terça-feira, 30 de novembro de 2010

O supervulcão Yellowstone


(Discovery Channel / UOL) Turistas que passeiam pelo Yellowstone National Park, nos EUA, não imaginam que seu supervulcão pode entrar em erupção a qualquer momento. Se isso acontecer com a mesma força de 2 milhões e 100 mil anos atrás, as consequências seriam inimagináveis.

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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Encontrados altos níveis de mercúrio na atmosfera sobre o Mar Morto

Mercúrio oxidado é perigoso porque pode contaminar rapidamente a cadeia alimentar

Pôr-do-sol sobre o Mar Morto, em Israel

(Estadão) Em hebraico, o Mar Morto é chamado Yam ha-Melah, o "mar de sal". Novas medições mostram que o sal do mar tem efeitos profundos na química do ar sobre a superfície.

A atmosfera sobre o Mar Morto, determinaram pesquisadores, está repleta de mercúrio oxidado.

Alguns dos mais elevados níveis de mercúrio oxidado já observados fora das regiões polares existem ali. os resultados aparecem na revista Nature Geoscience.

Na pesquisa, o cientista Daniel Obrist e colegas dos EUA e Israel mediram vários períodos de níveis atmosféricos extremamente altos de óxidos de mercúrio.

O mercúrio existe na atmosfera em estado puro ou oxidado. É emitido por vários processos, tanto naturais quanto provocados pelo homem, e pode ser convertido de uma forma para a outra na atmosfera.

Altos níveis de mercúrio oxidado são preocupantes, disse Obrist, porque essa forma se deposita rapidamente sobre o meio. A deposição atmosférica é o principal modo pelo qual o mercúrio, uma poderosa neurotoxina, chega aos ecossistemas.

Uma vez depositado, o mercúrio pode acumular-se na cadeia alimentar, atingindo altos níveis, que podem prejudicar a saúde humana, principalmente por meio de consumo de peixe contaminado.

A observação de altos níveis naturais de mercúrio oxidado tinham sido limitadas à atmosfera polar.

Agora, segundo Obrist, "encontramos um empobrecimento quase completo de mercúrio elemental e a formação de algumas das taxas mais elevadas de mercúrio oxidado já vistas sobre o Mar Morto, um lugar onde as temperaturas chegam a 45º C.

Esse tipo de fenômeno era inesperado fora do frio dos polos. Acreditava-se que o calor impediria o processo.

Estudo: cientistas descrevem como seria o mundo 4°C mais quente

(Terra) À convite da Real Sociedade Britânica, cientistas de universidades e instituto de pesquisas realizaram estudo no qual descrevem como o mundo seria caso ficasse 4°C mais quente, já que previsões apontam que o mundo realmente passará por esta mudança até 2060. As informações são do site da revista New Scientist.

A mudança climática, estudos anteriores já apontavam, devastaria a maior parte da Amazônia e desregularia o ciclo de monções, mas a nova pesquisa indica que a falta de água seria mais severa. O aumento das temperaturas depende das ações humanas - se o aumento estagnar em 2°C, projeções apontam que os suprimentos de água já seriam baixos, graças à demanda da população. Porém, com aumento de 4°C, a falta de água tomaria proporções nunca antes vistas.

A maior parte da África Subsaariana veria sua agricultura ruir, com períodos de plantação em sua menor marca na história. A produção de milho diminuiria em 19% e a de feijão em 47%, em comparação às médias atuais.

Calor extremo, aumento do nível do mar e falta de água fariam muitas pessoas migrarem - porém, os mais pobres ficariam impossibilitados de sair de suas localidades; os cientistas, então, apontam que facilitações para mudança de país deveriam ser realizadas.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Raios

Benjamin Franklin descobriu, em 1752, que o raio é feito de eletricidade

(National Geographic / iG) Raios surgem como tentáculos no céu em uma noite de tempestade. Benjamin Franklin descobriu em 1752 que o raio é realmente feito de eletricidade. Em seu experimento, ele içou uma pipa com uma chave amarrada durante uma tempestade. As faíscas que saíram da chave confirmaram seus palpite anterior sobre raios.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Satélite da Nasa mostra atividade vulcânica do Filho de Kracatoa

Vulcão Anak Kracatoa visto pelo satélite de sensoriamento remoto EO-1 da Nasa, em 17 de novembro de 2010.
(Apolo11) Localizado no Estreito de Sunda, na Indonésia, Kracatoa é uma dos vulcões ativos mais vigiados do mundo e faz parte dos 100 alvos mais importantes que são monitorados automaticamente pelo satélite de sensoriamento remoto EO-1, da Nasa.

Em 27 de agosto de 1883, o vulcão produziu a maior erupção já documentada, arremessando rochas e cinzas a mais de 27 mil metros de altura. O som de sua explosão foi tão intenso que pode ser ouvido a mais de 5 mil quilômetros de distância e é considerado o ruído mais elevado já produzido na Terra. De acordo com especialistas, todo o Planeta reverberou por mais de 9 dias seguidos.

Antes da grande explosão, havia na região três grandes ilhas: Rakata, Denan e Perboewatan e sobe essa última Kracatoa erguia-se a quase 2 mil metros de altitude. Após a explosão, Denan e Perboewatan foram reduzidas a pó, enquanto Rakata teve seu flanco oriental praticamente desintegrado.
Arte mostra a evolução da ilha de Kracatoa, desde a explosão em 1883 até os dias de hoje. Crédito: NASA EO-1 team/Apolo11.com/Wikimedia Commons.
Entretanto, Kracatoa não cessou sua atividade e diversas erupções continuaram a acontecer. Um lago formou-se sobre a antiga cratera e uma nova estrutura rochosa passou a se desenvolver. Essa formação é chamada de Anak Kracatoa, ou Filho de Kracatoa e é sobre ela que as atenções estão voltadas.

Diariamente, Anak Kracatoa expele cinzas e material vulcânico, que o faz crescer ainda mais. Atualmente, a montanha de material piroclástico já tem 815 metros de altura e cresce pelo menos 5 metros todos os anos.

A última erupção de Anak Kracatoa ocorreu em 2009 e constantemente a montanha é colocada sob risco 2 de erupção. Saber se Kracatoa vai produzir uma nova erupção igual a de 1883 é uma tarefa árdua, o que torna o trabalho de observação extremamente importante, seja através de instrumentos inseridos diretamente na montanha ou através de imagens de satélites, que o orbitam diariamente.

Tripulação espacial tira imagens de um dos maiores campos vulcânicos árabes


(Folha) Harrat Khaybar encontra-se na parte ocidental da península arábica e não só contém grandes extensões de areia e cascalho, mas campos de lava.

Segundo os cientistas, eles se originaram a partir de erupções que ocorreram nos últimos 5 milhões de anos ao longo de um "corredor" de ventilação que cortou a região de norte a sul. A última teria ocorrido entre 600 e 700 d.C.

A presença de cones no local, formadas por uma erupção de lava na presença de água, sugere que o clima era mais úmido durante alguns períodos de actividade vulcânica. Hoje, porém, o clima local é superárido com pouca ou nenhuma chuva anual e quase total ausência de vegetação.

A imagem foi tirada pela tripulação da Expedição 16 a bordo da Estação Espacial Interrnational em março de 2008 e foi divulgada no site da agência espacial norte-americana.

Show de azul

Em Galápagos, uma ilha em particular surpreende pela variedade de tons e a surpreendente lagoa

(National Geographic / iG) Tão surpreendente quanto a cor azul claro da lagoa é a lagoa em si, em , Ilhas Galápagos do Equador. Ás vezes, a ilhas rochosa fica ainda mais encantadora com a visita de flamingos.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Gases causadores do efeito estufa atingem nível recorde, diz agência

Organização Meteorológica Mundial publicou boletim nesta quarta (24). Concentração de CO2, metano e óxido nitroso se intensificou em 2009.

(Reuters / France Presse / G1) A crise econômica mundial não conseguiu frear a escalada dos principais gases causadores do efeito estufa. Em 2009 as concentrações na atmosfera de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso atingiram os maiores níveis desde a Revolução Industrial.

A informação é da Organização Meteorológica Mundial, entidade de monitoramento climático ligada à Organização das Nações Unidas. A OMM divulgou nesta quarta-feira (24) seu boletim anual sobre o assunto.

"O último boletim da OMM demonstra muito claramente que os principais gases de efeito estufa alcançaram os níveis mais altos jamais observados desde a época pré-industrial", declarou à imprensa Jeremiah Lengoasa, secretário-geral da organização.

A organização se declarou igualmente preocupada com o "aquecimento do planeta, que poderá gerar uma alta das emissões de metano nas regiões árticas".
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Nasa: lagos do planeta ficaram 2ºC mais quentes em 25 anos

(Efe / Terra) Os lagos de todo o mundo ficaram, em média, 2ºC mais quentes desde 1985, o que representa aumento de temperatura duas vezes mais rápido que o da atmosfera global, segundo um estudo divulgado pela Nasa.

A agência espacial americana chegou à conclusão após medir a temperatura superficial da água em 167 lagos de todo o mundo, por meio da tecnologia de satélite do seu Jet Propulsion Laboratory.

O estudo, que será publicado nesta quarta-feira na revista Geophysical Research Letters, revela que os lagos se aqueceram em média 0,45ºC por década, e alguns chegaram ao ritmo de 1ºC a cada dez anos.

Os lagos que registraram os maiores aumentos de temperatura são os do hemisfério norte, especialmente os situados em latitudes médias e altas.

O que mais se aqueceu foi o Ladoga, na Rússia, cuja temperatura aumentou 4ºC desde 1985, seguido de perto pelo Tahoe, situado entre Califórnia e Nevada (Estados Unidos), que subiu 3ºC no mesmo período, segundo o coautor do estudo, Simon Hook.

Por zonas, o norte da Europa é onde se registra um aquecimento mais consistente, enquanto no sudeste do continente, na região dos mares Negro e Cáspio, as temperaturas da água aumentam de forma mais suave.

Ao leste do Cazaquistão, na Sibéria, Mongólia e no norte da China, a tendência de reaquecimento volta a se fortalecer, segundo indica o estudo. Na América do Norte, os lagos que mais se aquecem são os do sudoeste dos Estados Unidos, a um ritmo ligeiramente superior ao dos Grandes Lagos do norte. O aumento de temperatura é muito menor nos trópicos e no hemisfério sul, especialmente nas latitudes médias.

Para avaliar a temperatura, os pesquisadores da Nasa utilizaram tecnologia de infravermelhos da Administração Atmosférica e Oceânica Nacional dos EUA (NOAA, pela sigla em inglês) e da Agência Espacial Europeia (ESA).
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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Agências norte-americanas mostram "imagens artísticas" da Terra


(BBC / Folha) A USGS, a agência geológica dos Estados Unidos, divulgou em seu site uma série de fotografias de satélite que mostram paisagens da Terra selecionadas pelo seu valor artístico.

Coleção "Earth as Art 3" apresenta 40 fotos da Terra tiradas por satélites de agências geológica e espacial dos EUA.

A coleção "Earth as Art 3" apresenta 40 imagens da USGS e da Nasa (agência espacial norte-americana) feitas pelos satélites Landsat 5 e Landsat 7 a cerca de 724 quilômetros da superfície terrestre.

As imagens de lugares extremos, como desertos e áreas cobertas de gelo em vários continentes, mostram paisagens moldadas pelo clima de cada região e por fenômenos naturais.

A coleção de fotos foi criada com base em sua beleza estética e não em seu valor científico.

"Earth as Art 3" é a terceira série de fotografias divulgada pela USGS com paisagens da Terra.
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Perfuração no Mar Morto espera revelar segredos do clima do passado

Serão analisados sedimentos que podem revelar até 500.000 anos de história geológica do Oriente Médio


Barca de perfuração no litoral do Mar Morto


(Reuters / Estadão) Em uma barca flutuando sobre o ponto mais profundo dos continentes da Terra, uma equipe de pesquisadores espera perfurar até meio milhão de anos no passado, para descobrir sinais de mudança climática e desastres naturais.

Perfurando o leito do Mar Morto, o grupo de engenheiros e cientistas começou a extrair camadas das profundezas da Terra no domingo, e continuará por cerca de dois meses até atingir uma profundidade de 1.200 metros abaixo do nível do mar.

"Os sedimentos do Mar Morto são os melhores registros de clima e terremotos de todo o Oriente Médio", disse o chefe do projeto, Zvi Ben-Avraham, da Academia de Ciências de Israel. O litoral do mar Morto já se encontra 4290 metros abaixo do nível do mar.

O Mar Morto, disse Ben-Avraham, recolhe água que escorre do deserto do Sinai e de Golã, uma área de cerca de 42.000 km2.

Ele também fica numa falha entre duas placas continentais que se deslocam em diferentes velocidades, causando muita atividade tectônica.

O leito do mar acumula duas camadas de sedimentos a cada ano. A equipe vai analisar 500.000 anos de história geológica.

Ben-Avraham espera obter informações sobre chuvas, secas e enchentes de tempos antigos, que poderão ser usadas para estudar os prováveis efeitos do aquecimento global.

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Descobertas bactérias na camada mais profunda da crosta sob os oceanos

A crosta oceânica corresponde a cerca de 70% da superfície da Terra

(Estadão) O primeiro estudo já realizado para explorar a atividade biológica na camada mais profunda da crosta terrestre sob os oceanos encontrou bactérias com uma grande gama de capacidades, incluindo a de comer hidrocarbonetos e de fixar carbono.

A pesquisa, publicada no periódico online PLoS ONE, mostra que um grande número de tipos de bactérias estava presente, até mesmo em temperaturas próximas à de ebulição da água.

"Este é um novo ecossistema que praticamente ninguém jamais explorou", disse Martin Fisk, da Faculdade de Ciências Oceânicas e Atmosféricas da Universidade Estadual de Oregon. "Esperávamos alguns tipos de bactéria, mas a lista de funções biológicas que ocorrem nas profundezas da Terra é surpreendente".

A crosta oceânica corresponde a cerca de 70% da superfície da Terra, e sua geologia já foi explorada até certo ponto, mas praticamente nada se sabe a respeito de sua biologia.


O leito oceânico é geralmente composto de três níveis, incluindo uma camada rasa de segmento; basalto, formado por magma solidificado; e uma camada ainda mais profunda de basalto que se resfriou mais devagar, chamada camada de gabro.

O gabro não começa até que a crosta tenha cerca de 3,5 km de espessura. Mas num ponto do Oceano Atlântico, perto de uma montanha submarina, o Maciço Atlântida, amostras foram obtidas de gabro que se localiza mais perto da superfície que o normal, Isso permitiu a primeira investigação biológica dessas rochas.

A expedição perfurou mais de 1 km na formação, até rochas que no passado estiveram em grande profundidade e que são muito antigas, e descobriram grande atividade biológica. Micróbios estavam degradando hidrocarbonetos, e alguns pareciam capazes de oxidar metano. havia ainda genes ativos no processo de fixar - isto é, extrair de um gás - tanto carbono quanto nitrogênio.

A possibilidade de micróbios das profundezas serem capazes de fixar carbono, dizem os autores do trabalho, reforça o viabilidade de se retirar dióxido de carbono da atmosfera e estocá-lo em camadas profundas do subsolo.

Os pesquisadores também sugerem que ambientes subterrâneos de Marte, onde existe metano, poderiam sustentar micróbios como os descobertos neste estudo.
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Satélite registra tempestade de poeira em pleno Golfo do Alasca

Tempestade de poeira em pleno Golfo do Alasca, registrada em 17 de novembro de 2010. Crédito: Jeff Schmaltz, MODIS Rapid Response Team at NASA GSFC/ APOLO11.COM



(Apolo11) Sempre que falamos em tempestades de areia, a primeira imagem que vem à cabeça é a dos desertos da África ou Oriente Médio. Isso é quase sempre certo, mas essas tormentas também ocorrem nas latitudes mais elevadas e não é incomum serem vistas próximas ao Círculo Polar Ártico.

Nessa foto, registrada em 17 de novembro de 2010 vemos um desses momentos. Ela foi registrada pelo instrumento MODIS a bordo do satélite de sensoriamento remoto Terra, da Nasa, e mostra delgadas plumas de poeira bege sendo sopradas da costa do Alasca na direção do Pacífico Norte.

Na direção sul, uma barreira de nuvens parece copiar o padrão e a direção da pluma de poeira. Em alguns pontos até a sombra das nuvens é projetada acima da pluma, que parece atuar como uma grande tela de um quadro. Ao que tudo indica, tanto as nuvens como a esteira de poeira foram moldadas pelo mesmo sistema de ventos que atuava na região.

O glaciar de Malaspina, visto em destaque na imagem, é apenas uma entre tantas outras formações de gelo que bordeiam o golfo do Alasca. O constante atrito entre os glaciares e as rochas pulveriza o material rochoso, que é transformado em uma espécie de "farinha glacial". Esse material é levado pela água derretida, formando grandes planícies de lama. Quando secam, as partículas rochosas são levadas pelo vento e produzem a tênue pluma de poeira, como registrado na cena.

Cientistas mapeiam anatomia de erupção islandesa

Estudos reconstruíram erupção do Eyjafjallajokull, o vulcão que afetou mais de 100 mil voos na Europa


Vulcão Eyjafjallajokull em erupção em 17 de abril deste ano, expelindo nuvem de cinzas que atrapalhou tráfego aéreo europeu


(AFP / iG) A erupção do Eyjafjallajokull, o vulcão da Islândia que atrapalhou voos de toda a Europa neste ano, seguiu-se a um longo e ameaçador aquecimento, no qual a montanha rugiu e seus flancos gelados incharam, afirmaram cientistas nesta quarta-feira.

Vulcanólogos dos Estados Unidos, Islândia, Suécia e Holanda utilizaram imagens por satélites e dados de Sistema de Posicionamento Global (GPS) para construir passo a passo a série de acontecimentos.

"Muitos meses de agitação precederam as erupções, com magma em movimento nos andares mais baixos dos canais e fazendo barulho na forma de terremotos", afirmou Kurt Feigl, professor de geociências na Universidade de Wisconsin, em Madison.

A erupção do Eyjafjallajokull-- a primeira desde 1821-1823 -- expeliu uma nuvem de cinzas que afetou mais de 100 mil voos e oito milhões de passageiros.

Em uma reportagem da revista científica britânica Nature, cientistas afirmaram que centralizaram sua atenção na metade de 2009, quando uma estação de GPS na parte sul do vulcão repentinamente apontou um movimento entre 10 e 12 mm.

Em janeiro, o vulcão estava sendo atingido por diversos episódios sísmicos por dia, sinalizando o fluxo de magma em suas raízes. Eventualmente, os lados do vulcão incharam mais de 15 cm antes da primeira erupção começar, no dia 20 de março.

Demorou quase um mês até o vulcão começar a desinchar, o que é uma surpresa, já que os vulcões "encolhem", algo como um balão com um nó mal atado, enquanto a rocha derretida e os gases escapavam da abertura.

No dia 14 de abril, após dois dias de calmaria, uma segunda erupção ocorreu, na qual a lava irrompeu através de um canal sobre o gelo no cume da montanha.

Isso causou uma reação "explosiva", enquanto a água virava um rio e o gás escapava de bolhas no magma.

O resultado foi uma grande nuvem de cinzas que atingiu 9 mil metros, causando desespero a milhões de passageiros de aviões.

Os cientistas afirmaram não ter certeza porque o Eyjafjallajokull eclodiu naquela ocasião. Uma das ideias é de que o magma invadiu o coração do vulcão através de uma rede de canais e câmaras.

"A explosão da erupção depende do tipo do magma, e o tipo do magma depende da profundidade de suas fontes", afirmou Feigl. "Estamos longe de ser capazes de prever erupções, mas se pudermos visualizar o magma enquanto se move dentro do vulcão, aumentaremos o conhecimento do processo da condição da atividade vulcânica".

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Falece o geocientista Carlos Maurício Noce

Pesquisador e professor da UFMG faleceu no último sábado, dia 13 de novembro

(JC) Carlos Maurício Noce faleceu aos 52 anos, em decorrência de um infarto. Nesta quarta-feira, dia 17, a Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) publicou uma nota de pesar em seu site.

Noce era docente do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pela qual se graduou em 1980. ele ingressou no corpo docente da universidade após breve período como geólogo da Petrobras.

Segundo a nota da SBG, o amigo Pedrosa Soares relata que "mesmo antes de obter o doutorado (USP, 1995), Noce sempre se destacou pela atividade científica, o que fez dele um bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq durante quase 15 anos".

Dedicou-se principalmente à geocronologia pelo método U-Pb, "mas foi também um excelente geólogo de campo, como demonstram os muitos artigos científicos e mapas geológicos dos quais é autor, além de quase uma centena de trabalhos em eventos científicos", enumera Pedrosa, ao destacar que Carlos Maurício Noce era "pessoa de inteligência ímpar, memória excelente (para a Geologia, História, Geografia e casos da vida, mas nunca para coisas miúdas do dia a dia) e de um humor contagiante".

A troposfera também está aquecendo, diz estudo

Cientistas concluíram que a camada da atmosfera mais próxima à Terra está aquecendo por causa da interferência do homem

(Veja) A troposfera - camada mais baixa da atmosfera, onde os eventos climáticos ocorrem, como chuva, neve e furacões - está se aquecendo junto com a superfície da Terra por causa do aumento da emissão dos gases do efeito estufa. A conclusão é de cientistas britânicos e americanos. O estudo foi publicada no periódico Wiley Interdisciplinary Reviews.

Há muito tempo simulações do clima feitas pelos cientistas dizem que a troposfera deveria estar se esquentando tão rápido quando a superfície da Terra. Mas desde a década de 1970, medições feitas por balões meteorológicos mostraram que a troposfera possuía uma temperatura constante, não acompanhando o aquecimento da superfície. Por mais que as simulações previssem que a temperatura da troposfera aumentaria junto com a superfície da Terra, na prática, as medições mostravam que não era bem assim — a temperatura era constante.

O estudo publicado analisou 195 artigos científicos, resultados de modelos climáticos e dados atmosféricos reunidos nos últimos 40 anos. A equipe de cientistas da Universidade Estadual de San Jose (EUA) e da Universidade de Reading (Inglaterra) não encontrou nenhuma diferença entre as simulações e o que realmente aconteceu na troposfera - o aquecimento da camada por causa da interferência do homem.

Medir a temperatura da troposfera não é tarefa fácil. Na década de 1950, cientistas enviavam instrumentos de medição em grandes balões que enviavam os dados via rádio para as bases terrestres. De acordo com os autores da pesquisa, essas medições não eram exatas. Na superfície, por outro lado, o registro das temperaturas é melhor por causa da proximidade das bases terrestres com a área de medição. "A discrepância entre os modelos e a medição dos satélites e balões atmosféricos estava relacionada com a forma como essas observações eram feitas", disse Dian Seidel, pesquisadora da agência americana de meteorologia.

De acordo com a pesquisadora, as medições não eram precisas. Os balões atmosféricos sofriam interferência da luz do sol e os resultados de satélites podem ser influenciados pela estratosfera. Os autores da pesquisa concluem que a falta de precisão dessas medições fez com que os cientistas fossem levados a acreditar que o clima na troposfera não estava sendo alterado pelo aquecimento da superfície.

Controvérsia - O estudo é um dos muitos já publicados em 2010 com o intuito de contrapor aqueles que duvidam que o homem exerce algum papel na mudança do clima. O climatologista da USP, Ricardo Felicio, é um dos que não acreditam que a humanidade é capaz de provocar mudanças no clima.

Felicio explicou que os últimos 40 anos não podem servir como base para uma avaliação de mudança do clima. "Se tivessem analisado um tempo maior, teriam visto que o clima não está mudando". O clima, segundo o pesquisador, não é gerido por dezenas de anos, mas milhares. Analisando todo o século 20 e o início do século 21, "a década mais quente foi a de 1930, muito antes do vigor industrial que temos hoje", afirmou Felicio.

A Lenda do Planeta Adormecido


(Herton Escobar - Estadão) Na semana passada a revista Science publicou um trabalho científico argumentando que o surgimento da Cordilheira dos Andes foi um dos principais fatores que impulsionou o desenvolvimento da biodiversidade amazônica atual. O soerguimento das montanhas inverteu o fluxo do Rio Amazonas — que antes corria para o oeste e desaguava no Pacífico, em vez do Atlântico, como faz hoje — e modificou significativamente a paisagem da região, criando uma série de hábitats diferenciados que impulsionaram a formação de novas espécies (num processo chamado de “especiação”). Isso tudo cerca de uns 10 milhões de anos atrás…

O foco do trabalho é na biodiversidade. Mas a coisa que mais me impressionou (que certamente não é novidade, mas apresentou-se de uma forma muito evidente no trabalho) foi pensar que até alguns milhões de anos atrás, a Cordilheira dos Andes simplesmente não existia …. imagine só!

Parece loucura olhar para uma cadeia de montanhas daquele tamanho e imaginar que elas nem sempre estiveram ali. Que aquilo tudo um dia foi plano, ou mais ou menos plano. Que o que está hoje milhares de metros acima da superfície um dia já esteve debaixo dágua … Mas esteve mesmo! Aliás, uma das peças mais importantes no quebra-cabeça científico que Charles Darwin montou em sua cabeça para desenvolver a teoria da origem das espécies foi a descoberta de uma floresta fóssil (petrificada) e de conchas marinhas no alto dos Andes chilenos. Ali ele se deu conta de como o tempo geológico é vasto, e como as coisas podem mudar ao longo desse tempo.

Hoje sabemos de fato que os Andes nem sempre existiram (eles foram e continuam a ser erguidos por forças tectônicas geradas pelo encontro das placas Nazca e Sul-Americana … a primeira mergulha por baixo da segunda, fazendo com que sua borda se dobre para cima … e é essa dobra que forma as montanhas …. agora, imagine a força que é necessária para dobrar a borda de um continente inteiro!!)

Sabemos também que todos os continentes estiveram um dia grudados uns nos outros. E que topos de montanhas já foram leito de oceano. Que o nível dos mares já variou tremendamente ao longo da história, para cima e para baixo. Que as espécies que existem hoje não são as mesmas que existiram ontem. E assim por diante.

(Se você é frequentador das praias do Sudeste, saiba, por exemplo, que todas aquelas lindas ilhas que você enxerga da costa nem sempre foram ilhas. Míseros 10 mil anos atrás o nível dos oceanos estava muito mais baixo e elas estavam ligadas ao continente. Era terra firme daqui até lá, e muito mais pra frente ainda….)

E mais: não pense que essas transformações todas pararam de acontecer só porque nós estamos aqui e gostamos de viver uma vidinha tranquila. Nosso planeta parece estático, mas é apenas uma ilusão produzida pelo fato de nós vivermos muito rápido e o planeta mudar muito devagar. Claro que as coisas são mais calmas hoje do que eram bilhões de anos atrás, quando a Terra ainda estava em formação. Mas ela continua extremamente ativa … E não é preciso muita imaginação para perceber isso. Na verdade, não é preciso imaginação nenhuma! Basta olhar para o vulcão Merapi, na Indonésia, que neste exato momento está cuspindo fumaça e cinzas incandescentes do interior da terra, e que já matou centenas de pessoas.

Basta lembrar também daquele vulcão com nome impronunciável da Islândia, que fechou o espaço aéreo da Europa durante sei lá quantos dias. E dos terremotos e tsunamis que insistem em atingir a costa oeste da Indonésia, matando milhares de pessoas. E que devastaram recentemente o Haiti e partes do Chile. Basta pensar no arquipélago do Havaí, que é todo formado por vulcões submarinos. E lembrar que debaixo do Parque Nacional de Yellowstone tem um super vulcão adormecido que, se um dia explodir, pode causar uma extinção em massa na Terra ….

Lá no fundo, nosso planeta ainda é uma bola de rocha quente, derretida e ativa. Imagine só!

Abraços a todos.

Ameaça ao clima, agora do espaço

Fuligem liberada por foguetes usados no turismo espacial poderá agravar mudanças climáticas na próxima década. Estudo norte-americano lança o primeiro olhar sobre a questão e prevê alterações nos níveis de ozônio e aumento da temperatura do planeta.



(Ciência Hoje) Em meio ao permanente desafio da redução das emissões de gases do efeito estufa, o clima do planeta parece ter mais uma ameaça pela frente. É o que sugere um estudo sobre o impacto ambiental causado pelos combustíveis que alimentam foguetes usados no turismo espacial.

Pesquisadores norte-americanos preveem que a fuligem liberada por esses veículos pode ser uma das grandes responsáveis pelas mudanças climáticas na próxima década.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Expedição científica explora segredos marítimos do Atlântico Sul

(Efe / Folha) O navio da expedição científica internacional Tara Oceans faz parte de um ambicioso e pioneiro projeto de estudo dos microorganismos marítimos em todos os oceanos e está de passagem pela região do Atlântico Sul. A expedição saiu da França no dia 5 de setembro de 2009, e pretende percorrer 150 mil quilômetros pelos mares de 50 países.

O objetivo do projeto é estudar os sistemas tectônicos e o ecossistema que permite que os oceanos produzam a metade do oxigênio da Terra.

O projeto conta com a participação de mais de 100 cientistas e foi financiado pelo Governo francês, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e por laboratórios e instituições privadas da Europa e Estados Unidos.

Link da matéria com vídeo:
http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/videocasts/831936-expedicao-cientifica-explora-segredos-maritimos-do-atlantico-sul.shtml

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mudança climática pode provocar invernos mais frios, afirma estudo

Anomalias nas correntes atmosféricas deflagrariam resfriamento no norte. Elas triplicariam probabilidade de extremos de inverno frio na Europa e Ásia.

(Reuters / G1) As mudanças climáticas poderão levar a invernos mais frios nas regiões do norte do planeta, de acordo com um estudo do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto sobre o Clima publicado nesta terça-feira (16).

O principal autor do estudo, Vladimir Petoukhov, afirma que a diminuição do gelo marinho no Ártico oriental causa aquecimento regional dos níveis inferiores da atmosfera e pode levar a anomalias nas correntes atmosféricas, deflagrando um resfriamento geral dos continentes do norte.

"Essas anomalias podem triplicar a probabilidade de extremos de inverno frio na Europa e no norte da Ásia", disse ele. "Invernos severos recentes, como o do ano passado ou o de 2005/2006, não são conflitantes com o painel do aquecimento global, mas suplementares."

Petoukhov, cujo estudo se chama "Um elo entre a redução do gelo marinho de Barents-Kara e os extremos frios do inverno nos continentes do norte", disse em um comunicado que o aquecimento do ar sobre o Mar de Barents-Kara parecia levar ventos frios invernais para a Europa.

"Isso não é o que se esperaria", afirmou Petoukhov. "Quem quer que pense que a retração de um gelo marinho distante não o afete pode estar errado."

O painel de cientistas do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que o aumento das temperaturas globais trará mais enchentes, secas, ondas de calor e a elevação do nível dos oceanos.
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Matérias similares no iG, Folha e iG

Nasa divulga imagem de satélite da atividade de vulcão na Indonésia

Imagem mostra fluxo de lava em rio e área totalmente destruída pelo Merapi. Atividade vulcânica já matou pelo menos 250 pessoas na região.

(G1) Foto divulgada pela Nasa mostra imagem de satélite, colorida artificialmente, feita pelo Aster, no satélite Terra, da atividade do vulcão Merapi, na Indonésia. A foto mostra o fluxo de lava ao longo do Rio Gendol, ao sul do monte. A área negra em torno do vulcão foi totalmente destruída, com árvores mortas e o solo completamente tomado por cinzas e rocha. O Merapi provocou pelo menos 250 mortes nas últimas semanas e deixou milhares de desabrigados na região. (Foto: AP/Nasa)
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E mais:
Pluma vulcânica na Indonésia monitorizada por satélite (Ciência Hoje - Portugal)

Do fundo da terra

Os reservatórios subterrâneos de água têm grande potencial para produzir calor e eletricidade. Entenda como funciona a geração de energia geotérmica e conheça uma iniciativa experimental para o desenvolvimento dessa fonte renovável na Alemanha.

(Ciência Hoje) Se alguém fala em energias renováveis, que imagens vêm à sua mente? Provavelmente turbinas eólicas, painéis solares ou bombas de biocombustíveis. No Brasil, poucos se lembrarão da energia geotérmica, que aproveita as altas temperaturas de reservatórios subterrâneos naturais de água para a geração de calor e eletricidade.

Menos explorada que suas primas mais conhecidas, a energia geotérmica tem no entanto grande potencial para aumentar sua participação na matriz energética mundial nas próximas décadas, à medida que os países buscam diminuir suas emissões de gases do efeito-estufa. A Alemanha, por exemplo, trabalha com a meta de gerar cerca de 100 terawatts-hora por ano até 2050, segundo projeções do Conselho Consultivo Alemão para o Meio Ambiente (SRU).

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Clima, versão 2.0

Programa integra fenômenos da atmosfera, dos oceanos e da superfície terrestre


(Pesquisa Fapesp) Está em desenvolvimento no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) um ambicioso programa de computador para a modelagem do clima, coordenado pelo climatologista Carlos Nobre, que pela primeira vez integra, no Brasil, informações sobre o fluxo de umidade, calor e gás carbônico na atmosfera, nos oceanos e na superfície terrestre globais. Para utilizar tal programa de modelagem do clima global para gerar cenários de mudanças climáticas, entre outros, foi comprado por R$ 50 milhões (R$ 15 milhões da FAPESP e R$ 35 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia) um supercomputador da fabricante norte-americana Cray, capaz de realizar 224 trilhões de operações por segundo. O novo supercomputador chegou em outubro ao Brasil, em 84 caixas, e neste mês já deve estar inteiramente montado no campus do Inpe em Cachoeira Paulista, cidade do Vale do Paraíba, interior de São Paulo. A capacidade de processamento do novo computador é 50 vezes maior que a do computador em uso no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe.


(continua aqui)

sábado, 13 de novembro de 2010

Berçário de montanhas

Fissuras microscópicas em cristais ajudam a resgatar a história do planalto da Bocaina

(Pesquisa Fapesp) Uma gigantesca calha corre paralela à costa brasileira ao longo de 1.000 quilômetros entre Curitiba, no Paraná, e Barra de São João, no Rio de Janeiro. É o Rift Continental do Sudeste do Brasil, uma formação geológica parecida com um vale com mais ou menos 100 quilômetros de largura por onde corre o rio Paraíba do Sul. Ele é ladeado por duas cadeias escarpadas, a serra do Mar e a da Mantiqueira, e abriga cidades importantes como Curitiba, São Paulo, Taubaté, Resende e Volta Redonda. Silvio Hiruma, do Instituto Geológico de São Paulo, vem investigando a geologia de um trecho dessa formação – o planalto da Bocaina – e concluiu que essas serras se formaram em momentos bem distintos.

O mais antigo deles aconteceu há cerca de 120 milhões de anos: foi a separação entre a África e a América, que gerou na costa brasileira tensões suficientes para fazer crescer ainda mais a serra do Mar, hoje a leste do rio Paraíba do Sul. Os picos mais elevados dessa serra, com mais de 2.000 metros de altitude, compõem os 1.800 quilômetros quadrados do planalto da Bocaina, que ainda guarda partes preservadas provavelmente desde antes da separação dos continentes. “É uma região que não sofreu uma erosão forte, por isso é importante para investigar a história geológica dessa serra”, diz Hiruma.

A cadeia mais no interior, a serra da Mantiqueira – onde está Campos do Jordão, destino favorito de paulistas durante o inverno para aproveitar lareiras, cobertores, fondues e chocolates quentes, além de tirar os casacos do armário –, se formou por volta de 60 milhões de anos mais tarde, quando movimentações geológicas resultaram na abertura do rift continental.

O que permite a datação de eventos de exposição e erosão nas rochas cristalinas muito antigas que formam a região, em que marcadores cronológicos são raros, é observar os traços de fissão em grãos de apatita. São defeitos na estrutura cristalina do mineral visíveis apenas ao microscópio depois de um tratamento químico. Esses traços são preservados quando a rocha que estava aquecida em camadas profundas abaixo da superfície terrestre se resfria. “A densidade desses traços permite estimar há quanto tempo aquela apatita passou pelas porções mais superficiais da crosta”, explica o geólogo. O trabalho fez parte do projeto coordenado por Claudio Riccomini, da Universidade de São Paulo, um dos pioneiros no estudo da região e orientador de Hiruma durante o doutorado. Parte das análises foi feita na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, em colaboração com o grupo de Peter Hackspacher.

As datações indicaram que o planalto da Bocaina preserva testemunhos de épocas muito diversas. “Foi uma somatória de soerguimentos seguidos por erosão”, explica Hiruma. As idades apontadas pelos grãos de apatita de amostras coletadas em diferentes altitudes desse planalto variam desde cerca de 46 milhões de anos até por volta de 303 milhões de anos atrás, segundo artigo publicado este mês na Gondwana Research. De maneira geral, as amostras mais antigas estão acima de 1.400 metros de altitude, região das cabeceiras do rio Paraitinga e do ribeirão Capetinga, e as com menos de 130 milhões de anos estão abaixo, a exemplo da região do rio do Funil e da serra da Carioca.

Se a tendência fosse constante, contaria uma história bastante simples, de montanhas se elevando e sendo erodidas. Mas não é o caso: amostras diferentes coletadas na mesma altitude revelaram idades de traços de fissão bem diferentes, de 60 milhões e 137 milhões de anos. Além disso, uma amostra com 303 milhões de anos foi encontrada no meio da escarpa que delimita o norte do planalto da Bocaina, numa altitude de 1.058 metros.

Traços do passado – Essa distribuição de idades revela uma história complexa de processos geológicos diversos. Depois da separação dos continentes, eventos magmáticos em dois pulsos principais, por volta de 80 milhões e 65 milhões de anos atrás – época da formação do Rift Continental do Sudeste do Brasil –, também causaram soerguimento das montanhas. Nos últimos milhões de anos, movimentos da crosta continua­ram a alterar a organização geo­lógica por ali. O resultado de toda essa atividade são alterações dramáticas no relevo, em que redes de drenagem dos rios são invertidas, montanhas se elevam e falhas se abrem como rasgos.

A comparação com Campos do Jordão, na Mantiqueira, está no início: só duas amostras, ante 27 de Bocaina. Por enquanto, parece que a região de Campos do Jordão tem rochas que foram expostas bem mais tarde do que as da Bocaina, trabalho que Hiruma e colaboradores pretendem continuar nos próximos anos.

Para complicar a viagem no tempo empreendida pelos pesquisadores, as rochas formadas e revolvidas por processos diversos não ficam necessariamente à espera de geólogos que contem sua história. Processos erosivos que acontecem até hoje já existiam centenas de milhões de anos atrás, de maneira que testemunhos mais superficiais muitas vezes deixam de existir. Isso torna o trabalho mais árduo e o mosaico mais desafiante, mas nada que cause desânimo. A técnica de traço de fissão começou a ser mais usada em estudos geológicos nos últimos 30 anos, bem recente para esse tipo de pesquisa. Abriu portas que, Hiruma espera, serão cada vez mais exploradas nas próximas décadas e acabarão por revelar muito da história deste continente.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Astronauta tira foto de Key West, na Flórida, a partir da estação espacial

Douglas Wheelock é um dos tripulantes do complexo orbital. Key West é a mais ocidental das ilhas que formam arquipélago Florida Keys.

(G1) Um dos tripulante da Estação Espacial Internacional tirou esta foto da ilha de Key West, uma das 1700 ilhas que formam as Florida Keys, arquipélago que começa cerca de 25 km a sudeste de Miami (Foto: Douglas Wheelock-Nasa ISS via AP)

Floresta tropical aguentou pico de temperatura há 60 milhões de anos

Temperatura e nível de dióxido de carbono eram maiores na época. Estudo foi publicado na revista 'Science'.

Rochas contendo material de 60 milhões de anos(Foto: Carlos Jaramillo / Instituto de PesquisasTropicais Smithsonian)



(G1) Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tropicais Smithsonian, no Panamá, afirmam que florestas tropicais prosperaram há 60 milhões de anos, mesmo com uma temperatura de 3ºC a 5 ºC acima da média atual, com níveis de dióxido de carbono 2,5 vezes maiores. O estudo foi publicado na revista "Science" nesta quinta-feira (11).

Coordenados pelo professor colombiano Carlos Jaramillo, os cientistas analisaram amostras de pólen contidas em formações rochosas na Colômbia e na Venezuela, formadas antes e depois de um período conhecido como Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno.

É uma faixa de tempo localizada há 56,3 milhões de anos, na qual os níveis de dióxido de carbono dobraram em apenas 10 mil anos e a temperatura aumentou de 3ºC a 5ºC. Essas condições se mantiveram por 200 mil anos.

Amostras de pólen de plantas da família do maracujá são observadas em imagem de microscópio eletrônico. (Foto: Francy Carvajal / Instituto de Pesquisas Tropicais Smithsonian)

Contrariando a hipótese de que florestas tropicais seriam devastadas por condições climáticas tão severas, a diversidade biológica aumentou na região durante o período de aquecimento que Jaramillo e colegas estudaram.

Novas plantas evoluíram, com maior rapidez em relação à extinção de outras espécies. Pólen de exemplares da família do maracujá e do cacau foram encontrados pela primeira vez.

Os níveis de umidade não caíram de forma significativa durante o Máximo Térmico, com bom desempenho das florestas à época.

"É importante que o efeito dos gases estufa preocupem tanto as pessoas no que diz respeito às florestas tropicais", afirma Klaus Winter, cientista do instituto, ligado ao Smithsonian Institute norte-americano.

"Mas esses cenários horríveis provavelmente só possuem validade se o aumento da temperatura causar secas mais severas, assim como alguns dos modelos atuais prevêem para os próximos anos."

Pólen e esporos que datam do período de MáximoTérmico do Paleoceno-Eoceno. (Foto: MariaCarolina Vargas / Instituto Colombiano de Petróleo)

Estufa natural

Alterações do clima devem afetar a composição das florestas tropicais

Jatobá: prejudicado pelo excesso de carbono

(Pesquisa Fapesp) Se a concentração de dióxido de carbono (CO2), principal gás do efeito estufa, continuar subindo, o perfil das árvores que compõem as florestas tropicais poderá se alterar significativamente nas próximas décadas. Estudos coordenados por Carlos Alberto Martinez, da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, sugerem que as espécies arbóreas classificadas como pioneiras – as primeiras a ocupar uma área aberta, pois nascem e crescem rápido – poderão ser as dominantes nas matas se os níveis do gás dobrarem ou mesmo se elevarem em 50%. A vantagem competitiva tem uma explicação: mesmo com taxas altas de dióxido de carbono, esse tipo de árvore faz fotossíntese em níveis adequados. Já as árvores de crescimento mais lento se desenvolvem menos em ambientes com CO2 acima de determinado nível.

Martinez comparou a resposta de quatro espécies de árvores – duas pioneiras, a embaúva (Cecropia pachystachya) e a urucurana (Croton urucurana), e duas não pioneiras, o jequitibá-rosa (Cariniana legalis) e o guarantã (Essenbeckia leiocarpa) – em cenários com três concentrações de CO2: 360 partes por milhão (ppm), nível pouco abaixo do atual; 540 ppm, 50% maior; e 720 ppm (taxa prevista para 2070 se as emissões não recuarem). As amostras das espécies foram postas em câmaras em que o CO2 é injetado e o nível do gás é monitorado para evitar oscilações indesejadas.

Publicado em 2008 no livro Photosynthesis: energy from the Sun, o resultado do experimento mostrou que as pioneiras, em qualquer cenário, conseguiram aumentar a fotossíntese. “São plantas que levam de 10 a 15 anos para chegar à fase adulta e possuem o que chamamos de dreno forte, o caule, elemento capaz de absorver e acumular taxas extras de CO2”, explica Martinez. “Isso garante seu desenvolvimento acelerado.”

Nas não pioneiras a resposta foi bem distinta. As plantas desse grupo só aproveitavam bem o CO2 na fotossíntese até a concentração de 540 ppm. Acima desse índice, e até atingir as 720 ppm, foi registrada queda de até 50% na capacidade de aproveitar o gás extra, quando comparado com o cenário de controle (360 ppm). “As não pioneiras precisam de entre 50 e 100 anos para atingir a maturidade e sua longevidade fica entre 100 e mil anos. No início do crescimento o caule das não pioneiras é pouco preparado para acumular esse CO2 a mais”, afirma o pesquisador. “Parece existir um limite de saturação, acima do qual a espécie não consegue mais responder positivamente e a capacidade de fotossíntese começa a cair.” Martinez ensaia uma explicação para o pior desempenho do jequitibá-rosa e do guarantã num ambiente rico em gás carbônico: a possível acumulação de carboidratos nos cloroplastos, a usina de energia das células vegetais, nas espécies não pioneiras poderia ser responsável por um decréscimo nas taxas da enzima rubisco, fundamental para a fixação e a assimilação do carbono.

Mas a presença exagerada de dióxido de carbono não é a única variável a ser considerada quando se analisam os possíveis impactos das mudanças climáticas sobre as plantas. É preciso também avaliar outros fatores de estresse, como luminosidade, variação de temperatura e nutrientes do solo. Martinez então sofisticou um pouco mais suas análises. Cruzou variáveis e mostrou que, quando cultivadas em solo pobre em nutrientes a uma concentração de até 720 ppm de CO2, as pioneiras perdem cerca de 40% da capacidade de absorver o gás disponível para fotossíntese. Nessas mesmas condições o decréscimo nas não pioneiras é de 60%. Ou seja, ainda assim o primeiro grupo de árvores leva vantagem em relação ao segundo. Num artigo científico a ser publicado em janeiro de 2011 na Environmental and Experimental Botany, o pesquisador da USP mostrou que as pioneiras também toleram melhor situações de alta luminosidade, outro fator de estresse que pode ser exacerbado pelas mudanças climáticas.

Teste realista - Para Martinez, as diferentes variáveis envolvidas no fenômeno do aquecimento global devem ser avaliadas em conjunto, e não isoladamente, para que as condições reais das florestas possam ser replicadas com o máximo rigor possível. “Caso esses resultados se mantenham em ambiente natural, as plantas pioneiras seriam mais competitivas num possível cenário futuro de aquecimento global e de concentração de CO2 acima de 540 ppm”, analisa o pesquisador. “Essa parece ser uma tendência, que precisa ser confirmada por estudos mais amplos, envolvendo outras espécies e famílias de vegetais.” Em breve, o pesquisador da USP deverá estudar o que ocorre com as plantas quando, além de entrarem em contato com o CO2 extra, são expostas também ao aumento de temperatura. Martinez é incisivo: é preciso conhecer as vantagens comparativas das plantas para enfrentar um cenário que será certamente adverso.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os rios suspensos da Amazônia

Segundo o climatologista Antônio Nobre, a floresta amazônica produz rios de vapor que impedem que o resto do Brasil se transforme em um deserto e levam ventos e umidade para a América do Sul

O climatologista Antonio Donato Nobre durante sua palestra no TEDxAmazônia

(Veja) Rios voadores pairam sobre a Amazônia. Graças a eles o norte do Brasil não é um grande deserto e chuvas e ventos se distribuem pela América do Sul. “O problema é que esses rios são invisíveis”, diz o climatologista Antônio Donato Nobre, principal defensor da ideia no Brasil. “E achamos que, se não vemos, não existe.” Mas os rios são reais, sim. E seu desajuste é uma das grandes causas do desequilíbrio ambiental no mundo.

Nos últimos 25 anos, Nobre dedicou seu tempo a entender as interações entre a floresta e a atmosfera e descobriu que, se continuarmos teimando em não ver como a Amazônia realmente funciona, o futuro será inóspito. Em entrevista ao site de VEJA, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia explica o que são esses mecanismos vaporosos e sua importância para a compreensão da natureza.

A Amazônia não deveria mais ser encarada como pulmão do mundo?
Por muito tempo, a Amazônia foi vista apenas como celeiro da biodiversidade e pulmão da Terra. Acreditávamos nisso porque achávamos que esse seria seu principal papel para o clima, mas não sabíamos como ela realmente funcionava. Fazíamos a analogia da floresta com o pulmão por sua importância na troca de gases com a atmosfera, principalmente o oxigênio e o gás carbônico. Mas essa função é apenas uma. A Amazônia também é um coração que faz circular ares e umidade e é responsável por muito do equilíbrio climático do planeta. É possível vê-la pulsar.

Como assim?
Em seus 5.5 milhões de quilômetros quadrados, a floresta amazônica bombeia todos os dias, pela transpiração das folhas, 20 trilhões de litros de água do solo para a atmosfera. É mais do que o rio Amazonas despeja diariamente no oceano, 17 trilhões de litros. Só a energia solar consumida nessa evaporação é igual à produção de 50 mil Itaipus! As imagens de satélite mostram esse vapor sobre a floresta como fluxos nas artérias do ciclo da água, em contínua pulsação. Esses deslocamentos atmosféricos de umidade, invisíveis para quem está aqui embaixo, são verdadeiros rios voadores.

E por que é importante saber que eles existem?
Porque quando eles pararem de funcionar não poderemos consertá-los. Não é porque não os enxergamos, nem tomamos banho nesses rios, que eles não existem. São tão reais que regulam o clima em grande parte da América do Sul. É por causa deles que o Centro-oeste, Sul e Sudeste do Brasil não são desertos, ao contrário de outras regiões no globo, situadas em torno dos trópicos de Câncer e Capricórnio.

Ou seja, são eles - e não a água do rio Amazonas - os responsáveis pelas chuvas na floresta?
Sim, e eles também geram importantes correntes de vento, por meio de um mecanismo revolucionário, chamado bomba biótica. Conforme o vapor d’água sobe para a atmosfera, ele encontra camadas de ar frio e se condensa em gotículas, formando nuvens que, em seguida, se precipitam em chuvas. Mas, quando condensa, o vapor deixa um ‘vazio’ no ar e é aí que a bomba começa a funcionar. Nesse momento a pressão cai lá em cima e ‘puxa’ o ar das regiões inferiores. A evaporação d’água nas matas é maior que nos oceanos. Daí vêm os ventos que importam o ar úmido do oceano para o interior do continente.

Isso resolveria o paradoxo das chuvas recorrentes no interior da Amazônia, que contrariam o modelo de que, quanto mais próximo ao litoral, mais chove?
Resolve este e muitos outros. O conhecimento anterior não explica direito as duas secas fortes que tivemos na Amazônia nos últimos cinco anos. A bomba biótica é uma descoberta fundamental para ajudar a entender as razões físicas do que está acontecendo com o clima. Um artigo nosso com os fundamentos dessa descoberta está em análise na revista Atmospheric Chemistry and Physics Discussions. Entre muitas outras funções, as florestas funcionam como um ar condicionado poderoso para o mundo.

Se a devastação continuar no ritmo atual o que pode acontecer?
A savanização da Amazônia parece ser uma realidade, especialmente nas áreas mais desmatadas. Mas eu creio que sem as florestas, boa parte do Brasil vai virar mesmo é um deserto. Vivemos em um microcosmos terrestre desconhecido, em um planeta que não compreendemos, mas que é construído e operado por meio de sistemas sofisticadíssimos. Precisamos prestar atenção nessa tecnologia natural e conservá-la. Para o nosso próprio bem.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Astronautas na ISS fotografam delta do Nilo durante a noite

Desenho do rio é marcado por iluminação, mais forte na região do Cairo. Curvatura da Terra também é notada em imagem feita pela Expedição 25.

(G1) O delta do rio Nilo aparece com detalhes nesta fotografia feita à noite pela equipe da Expedição 25, que está atualmente a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). A iluminação permite identificar a capital do Egito, Cairo, que é mais brilhante. Tel Aviv, em Israel, também pode ser vista, à esq. na foto, assim como a curvatura da Terra, na parte superior da imagem. (Foto: William L. Stefanov / Nasa-JSC).
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Matéria similar no Eternos Aprendizes

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Coração no Mar de Aral


(UOL) Imagem por satélite gerenciado pela Nasa e pela Agência Espacial Europeia mostra o Pequeno Mar de Aral com formato que parece o de um coração, no centro da Ásia. A parte esbranquiçada que circunda o lago é uma planície de sal, agora chamada de deserto Aralkum. Sistemas de irrigação praticamente fizeram secar o Mar de Aral, que já foi o quarto maior mar interno do planeta

sábado, 6 de novembro de 2010

Mar de gelo


(National Geographic / iG) Crianças francesas testam suas habilidades de alpinismo na geleira Mer de Glace (em português, Mar de Gelo), uma das maiores geleiras dos Alpes. Ela se estende por 12 quilômetros no lado norte do Mont Blanc, perto de Chamonix. Como as outras geleiras dos Alpes, a Mer de Glace também está desaparecendo. Cientistas calculam que o, se os padrões atuais continuarem, 50 a 80% das geleiras alpinas irão sumir até 2100.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Quais as conseqüências ambientais de um impacto de asteróide no oceano?


(Eternos Aprendizes) É bom vermos que o tema “Deflexão de Asteróides” tem aparecido ocasionalmente nas notícias, graças aos esforços de pessoas como o ex-astronauta Russel Louis ‘Rusty’ Schweickart. Ele acumula esforços tanto como co-presidente da “Força-Tarefa em Defesa Planetária” do Conselho Consultivo da NASA quanto em seu trabalho na entidade sem fins lucrativos, a Fundação B612.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Índia lança expedição científica ao Pólo Sul


(Público - Portugal) A Índia está a preparar-se para lançar a sua primeira expedição científica ao Pólo Sul, levando oito cientistas a estudar as alterações climáticas na Antárctica durante 40 dias.

A equipa, que vai partir para a semana da base científica indiana Maitri, será liderada por Rasik Ravindra, responsável pelo Centro nacional para a Investigação da Antárctida e Oceanos, noticia a BBC.

O objectivo principal desta viagem de ida e volta ao Pólo Sul – com mais de dois mil quilómetros - é esclarecer de que forma as condições ambientais mudaram a Antárctida nos últimos mil anos. “Vamos realizar experiências meteorológicas, medir a humidade, temperaturas, velocidade do vento e pressão atmosférica na viagem de 20 dias até ao Pólo Sul”, contou Ravindra. Na viagem de regresso serão realizadas outras experiências. “Agora, tudo está ligado ao aquecimento global”, acrescentou.

Actualmente, a Índia está a construir a sua terceira base científica na Antárctida, depois de a primeira ter sido abandonada em 1990.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Areia da Namíbia tem um milhão de anos

Estudo dos desertos pode facultar novos dados sobre o clima


(Ciência Hoje - Portugal) Apesar de as areias do deserto estarem em constantes movimentações devido à força do vento, investigadores descobriram que a areia da Namíbia, em África, encontra-se no mesmo sítio há, pelo menos, um milhão de anos. Segundo os cientistas, a análise das areias dos desertos é importante na medida em que pode dar pistas sobre as mudanças climáticas ao longo do tempo.

O vasto areal da Namíbia, que cobre 34 mil quilómetros quadrados da costa do sudoeste africano, é um dos desertos maiores e mais antigos do mundo. No entanto, há pouca informação sobre a origem das suas areias, se são originais de lugares remotos ou de sedimentos locais. Esta falta de dados alarga-se a outros grandes desertos, sobretudo porque as dunas de areia assemelham-se muito entre si.


“Enquanto grande parte da investigação sobre o clima foca-se nas regiões polares, os desertos, sobretudo os de areia, continuam pouco estudados e incompreendidos, apesar de milhões de pessoas viverem em áreas áridas ou semi-áridas, ameaçadas pela desertificação”, salientou Pieter Vermeesch, da Universidade de Londres.

Para controlar o movimento dos grãos de areia, Vermeesch e a sua equipa mediram os níveis de urânio e chumbo da areia, para confirmar que a sua origem é o Rio Laranja, no sul do deserto da Namíbia. Os investigadores analisaram também isótopos radioactivos produzidos por raios cósmicos – partículas provindas do espaço – que lhes permitiram estimar a “idade” da areia presente naquela região. “Todas as amostras foram recolhidas no topo das dunas, o que foi um trabalho árduo”, sublinhou Vermeesch.

“Os geólogos sabem há muito que a areia da costa da Namíbia é muito antiga”, mas “não havia a ideia de que os grãos de areia individuais lá estivessem há tanto tempo”, dez vezes mais do que o esperado pelos cientistas, acrescentou.

Os investigadores querem agora aplicar as técnicas de análise que usaram, para investigar o deserto Sahara. “Devido à instabilidade política da região, pouco se sabe sobre o Sahara e os seus sedimentos. Um maior conhecimento desta área poderia melhorar a compreensão da evolução humana e levar a outras descobertas importantes”, concluiu o investigador.

Quimioterapia para a Terra?

(Marcelo Leite - Folha) Suponha que a atmosfera terrestre esteja doente e que essa doença, o aquecimento global, fosse um tumor (não é boa a analogia, mas serve para falar de terapias possíveis). A melhor estratégia, claro, teria sido a prevenção: fazer exames periódicos de mama e de próstata, a partir de uma certa idade, evitar alguns alimentos e tomar banho de sol só com protetor solar.

O câncer, porém, já se instalou, como o aquecimento global. Quanto mais cedo e diretamente for atacado, melhor. Por exemplo, cortando o suprimento de sangue, como fazem certos medicamentos que tentam conter a formação de vasos sanguíneos que irrigam o tumor e permitem que se espalhe.

É o que se chama, em matéria de clima, de "mitigação". Em lugar de sangue, o suprimento daninho que se deve cortar é o de dióxido de carbono. Com menos emissões de usinas termelétricas a combustíveis fósseis (óleo, carvão, gás natural), do setor de transportes e de desmatamento, o tumor para de crescer.

Caso a mitigação esteja difícil de conseguir, como provou o fôlego curto do Protocolo de Kyoto, pode-se tentar combater o câncer com força bruta. Por exemplo, extirpando o tumor com uma cirurgia.

Aqui a analogia começa a fazer água, porque não há bisturi capaz de arrancar calor (radiação) retida na atmosfera. Mas é possível pensar em intervenções na infraestrutura construída pelo homem sobre a Terra, como preparar cidades e agricultura para um eventual aumento de chuvas e de enchentes, ou a falta delas e as secas. Em matéria de clima, fala-se em "adaptação".

Agora, considere a hipótese de que tudo isso falhe, e que a temperatura da Terra suba mais rápido do que calculamos, sem sobrar tempo nem dinheiro para adaptar a civilização. Resta como último recurso a quimioterapia: empregar munição pesada para tentar matar as células tumorais, ainda que ao custo da matança de células inocentes do doente, como as que mantêm os cabelos, e de um mal-estar terrível.

No que respeita à atmosfera terráquea, esse recurso extremo seria a geoengenharia, ou, como preferem alguns, a climaengenharia (ou, ainda, engenharia do clima). Trata-se de intervenções em larga escala na fisiologia da Terra, capazes de alterar o metabolismo de energia e gases que a mantém em constante movimento - chuvas, ventos, ondas, estações etc.

Um exemplo: a ideia antiga de "adubar" oceanos com ferro, fator limitante para a proliferação de micro-organismos capazes de fazer fotossíntese. Vitaminados, eles se multiplicariam e consumiriam mais CO2 da atmosfera. Efeito similar pode ser alcançado com a plantação de gigantescas florestas: para crescer, as árvores precisam fazer fotossíntese e tirar dióxido de carbono do ar.

Há outras propostas, como pintar de branco os telhados das casas. As cidades de hoje são ciclopicamente grandes, e essa imensa área refletiria mais luz do sol de volta para o espaço (a quantidade de energia devolvida é chamada por climatologistas de "albedo"). Haveria menos radiação disponível para ser aprisionada por gases do efeito estufa e alimentar o aquecimento global.

Não faltam noções ainda mais mirabolantes. Já se falou em lançar milhares de espelhos em órbita, para barrar a radiação solar antes mesmo que chegue ao planeta.

Outro conceito, já defendido pelo Nobel Paul Crutzen, seria injetar na atmosfera nuvens de partículas, em quantidade suficiente para fazer sombra, um pouco como ocorre com a matéria ejetada em grandes erupções vulcânicas, a exemplo do monte Pinatubo.

Assim como acontece com a quimioterapia, o risco é enorme. Um pequeno erro de dosagem pode ter consequências devastadoras para a saúde do doente.

Não seria trivial controlar um crescimento indesejável de micro-organismos marinhos, por exemplo. E sombrear um planeta do tamanho da Terra custaria caro, decerto, bem mais que mitigar a emissão de gases ou financiar a adaptação ao aquecimento global inevitável, já "contratado".

É por isso que muita gente se opõe a essas opções ultratecnológicas, que se alimentam da visão prometeica segundo a qual os males da tecnologia podem e devem ser curados com mais tecnologia. Para esses arautos da harmonia e do equilíbrio, o bom senso indica que sempre haverá efeitos não pretendidos nem previsíveis.

Eles estão com a razão, em seu chamado à cautela. Há muita coisa para ser feita antes de gastar bilhões em coisas de resultado incerto. Mas será que faz sentido descartar de saída a possibilidade de precisarmos de quimioterapia?

De certo modo, foi isso que decidiram 179 países reunidos em Nagoya, Japão, ao adotar na semana passada um protocolo para regulamentar a Convenção da Biodiversidade. Eles optaram por uma moratória de propostas de climaengenharia. A precaução tem algum sentido, pois ajuda a frear a tendência de alguns países, como os EUA, de privilegiar soluções tecnológicas e unilaterais.

Se a moratória implicar interromper ou deixar de financiar estudos em geoengenharia, contudo, podem estar dando um tiro no pé. Ninguém quer fazer quimioterapia. Mas só um homeopata maluco, fundamentalista até a raiz dos cabelos, seria contrário a pesquisar novos medicamentos quimioterápicos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Cientistas pedem novo sistema para monitorar oceanos até 2015

(Reuters / Folha) Cientistas oceânicos pediram para os governos mundiais investirem em um novo sistema de monitoramento dos mares que possa fornecer desde alertas sobre a ocorrência de tsunamis até acidentes ligados às mudanças climáticas.

Segundo os cientistas, uma melhor supervisão traria enormes benefícios econômicos, ajudando a entender o impacto da pesca excessiva ou de mudanças nas monções capazes de provocar fenômenos climáticos extremos, como as inundações de 2010 no Paquistão.

A aliança científica Oceans United pretende formalizar o pedido de criação de um sistema de monitoramento da saúde do planeta para os representantes governamentais que irão se encontrar em Pequim entre os dias 3 e 5 de novembro para discutir metas traçadas em 2002, na Cúpula da Terra da ONU.

"A maioria dos especialistas acredita que os oceanos ficarão mais salgados, mais quentes, mais ácidos e menos diversificados", disse Jesse Ausubel, um dos fundadores da Parceria para a Observação dos Oceanos Globais (POGO, na sigla em inglês), que lidera a aliança e representa 38 das principais instituições oceanográficas de 21 países.

A POGO afirma que a criação do sistema de monitoramento global dos oceanos custaria de US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões, com US$ 5 bilhões sendo de custos operacionais anuais.

Atualmente, estima-se que sejam gastos entre US$ 1 bilhão e US$ 3 bilhões em monitoramento oceânico, disse Tony Knap, diretor do Instituto Bermuda de Ciências Oceânicas e líder do POGO.

Knap afirmou que a nova cifra pode parecer excessiva em um período de austeridade e de cortes por parte de muitos governos, mas que o investimento impediria prejuízos ainda maiores.

As novas quantias investidas ajudariam a ampliar projetos já existentes, como o monitoramento via satélite das temperaturas oceânicas, o uso de dispositivos capazes de rastrear golfinhos, salmões ou baleias e avisos antitsunami na região costeira de diferentes países.

"Os gregos descobriram há 2.500 anos que construir faróis ofereceria grandes benefícios aos marinheiros. Ao longo dos séculos, os governos vêm investindo em auxílios para a navegação. Esta seria a versão do século 21 para isso", disse Jesse Ausubel à Reuters.

Entre os sinais preocupantes há o fato de que as águas superficiais dos oceanos se tornaram mais ácidas em 30% desde 1800, mudança que é atribuída principalmente ao aumento das concentrações de dióxido de carbono na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis.

Isso pode tornar mais difícil para que animais como lagostas, caranguejos, moluscos, corais ou plancton construam escudos protetores e pode ter impacto sobre toda a vida marinha.
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