 milhões, afirmou à Agência Efe Emerson Vidigal, um dos arquitetos da empresa Estúdio 41, encarregada do projeto.

Com mais de 4.500 metros quadrados, 17 laboratórios e uma área de alojamento com capacidade para 64 pessoas, a nova Estação Antártica Comandante Ferraz, localizada na ilha do Rei Jorge, começará a ser construída a partir do próximo verão 2013-2014.

"O desenho da estação já está feito, e em outubro será realizado um concurso internacional para escolher a empresa que será encarregada da sua construção", explicou Vidigal.​

Rodeada apenas pela natureza e submetida a condições climatológicas hostis, a nova base contará com uma estação de laboratórios muito "mais equipados e modernos" que os anteriores para facilitar a tarefa dos pesquisadores no continente branco.

"As pesquisas científicas nesta região são de indubitável importância para entender o funcionamento da Terra. São essenciais para esclarecer as complexas interações entre os processos naturais globais e da Antártida", disse à Efe o capitão da Marinha, Geraldo Juaçaba.

O projeto combina a resposta às exigências científicas da base e o respeito ao meio ambiente.

"Um aspecto prioritário foi a adoção de tecnologias dirigidas a minimizar o impacto ambiental, em função das preocupações com o meio ambiente que envolvem o continente", especificou o capitão.

O edifício está organizado em dois blocos, um superior e outro inferior, sustentados através de pilares capazes de suportar as mudanças de temperatura e os efeitos do degelo que sofre a Antártida, onde chegam a ser registradas temperaturas de até 70 graus negativos.

O continente branco tem as temperaturas mais baixas do planeta, ventos de até 300 km/h e 14 milhões de quilômetros quadrados cobertos, em 90%, por uma camada de gelo de 2.500 metros de espessura.

Um incêndio registrado em 2012, no qual morreram dois militares, destruiu 70% da antiga base, incluindo o edifício principal, onde estava situada a residência.

O fogo consumiu parte dos laboratórios e, com isso, todo o material para estudos recolhido no verão anterior e que deveria servir de base para pesquisas durante o ano.

"Para evitar que este tipo de situações se repitam, a nova base terá maiores medidas de segurança, como a criação de barreiras à prova de fogo e adoção de sistemas de combate e extinção de fogo", declarou Juaçaba.

Segundo o capitão, na estação, inaugurada em 1984, eram realizados uma média anual de 20 projetos científicos, que garantem a permanência do Brasil no "seleto" grupo de países que possuem o status de Membros Consultivos do Tratado da Antártida.

Está previsto que a inauguração da nova base demore pelo menos até 2015, já que, segundo Vidigal, só é possível trabalhar na área durante os meses de verão.

Se tudo acontecer segundo o previsto, os pesquisadores brasileiros poderão retornar então a este inóspito local para tentar compreender mais de perto as pautas da mudança climática, cujas consequências estão provocando o degelo de parte das geleiras da Antártida e o aumento do nível do mar.

Advogado troca escritório por 'caça' à aurora boreal


(Terra) Em 2005, Daniel Japor visitou pela primeira vez o Ártico e realizou o sonho de infância: ver ao vivo e a cores uma aurora boreal. Desde lá, o advogado, hoje com 38 anos, largou o estressante trabalho em um escritório para se dedicar à ‘caça’ das auroras boreais.

A mudança não é motivo de arrependimento para ele, que diz ter “um dos melhores trabalhos do mundo”. “Não me imagino fazendo algo diferente”, diz Daniel, que já está na sua 18ª viagem ao Ártico, e organiza viagens de grupos brasileiros para explorar a região em busca do fenômeno.

Uma aventura requer investimento alto. Por doze dias, cada pessoa gasta em média R$ 13,5 mil. Atualmente, Daniel está com um grupo brasileiros na cidade de Tromso, na Noruega. “Nossa viagem parte do Brasil, fazendo conexões em Paris e Oslo até a cidade de Tromso. Passamos alguns dias em lá e depois vamos para Kilpisjarvi no extremo norte da Lapônia finlandesa. Por fim voamos para Longyearbyen, capital da ilha de Svalbard, cidadela mais ao norte do mundo”, conta.

Avistar uma aurora pode ser uma questão de sorte e de persistência. É preciso enfrentar o frio intenso e realizar caçadas noturnas até se deparar com o fenômeno. “O momento em que você avista a aurora é algo inesquecível, um pouco sobrenatural, como se você entrasse em contato com o espaço sideral sem sair da Terra”, descreve Japor.

O fenômeno, tido como um dos mais exuberantes da natureza, é formado pela interação de partículas provenientes do vento solar carregadas de energia com a camada energética da Terra. O choque entre as partículas causa o fenômeno luminoso, que ocorre na região dos polos terrestres por ser uma região de atração magnética.

”Existem dois tipos principais de aurora. As provenientes dos átomos de oxigênio, que geram auroras de colorações verdes e vermelho escuro e são as mais comuns, e de átomos de nitrogênio liberam coloração azul e vermelho vivo”, explica o astrofísico Gustavo Rojas, professor da Ufscar e doutor em astronomia.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Em 2050, o Árctico não deverá ter gelo no Verão, diz relatório das Nações Unidas

O rascunho do relatório da próxima avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas antecipa para o meio do século verões quase sem gelo no Pólo Norte, revela o Financial Times. Apesar de 2013 não atingir o recorde do ano passado, este ano é o sexto com menos área de gelo no Árctico no final da época estival.


(Público - Portugal) Nas contas oficiais, o fim do gelo no Árctico durante o Verão está mais perto do que se esperava. Um rascunho do relatório da quinta avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês), avança que “é provável um oceano Árctico quase sem gelo antes do meio do século”, cita o Financial Times, esta quinta-feira.

O jornal britânico teve acesso ao rascunho do relatório do organismo das Nações Unidas. O IPCC lança, com alguns anos de distância, avaliações com vários relatórios sobre as alterações climáticas causadas pela actividade humana, os impactos dessas alterações, e medidas que sirvam de adaptação.

Previamente, na quarta avaliação do IPCC, publicada em 2007, esse momento – que se prevê vir a ser um testemunho definidor das alterações climáticas – estava estimado para o final deste século. Mas o rascunho do relatório da nova avaliação, que vai começar a ser publicada a 27 de Setembro mas que só deverá ser totalmente concluída no início do próximo ano, antecipa o fim de gelo no Pólo Norte. As estimativas dependem da quantidade de gases com efeito de estufa que poderão ser emitidos para a atmosfera nas décadas futuras.

“Esta nova avaliação do Árctico é um dos mais notáveis aspectos do relatório”, considera o Financial Times. O documento é o produto do trabalho de 800 cientistas de 200 países do mundo que pertencem ao IPCC, um organismo com 25 anos de idade. Um Árctico sem gelo oferece ao tráfego comercial novas rotas, mas o documento descreve o fenómeno como uma “bomba-relógio económica”, já que uma subida de temperatura pode ajudar a libertar o metano contido no permafrost, os solos gelados que existem nas latitudes mais a norte. Este metano pode acelerar as alterações climáticas.

Outra conclusão central do rascunho, diz o jornal britânico, é a de que os cientistas estão mais certos do que nunca que a causa das alterações climáticas é devido à libertação de gases com efeitos de estufa nas actividades humanas.

"É extremamente provável que a influência humana no clima seja a causa de mais de metade da subida das temperaturas médias globais observadas à superfície para o período de tempo entre 1951-2010", lê-se no rascunho do relatório transcrito pelo Financial Times. De acordo com o documento, esta actividade humana causou o aquecimento dos oceanos, o degelo, o aumento do nível médio do mar e mudou alguns extremos climáticos durante a segunda metade do século XX.

Mais um ano de mínimos no Pólo Norte
O fim da época de 2013 da recessão do gelo do Árctico está a poucos dias de ser oficializada pelo Centro Nacional de Dados de Neve e do Gelo dos Estados Unidos, em Boulder, no Colorado. A partir desta semana, a área de gelo começará a aumentar, à medida que as temperaturas arrefecem no Pólo Norte e a água congela, até se formar a área máxima de gelo, que será algures em Março de 2014.

Este ano não se testemunhou o recorde de degelo que aconteceu em 2012, desde que se monitoriza o gelo do Árctico. Mesmo assim, este foi o sexto ano com menos área de gelo no Pólo Norte – apenas cinco milhões de quilómetros quadrados, mais de um milhão de quilómetros quadrados abaixo da média mínima quando se considera o período de 30 anos entre 1981 e 2010. “É certamente uma continuação do declínio a longo prazo”, diz Julienne Stroeve, uma cientista do centro, citada pelo jornal britânico The Guardian. “Estamos a olhar para as mudanças a longo termo, e vão haver solavancos [ano após ano], mas todos os modelos climáticos mostram que vamos perder todo o gelo marinho durante o Verão.”

Em 2012, a área de gelo mínima foi de 3,5 milhões de quilómetros quadrados. “Tivemos um Verão bastante frio [no Árctico] mas mesmo assim o gelo não recuperou as proporções das décadas de 1970 ou 1980”, refere a cientista.

Mas se olharmos para a questão do ponto de vista tridimensional, 2013 já ganhou um recorde. O satélite CryoSat, que desde 2010 avalia a quantidade de gelo que existe em profundidade nos dois pólos da Terra, revelou que em Março este volume atingiu um mínimo nos três anos.

“A partir das medições do satélite, podemos ver que algumas partes da camada de gelo diminuíram mais rapidamente do que outras, mas tem havido uma diminuição do volume de gelo de Inverno e de Verão ao longo dos últimos três anos”, diz Andrew Shepherd, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, citado num comunicado de há uma semana no site do CryoSat, um satélite que pertence à Agência Espacial Europeia.

“O volume de gelo foi, no final do último Inverno, de menos de 15.000 quilómetros cúbicos, o que é menor do que qualquer outro ano e indica menos crescimento de gelo durante o Inverno do que o costume”, refere o investigador.

Notícia corrigida às 16h15: A área de gelo mínima de 2012 no Pólo Norte é de cinco milhões de quilómetros quadrados e não de 5000 milhões como foi escrito. A área mínima de gelo em 2013 é de 3,5 milhões de quilómetros quadrados e não de 3,5 mil milhões como estava escrito.
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A "recuperação" do gelo do Ártico (Carlos Orsi)

Força da gravidade pode não ser constante


Está é uma parte do mapa da gravidade terrestre de mais alta resolução feito até hoje. [Imagem: Christian Hirt]

Mapa da gravidade
(Inovação Tecnológica) Recentemente, uma equipe da Austrália e da Alemanha usou dados coletados pelos ônibus espaciais para criar os mapas da gravidade terrestre de mais alta resolução feitos até hoje.

Quando os mapas ficaram prontos, contudo, o resultado surpreendeu a todos: os dados revelam variações gravitacionais até 40% maiores do que se considerava anteriormente.

"Nossa equipe calculou a gravidade em queda livre em três bilhões de pontos - um ponto a cada 200 metros - para criar estes mapas da gravidade de mais alta resolução já feitos. Eles mostram mudanças sutis na gravidade sobre a maioria das áreas terrestres da Terra," disse o professor Christian Hirt, membro da equipe.

Os dados indicam que a gravidade mais forte na superfície da Terra fica próxima ao Pólo Norte, enquanto a menor fica no alto dos Andes, na montanha Huascaran.

Poderia parecer intuitivo que a gravidade dependesse do relevo, mas a diferença de massa gerada pelo relevo terrestre é ínfima em relação ao planeta como um todo - na verdade, o que está mesmo em jogo são variações na densidade do material abaixo de cada ponto medido, da superfície até o núcleo da Terra.

Mas a coisa pode ser mais complicada do que isso.

Cientistas estão propondo usar relógios atômicos para medir a gravidade da Terra. [Imagem: ESA/HPF/DLR]


Gravidade não constante
Hoje, a gravidade é considerada uma constante fundamental da natureza.

Mas, e se a gravidade não for constante?

Uma gravidade variável não será suficiente para que você saia flutuando, mas poderá causar uma revolução na física.

"Se G variar o menos que seja, então deduzimos que G depende de um novo campo," diz o cosmólogo Tony Padilla, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido. "Pode-se até imaginar um cenário em que esse campo desempenhe um papel na energia escura."

É difícil seguir essa linha em termos experimentais porque a gravidade é uma força muitíssimo fraca - a gravidade da Terra inteira não consegue derrotar a força magnética de um reles ímã de geladeira.

Assim, medi-la é muito difícil.

Em 2011, a sonda espacial GOCE concluiu o mapeamento global do campo gravitacional da Terra. [Imagem: ESA/AOES Medialab]

Medindo a gravidade
Desde que foi medida pela primeira vez em laboratório, em 1798, as medições do valor da gravidade têm variado à exaustão.

Agora, usando instrumentos estado-da-arte, e empregando duas técnicas diferentes, Terry Quinn e seus colegas do Escritório Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), na França, fizeram a mais cuidadosa medição da gravidade já realizada até hoje.

O resultado: a gravidade é 240 partes por milhão (ppm) maior do que o valor oficial de G, estabelecido em 2010.

Mais do que isso, o valor é 21 ppm menor do que o obtido pela mesma equipe, usando as mesmas técnicas, em 2001.

Os resultados estão dividindo a comunidade científica.

Erros ou estrelas que queimam mais rápido
Muitos apostam em erros nas medições, mas outros, como Padilla, já começaram a analisar as possibilidades levantadas por uma gravidade "inconstante".

Uma terceira possibilidade é que as medições ultra-cuidadosas feitas agora tenham encontrado o "valor real" de G, que seria então maior do que o considerado até agora.

"Se o valor de G for ligeiramente maior, então nós teremos que voltar e refazer todos os cálculos. As estrelas vão queimar mais rapidamente do que pensávamos porque consome mais energia lutar contra uma força gravitacional mais forte," comentou Clare Burrage, da Universidade de Nottingham, que não está envolvida nos experimentos.

Novas ideias deverão vir à tona no início do ano que vem.

Para ouvir críticas e sugestões, a equipe de Quinn está organizando uma conferência mundial para discutir a medição do valor de G que eles acabam de anunciar.

O evento deverá ocorrer na Sociedade Real de Londres, em Fevereiro de 2014.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Terra será habitável por pelo menos mais 1,75 bilhão de anos, diz estudo

A equipe de cientistas considerou "que a Terra deixará de ser habitável em algum momento dentro de 1,75 bilhão e 3,25 bilhões de anos"


(Efe/Terra) As condições que fazem com que o planeta Terra seja habitável durarão, pelo menos, outro 1,75 bilhão de anos, segundo um estudo realizado por cientistas da universidade inglesa de East Anglia. A pesquisa, divulgada nesta quinta-feira pela revista Astrobiology, revela o tempo de habitabilidade da Terra com base na distância para o sol e nas temperaturas que possibilitam que o planeta tenha água líquida.

A equipe de cientistas observou as estrelas na busca de inspiração e usaram alguns planetas recentemente descobertos fora de nosso sistema solar (exoplanetas) como exemplos para calibrar seu potencial para abrigar vida.

O responsável pelo estudo, Andrew Rushby, da Escola de Ciências Ambientais da Universidade de East Anglia, explicou que foi utilizado "o conceito de zona habitável para fazer estimativas", ou seja, "a distância de um planeta em relação a sua estrela que faz com que as temperaturas sejam propícias para ter água líquida na superfície".

"Usamos os modelos de evolução estelar para calcular o final da vida habitável de um planeta, determinando quando deixará de estar na zona habitável", disse Rushby.

A equipe de cientistas considerou "que a Terra deixará de ser habitável em algum momento dentro de 1,750 bilhão e 3,250 bilhões de anos".

"Passado este ponto, a Terra estará na zona quente do sol, com temperaturas tão altas que os mares se evaporarão. Acontece um evento de extinção catastrófica e terminal para toda a vida", raciocinou.

O responsável pela pesquisa acrescentou que "certamente, as condições dos seres humanos e de outras formas de vida complexas se tornarão impossíveis muito antes", algo que, segundo disse, "está acelerando a mudança climática" gerada pelo homem.

"Os humanos teriam dificuldades inclusive com um pequeno aumento na temperatura e, perto do final, somente os micróbios em alguns nichos ambientais seriam capazes de suportar o calor", explicou.

Rushby disse que ao olhar para o passado "uma quantidade similar de tempo, sabemos que houve vida celular na terra" e deu como exemplo que "tivemos insetos há 400 milhões de anos, dinossauros há 300 milhões e plantas com flor há 130 milhões de anos".

"Anatomicamente, os seres humanos só existiram durante os últimos 200 mil anos, por isso que se vê que é preciso muitíssimo tempo para que se desenvolva a vida inteligente", disse.

A quantidade de tempo habitável de um planeta é relevante pois revela dados sobre a possibilidade de evolução da vida complexa, "que é a que provavelmente mais requeira de um período de condições de habitabilidade".

"A medição de habitabilidade é útil porque nos permite investigar a possibilidade de que outros planetas abriguem vida e para entender que a etapa da vida pode estar em outro lugar da galáxia", segundo explicou Rushby.

Os astrônomos identificaram quase mil planetas fora do sistema solar, alguns dos quais foram analisados por estes especialistas, que estudaram a natureza evolutiva da habitabilidade planetária sobre o tempo astronômico e geológico.

"Comparamos a Terra com oito planetas que estão atualmente em sua fase habitável, incluindo Marte. Descobrimos que os planetas que orbitam estrelas de massa menor tendem a ter zonas de vida mais habitáveis", acrescentou.
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Mudanças climáticas parecem ter se amenizado em 15 anos, diz agência

Associated Press teve acesso a documentos do novo relatório do IPCC. Cientistas tentam explicar fenômeno mesmo com aumento das emissões.


(Associated Press/G1) Cientistas prestes a divulgar um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas estão lutando para explicar por que as mudanças climáticas parecem ter diminuído de intensidade nos últimos 15 anos, mesmo com o aumento das emissões de gases de efeito estufa pelos países.

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), que será realizado entre os dias 23 e 26 em Estocolmo, na Suécia, é o principal guia para os países determinarem a transferências de bilhões de dólares para energia renovável e investimentos em regiões costeiras e na agricultura.

Documentos vazados mostram, segundo a agência de notícias americana Associated Press, que há um desacordo generalizado entre os governos sobre como lidar com essas questões controversas.

Aquecimento x atividade humana
Apesar de o aquecimento global parecer ter amenizado, rascunhos a que a Reuters teve acesso apontam que é pelo menos 95% provável que a atividade humana – liderada pela queima de combustíveis fósseis – seja a principal causa de aquecimento desde os anos 1950.

Isso é mais do que os 90% registrados no último relatório do IPCC, divulgado em 2007, que os 66% de 2001 e os 50% de 1995. Isso reduz cada vez mais os argumentos de uma pequena minoria de cientistas que culpa as variações naturais do clima.

Isso muda o debate para a extensão dos aumentos de temperatura e para os prováveis impactos, desde aqueles quem podem ser gerenciados até os catastróficos. Os governos concordaram em trabalhar em um acordo internacional até o final de 2015 para controlar as emissões crescentes.

"Estamos um pouco mais certos de que a mudança climática... é largamente provocada pelo homem", disse Reto Knutti, professor no Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Zurique. "Temos menos certeza do que muitos esperariam sobre os impactos locais".

Também se mostra mais difícil medir como o aquecimento afetaria a natureza, de plantações a cardumes de peixes, já que vai muito além da física, segundo ele. "Não se pode escrever uma equação para uma árvore", disse.

O relatório do IPCC, o primeiro de três que serão lançados entre 2013 e 2014, enfrentará intensa análise, principalmente depois que o painel admitiu um erro no estudo de 2007, que previu erroneamente que todas as geleiras do Himalaia poderiam derreter até 2035.

A nova pesquisa vai declarar com maior confiança em relação à de 2007 que as crescentes emissões de gases do efeito estufa provocadas pelo homem já significam mais ondas de calor. Mas deve subestimar algumas descobertas de 2007, como a de que atividades humanas contribuíram para mais secas.

Quase 200 governos concordaram em tentar limitar o aquecimento global a 2° C acima da época pré-industrial, visto como um limiar para mudanças perigosas, incluindo mais secas, extinções, enchentes e elevação do mar, que poderia inundar áreas costeiras e ilhas.

O relatório também deve levantar a bandeira sobre um alto risco de que as temperaturas globais aumentem neste século acima desse nível, e dirá que provas do aumento dos níveis do mar agora são "inequívocas".

Paraíso de bactérias

O que uma guerra de cuspe e a Terra primitiva tinham em comum?


(Ciência Hoje das Crianças) No final da tarde, depois da escola, quase sempre ocorria uma guerra entre os meninos da rua da Jaqueira e os da vila do Sapo. Os líderes da batalha, Coquinho-de-Catarro e Babão, capitaneavam, na esquina do bar do seu Zeca, uma disputa territorial que já durava anos: a guerra do cuspe.

Numa linha traçada no chão, com giz surrupiado do quadro-negro da escola, dividiam-se as duas hordas de guerreiros. A briga era simples: Coquinho-de-Catarro se aproximava da linha demarcada de seu território e cuspia em direção a seu grupo rival. Era nojento!

Como seu apelido já dizia, cada cusparada parecia a massa amarelada dos coquinhos-de-catarro que existiam nos morros ao redor de nosso bairro e acertava sempre alguém em cheio. Nessas horas, eu só pensava na quantidade de bactérias que por ali viajavam na velocidade da luz.

Não menos perigoso era Babão. Ele babava quando falava, comia, andava e respirava. Era respeitadíssimo pelos adversários. Quando menos se esperava, zapttt lapft: acertava cinco ou seis de uma única vez. E eu só pensava nas bactérias!

Essa verdadeira guerra bacteriológica não tinha vencedores. Quem saía ganhando mesmo eram as bactérias, que se proliferavam por todos os cantos – algo parecido com os primórdios da vida na Terra, quando elas eram soberanas.

Não era nada fácil para os primeiros seres vivos morar aqui. Muito calor, como o encontrado nas crateras dos vulcões, ou então muito frio, capaz de congelar tudo o que estivesse por perto. Faltava o oxigênio na atmosfera, e eram comuns os gases tóxicos, como o gás sulfídrico e o dióxido de carbono, que são mortais para a maioria dos seres vivos.

Esse mundo de extremos era habitado por extremófilas, bactérias que suportavam condições nas quais nenhum outro ser vivo resistiria. Elas ainda hoje existem e podem sobreviver em ambientes como salmouras, águas congeladas, águas quentes em regiões vulcânicas ou até mesmo a milhares de metros de profundidade nos poros das rochas.


As bactérias extremófilas estão entre as formas de vida mais primitivas e mais resistentes de nosso planeta. São também conhecidas como arqueobactérias ou “bactérias do passado”. Agora sei que os meninos da rua da Jaqueira e da vila do Sapo foram seus descendentes diretos: todos nós sobrevivemos às adversidades do mundo passado, resistindo bravamente aos extremos do tempo presente.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Inundações e terremotos são o maior perigo às cidades, diz estudo

Pesquisa feita por seguradora suíça analisou 616 centros urbanos do globo. Trabalho avaliou 5 tipos de desastres naturais; Ásia é área mais vulnerável.



(France Presse/G1) As inundações e os terremotos são os desastres naturais que representam o maior risco para os habitantes de todo o mundo, segundo um estudo feito pela seguradora suíça Swiss Re e publicado nesta quarta-feira (18). Atualmente, 1,7 bilhão de pessoas vivem em centros urbanos, o que representa um quarto da população global. Em 2050, cerca de 6,3 bilhões de pessoas poderão viver nas cidades.

A pesquisa mostra que 308 milhões de pessoas poderiam ser afetadas por grandes inundações, em decorrência do aumento dos níveis de água nos rios, indicou o grupo em comunicado. Cerca de 280 milhões de habitantes também poderiam ser atingidos por terremotos severos.

O trabalho abrangeu 616 centros urbanos do mundo e avaliou os riscos ligados a cinco tipos de desastres naturais, incluindo tsunamis e tempestades. Os autores estabeleceram uma diferença entre o impacto humano, o número de dias de trabalho perdidos por causa dos desastres e o impacto da perda de produtividade na economia nacional.

Quando a infraestrutura de uma cidade é danificada, a ponto de as pessoas não poderem ir para o trabalho, desastres naturais podem prejudicar de forma significativa a economia local e nacional, destacou o estudo.

Segundo o modelo da Swiss Re, as cidades da Ásia são as mais vulneráveis do mundo. Na região de Tóquio – com Yokohama à frente –, até 29 milhões de pessoas podem ser atingidas por terremotos. Tóquio-Yokohama também alcança o topo do ranking em termos de dias de trabalho perdidos, seguido por Osaka-Kobe e Nagoya.

Amsterdã-Rotterdã está em quinto lugar entre as cidades potencialmente mais expostas em termos de perda de produtividade, enquanto Los Angeles e Nova York estão, respectivamente, em sexto e sétimo lugar. Paris ocupa a nona posição.

Ainda de acordo com a pesquisa, um terremoto devastador em Los Angeles poderia afetar tantas pessoas quanto em Jacarta, mas a queda no valor devido aos dias de trabalho perdidos seria 25 vezes maior.

Em algumas regiões, um desastre natural pode ter consequências graves para a economia nacional, mesmo quando o impacto se limita ao nível da própria cidade. Esse é o caso, por exemplo, de Lima, no Peru, mas também de cidades menores, como San Jose, na Costa Rica, que são os principais centros de produção desses países.

Para a Swiss Re, o levantamento destaca a necessidade de entender o que torna as cidades mais resistentes e quais decisões devem ser tomadas sobre investimento e infraestrutura, com o objetivo de reduzir as perdas humanas e econômicas.