quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Areia da Namíbia tem um milhão de anos

Estudo dos desertos pode facultar novos dados sobre o clima


(Ciência Hoje - Portugal) Apesar de as areias do deserto estarem em constantes movimentações devido à força do vento, investigadores descobriram que a areia da Namíbia, em África, encontra-se no mesmo sítio há, pelo menos, um milhão de anos. Segundo os cientistas, a análise das areias dos desertos é importante na medida em que pode dar pistas sobre as mudanças climáticas ao longo do tempo.

O vasto areal da Namíbia, que cobre 34 mil quilómetros quadrados da costa do sudoeste africano, é um dos desertos maiores e mais antigos do mundo. No entanto, há pouca informação sobre a origem das suas areias, se são originais de lugares remotos ou de sedimentos locais. Esta falta de dados alarga-se a outros grandes desertos, sobretudo porque as dunas de areia assemelham-se muito entre si.


“Enquanto grande parte da investigação sobre o clima foca-se nas regiões polares, os desertos, sobretudo os de areia, continuam pouco estudados e incompreendidos, apesar de milhões de pessoas viverem em áreas áridas ou semi-áridas, ameaçadas pela desertificação”, salientou Pieter Vermeesch, da Universidade de Londres.

Para controlar o movimento dos grãos de areia, Vermeesch e a sua equipa mediram os níveis de urânio e chumbo da areia, para confirmar que a sua origem é o Rio Laranja, no sul do deserto da Namíbia. Os investigadores analisaram também isótopos radioactivos produzidos por raios cósmicos – partículas provindas do espaço – que lhes permitiram estimar a “idade” da areia presente naquela região. “Todas as amostras foram recolhidas no topo das dunas, o que foi um trabalho árduo”, sublinhou Vermeesch.

“Os geólogos sabem há muito que a areia da costa da Namíbia é muito antiga”, mas “não havia a ideia de que os grãos de areia individuais lá estivessem há tanto tempo”, dez vezes mais do que o esperado pelos cientistas, acrescentou.

Os investigadores querem agora aplicar as técnicas de análise que usaram, para investigar o deserto Sahara. “Devido à instabilidade política da região, pouco se sabe sobre o Sahara e os seus sedimentos. Um maior conhecimento desta área poderia melhorar a compreensão da evolução humana e levar a outras descobertas importantes”, concluiu o investigador.

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