terça-feira, 24 de setembro de 2013

Tecnologia nuclear é usada para combater acidificação dos oceanos

(Efe/Terra)  A acidificação dos oceanos é uma das principais ameaças do ecossistema marinho, motivo pelo qual as Nações Unidas decidiram impulsionar o desenvolvimento de novos métodos de tecnologia nuclear para combater este problema.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) reuniu nesta semana em Viena, por conta de sua 57ª conferência geral, cientistas de todo mundo para analisar os mais recentes avanços em suas pesquisas sobre esta- até agora- quase desconhecida ameaça.

Entre os instrumentos para lutar contra a acidificação, causada pelo aumento da concentração de CO2 na água, os cientistas propõem o uso de isótopos radioativos para diagnosticar melhor a situação.

"Com os isótopos de Boro e outras tecnologias, somos capazes de marcar sedimentos para saber e conhecer dados dos esqueletos de coral", explicou à Agência Efe David Osborn, diretor dos laboratórios ambientais da AIEA em Mônaco.

Segundo Osborn, esta técnica permite saber o que ocorreu com estes organismos do oceano no passado, algo que é útil para "prever o que pode acontecer no futuro".

"Graças à tecnologia nuclear, agora sabemos que todas as águas, em todas as latitudes, ficaram mais ácidas e contêm níveis diferentes de saturação de cálcio", ressaltou.

O cientista indicou que, quando o dióxido de carbono se dissolve na água, faz com que o PH marinho caia, por isso que as águas do mar ficam mais ácidas.

Nestas condições, a saturação de polimorfos do carbonato cálcico que espécies como moluscos, crustáceos e corais necessitam para seu esqueleto, diminui.

O resultado é que muitos espécies, especialmente as que necessitam de grandes quantidades de cálcio quando ainda são muito jovens, correm o risco de não poder se adaptar.

Com esses animais muito acima da cadeia alimentar, qualquer descenso em sua população pode afetar todo o ecossistema marinho.

Apesar dos estados sobre a acidificação, os especialistas ainda não são capazes de oferecer soluções práticas a médio ou longo prazo.

"A acidificação dos oceanos é um assunto ainda desconhecido para muitos cientistas. Sabemos que o que provoca e o porquê, mas ainda não sabemos como vai evoluir", admitiu Osborn.

No meio desta ameaça, os pesquisadores afrontam o "caráter invisível" da acidificação que, de alguma maneira, impede que a sociedade tome consciência da magnitude do problema.

"As pessoas se mobilizam perante um incêndio por que veem o fogo, sentem. Isso causa impacto. Mas não se mobilizam contra a poluição do mar", criticou Fréderic Briand, diretor da Comissão Científica do Mediterrâneo (CIESM) em Mônaco.

"Poucos governos mostraram interesse em combater a acidificação", advertiu o especialista francês.

De acordo com os dados disponíveis, o crescimento da acidificação desde a época da industrialização (século 19) até hoje é a mais alta nos últimos 800 mil anos.

"Isto pode chegar a provocar transtornos maciços nas cadeias alimentares e nos recursos que os humanos retiramos do mar, mas parece que ninguém se dá conta", advertiu Briand.

Perante essa passividade, Briand lançou uma clara advertência das consequências de não fazer nada.

"Nos encontramos perante um processo que cresceu muito rapidamente e devemos fazer frente sabendo que os sistemas marítimos são complexos, que a ciência do mar está muito fragmentada, enquanto os cientistas marítimos costumam atuar de forma isolada", concluiu.
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