sexta-feira, 29 de maio de 2009

Pesquisa reforça teoria de que dinossauros foram extintos por erupções vulcânicas


O grupo de cientistas identificou, na China, registros dessas erupções, que teriam liberado em torno de meio milhão de quilômetros cúbicos de lava e causado a extinção em massa


(Fapesp / JB) Uma nova pesquisa, publicada na nova edição da revista Science, indica que erupções vulcânicas até então desconhecidas provocaram a extinção em massa ocorrida há 260 milhões de anos, quando desapareceu uma enorme quantidade de espécies de plantas e animais, entre os quais os dinossauros.

A pesquisa reforça um outro estudo, publicado no Journal of the Geological Society, em abril, que apontou que a queda do asteroide há 65 milhões de anos que formou a cratera de Chicxulub, no México, não levou à extinção em massa no fim do Cretáceo. Os autores sugeriram que a extinção poderia ter sido causada por erupções vulcânicas massivas ocorridas na atual Índia.

O novo trabalho, feito por cientistas britânicos e chineses, identificou registros do evento na província de Emeishan, no sudoeste da China. As erupções teriam liberado em torno de meio milhão de quilômetros cúbicos de lava, cobrindo uma área duas vezes maior do que a do Estado do Rio de Janeiro.

O grupo foi capaz de descobrir quando exatamente as erupções ocorreram e relacioná-las diretamente com a extinção. Encontrar tais registros é algo completamente inusitado, devido às transformações físicas ocorridas no planeta em tão longo período.

O motivo da descoberta é que as erupções em Emeishan ocorreram próximas a mar raso, o que fez com que a lava se mostrasse hoje como uma camada distinta de rochas ígneas ensanduichada entre camadas de rochas sedimentares que contêm fósseis marinhos.

A camada de rocha fossilizada diretamente após a erupção mostra a extinção em massa de diferentes formas de vida, ligando a emissão vulcânica com a catástrofe ambiental.

O efeito global da erupção, de acordo com os pesquisadores, deveu-se à proximidade do vulcão com o mar raso. A colisão da lava com a água teria provocado uma explosão violenta no início das erupções, arremessando enormes quantidades de dióxido de enxofre na estratosfera.

- É como jogar água em uma frigideira quente. Houve uma explosão espetacular que produziu nuvens de vapor gigantescas - disse Paul Wignall, professor da Universidade de Leeds, no Reino Unido, principal autor estudo.

A injeção de dióxido de enxofre na atmosfera teria levado à formação de grandes nuvens que se espalharam pelo mundo, esfriando a temperatura global e promovendo chuva ácida. A análise dos registros fósseis indicou que o desastre ambiental teria começado logo após a primeira erupção.

- A extinção abrupta da vida que pudemos constatar no registro fóssil liga fortemente as erupções vulcânicas com a catástrofe ambiental global, uma relação que sempre foi considerada controversa - afirmou Wignall.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Humanidade polui mais que vulcanismo

Poderia realmente uma única grande erupção vulcânica lançar mais gases do efeito estufa na atmosfera que todos os gases emitidos pela humanidade ao longo da história?

Apesar dos rumores e dos argumentos contrários, as emissões de gases do efeito estufa produzidos por vulcões representam menos de 1% das emissões geradas pelas atividades humanas.


(Scientific American Brasil) O argumento de que as emissões de carbono geradas por atividades humanas são uma gota no oceano se comparadas aos gases do efeito estufa emitidos por vulcões, circula pelo mundo da especulação há anos. E embora possa soar plausível, a ciência não consegue sustentá-lo.
De acordo com o Instituto de Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), os vulcões do planeta, tanto os terrestres quanto os localizados no leito oceânico geram, todo ano, cerca de 200 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), enquanto nossas atividades industriais e frota de veículos emitem cerca de 24 bilhões de toneladas, no mundo inteiro, anualmente. Apesar dos argumentos contrários, as observações mostram que os gases emitidos pelos vulcões correspondem a menos de 1% dos gases do efeito estufa gerados pelas atividades humanas.
Outra indicação de que as emissões humanas são gigantescas, se comparadas com as naturais, é o fato de níveis de CO2 atmosférico medidos por estações de coleta no mundo todo ─ criadas pelo Centro de Análise e Informação sobre o Dióxido de Cabono, financiado pelo governo americano ─ estarem crescendo continuamente, independentemente da ocorrência de erupções vulcões significativas em alguns anos. “Se a afirmação de que erupções vulcânicas individuais provocam aumento das concentrações de CO2 fosse verdadeira, então os registros desse gás deveriam mostrar picos de emissão – correspondendo às erupções ocorridas,” explica Coby Beck, jornalista especializado que escreve para o site Grist.org. sobre meio ambiente “No entanto os registros são bastante regulares, sem evidências de grandes variações.”
Além disso, alguns cientistas acreditam que erupções vulcânicas extremas, como a do monte Santa Helena, em 1980, e do monte Pinatubo, em 1991, provocam, na verdade, períodos curtos de resfriamento global e não de aquecimento, uma vez que o dióxido de enxofre (SO2), cinzas e outras partículas presentes no ar e na estratosfera refletem parte da energia solar de volta para o espaço, impedindo que penetrem na atmosfera terrestre. O SO2, que se transforma em um aerossol de ácido sulfúrico assim que atinge a estratosfera, pode permanecer lá por até sete anos e exercer um efeito refrigerador muito tempo depois de a erupção vulcânica ter ocorrido.
Os cientistas que rastreiam os efeitos da grande erupção de 1991 do monte Pinatubo, nas Filipinas, descobriram que o efeito geral da explosão foi um resfriamento global, em cerca de 0,5° C, após um ano, apesar do aumento da emissão de gases do efeito estufa decorrente de atividades humanas e do El Niño (uma corrente de água quente que periodicamente atinge o litoral do Equador e do Peru), que provocaram aquecimento da superfície durante o período de 1991-1993, englobado pelo estudo.
Mas houve uma interessante reviravolta da questão. Pesquisadores britânicos publicaram um artigo na Nature, no ano passado, mostrando como a atividade vulcânica pode contribuir para o derretimento da capa de gelo da Antártida ─ mas não como consequência de qualquer emissão humana ou natural. Hugh Corr e David Vaughan, pesquisadores British Antartic Survey acreditam que vulcões subterrâneos podem estar derretendo camadas de gelo de baixo para cima, da mesma forma que temperaturas mais elevadas das emissões geradas por humanos na superfície estão dissolvendo as camadas de cima para baixo.

terça-feira, 26 de maio de 2009

ISS fotografa estranhos círculos no gelo de lago russo

Anéis escurecidos como o do centro da foto, com diâmetro de 4,4 km, foram clicados pelos astronautas do espaço


(Terra) Estranhos círculos formados sob a camada de gelo que cobre a superfície do grande lago Baikal, ao sul da Sibéria (Rússia), foram fotografados pelos astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS). Na área onde se formou um dos anéis escurecidos, com diâmetro de 4,4 km, também ficou visível a fragilidade do gelo. As informações são do Terra Chile.

Apesar do aparecimento de círculos não ser algo novo - outros aparaceram em 1985 e 1994 -, a origem do seu desenvolvimento ainda é desconhecida. Segundo especialistas, a camada sólida do lago pode se quebrar à noite e voltar a congelar na manhã do outro dia.

No mês de abril, o fenômeno pode ser visto com mais freqüência, aparecendo quando a cobertura de gelo se forma e desaparecendo quando o gelo derrete. O aspecto da camada sólida visto na foto parece frágil, mas os especialistas garantem que o gelo se mantém forte até o final de junho.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Satélite europeu flagra rotas da poluição de navios

(Folha) Um mapa criado com imagens de satélite obtidas ao longo de sete anos flagrou um dos maiores poluidores ocultos do planeta: os milhares de navios que cruzam os oceanos, invisíveis da maioria das pessoas.

Dois pesquisadores da empresa francesa CLS usaram imagens de radar feitas pelo satélite europeu de monitoramento do ambiente Envisat e produziram uma imagem da densidade das rotas de navios em torno da Europa.


A concentração de navios correspondeu perfeitamente aos pontos críticos de poluição sobre o continente por óxidos de nitrogênio, em geral também associados a áreas de intensa industrialização. Esses compostos lançados no ar, quando combinados com água, podem produzir chuva ácida.

É a primeira vez que dados de detecção por satélite de navios por um período extenso são usados para criar uma visão global dos padrões de tráfego marítimo. O mapa foi feito por Vincent Kerbaol e Guillaume Hajduch. CLS é a sigla para Coleta Localização Satélites, nome da companhia subsidiária da agência espacial francesa CNES e do instituto de pesquisa oceanográfica Ifremer.

Eles usaram imagens feitas pelo instrumento conhecido como Asar, o radar de abertura sintética do satélite. Esse tipo de radar usa o movimento da sua plataforma -no caso, um satélite- para criar uma longa "antena" virtual e produzir imagens detalhadas. O Envisat é o maior satélite de sensoriamento remoto ambiental já lançado até agora.

Portos
A densidade do tráfego e a poluição foram particularmente elevadas em torno dos portos de maior atividade no norte do continente europeu, como Calais (França), Antuérpia (Bélgica), Roterdã (Holanda), Bremen e Hamburgo (Alemanha).

Ironicamente, os navios são o meio de transporte mais eficiente em termos de uso de energia e capacidade de carga. Mas, para serem ainda mais econômicos, costumam usar combustíveis de pior qualidade que são grandes emissores de poluentes, como óxidos de enxofre e nitrogênio. O combustível de um navio cargueiro pode ter até 2.000 vezes mais enxofre do que o óleo diesel usado em automóveis na Europa.

A poluição não afeta apenas peixes, pois a maior parte da emissão é feita perto da terra. Graças a isso, várias cidades portuárias sofrem mais com a poluição marítima do que com as emissões de seus próprios carros e indústrias.

Um relatório recentemente divulgado pela agência americana Noaa (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica) mostrou que os milhares de navios navegando em torno dos portos do sul da Flórida, muitos deles de cruzeiros, criam uma "preocupação de saúde significativa para as comunidades costeiras".

Segundo Daniel Lack, pesquisador da Noaa e da Universidade do Colorado, os cerca de 51 mil navios mercantes hoje navegando emitem um volume de poluentes particulados equivalente a 300 milhões de automóveis (metade da frota de veículos de todo o planeta). Estatísticas sobre navios em operação são pouco precisas; contando embarcações menores, o número atingiria 90 mil.

Esses particulados são levíssimos, por isso podem permanecer por dias na atmosfera e serem levadas a dezenas de quilômetros de onde foram emitidas. E elas podem causar desde uma irritação nos olhos e no nariz até agravar problemas respiratórios, como asma.

Energia solar pode se popularizar em desertos em 2050, diz estudo

Relatório com coautoria do Greenpeace faz previsão otimista da tecnologia.Devido a custo e problemas tecnológicos, usinas solares são muito raras.

(Reuters / G1) Usinas de energia solar em desertos que utilizam espelhos para concentrar os raios do sol têm potencial para gerar até um quarto da eletricidade mundial em 2050, segundo um relatório feito por grupos defensores da energia solar, divulgado nesta segunda-feira.

O estudo, feito pelo grupo ambiental Greenpeace, pela Associação Europeia de Eletricidade Termo-Solar (Estela, na sigla em inglês) e pelo grupo SolarPACES da Agência Internacional de Energia (AIE), afirma que investimentos enormes também criarão empregos e combaterão a mudança climática. "As usinas de energia solar são o próximo avanço em energia renovável", disse Sven Teske, do Greenpeace International e co-autor do relatório.

A tecnologia é apropriada para regiões quentes e sem nuvens, como o Saara ou o Oriente Médio. O documento informa que investimentos em usinas de concentração de energia solar devem exceder 2 bilhões de euros (2,8 bilhões de dólares) no mundo inteiro neste ano, com as maiores instalações em construção no sul da Espanha e na Califórnia. "A concentração de energia solar pode atender até 7% das necessidades de energia do mundo projetadas em 2030 e um quarto até 2050", no cenário mais otimista informado no relatório.

Investimentos
A previsão se baseia em um forte aumento nos investimentos, sendo 21 bilhões de euros por ano até 2015 e 174 bilhões de euros por ano até 2050, criando centenas de milhares de empregos. Sob esse cenário, as usinas solares terão uma capacidade instalada de 1.500 gigawatts até 2050.

A estimativa é de longe muito mais otimista que as projeções usuais da AIE, que assessora nações desenvolvidas. A agência indica que "em 2050 a penetração da energia solar não será maior que 0,2 por cento no mundo", cita o relatório.

A tecnologia de concentração de energia solar emprega centenas de espelhos ou lentes para reunir os raios solares a temperaturas entre 400 e 1.000 graus Celsius, fornecendo energia para movimentar uma usina geradora de eletricidade. O relatório afirma que o custo de geração varia de 0,15 a 0,23 euro por quilowatt/hora, acima do custo de combustíveis fósseis e de muitas fontes renováveis, e que poderão cair para entre 0,10 e 0,14 euro em 2020. No final de 2008, as instalações de concentração de energia no mundo tinham capacidade de apenas 430 megawatts.

domingo, 24 de maio de 2009

Derretimento de geleiras faz terra subir no Alasca

À medida que as geleiras derretem, a terra sobe e o mar recua em Juneau


(The New York Times / Terra) O aquecimento global tende a conjurar imagens de mares em alta e áreas costeiras ameaçadas. Mas em Juneau, no Alasca, como em praticamente lugar algum do mundo, a mudança climática está tendo efeito oposto. À medida que as geleiras derretem, lá, a terra sobe, e o mar recua.

Morgan DeBoer, empresário do setor de imóveis, abriu um campo de golfe com nove buracos na região da Baía Glacier, em 1998; quando sua família chegou à região, 50 anos atrás, o terreno que hoje abriga a pista de golfe estava sob as águas. "As marés mais altas do alto chegavam, então, ao meio da minha pista", diz DeBoer. Agora, com a linha de maré recuando ainda mais, ele está contemplando a possibilidade de acrescentar mais nove buracos e instalar um campo de golfe de tamanho regulamentar. "A terra continua a subir".

As questões geológicas envolvidas são complexas, mas se pode resumi-las da seguinte forma: liberta da pressão de bilhões de toneladas de geleiras, a terra sobe mais ou menos como uma almofada retoma sua forma original quando alguém se levanta do sofá. A terra tem subido tão rápido que a alta dos mares - um produto onipresente do aquecimento global não consegue acompanhar o ritmo, por aqui. Como resultado, o nível relativo do mar está caindo em ritmo "dos mais altos já registrados", de acordo com um relatório preparado em 2007 por um painel de especialistas convocado por Bruce Botelho, o prefeito de Juneau.

A Groenlândia e alguns outros lugares experimentaram efeitos semelhantes causado pelo degelo generalizado iniciado mais de 200 anos atrás, dizem os geólogos. Mas eles acrescentam que os efeitos são mais perceptíveis aqui em Juneau e nas cercanias, onde o índice de recuo das geleiras é da ordem de 10 m ao ano ou mais.

Como resultado, a região enfrenta desafios ambientais incomuns. À medida que o nível do mar cai com relação à terra, os lençóis aqüíferos também caem e os riachos e terras alagadas secam. Terra emerge da água e substitui os alagadiços, o que altera os limites de terrenos e faz com que as pessoas passem a discutir quem é proprietário dessas novas áreas e como elas deveriam ser usadas.

E a água que o derretimento das geleiras gera transporte à costa os sedimentos que as geleiras acumularam durante milênios e eles turvam as águas marinhas e obstruem canais até recentemente navegáveis. Algumas décadas atrás, barcos de grande porte navegavam regularmente pelo Canal de Gastineau, que unia o centro de Juneau à Ilha Douglas, chegando à Baía Auke, um porto cerca de 15 km a noroeste.

Hoje, boa parte do canal é um lodaçal cujo fundo fica exposto na maré baixa. "Há tanto sedimento vindo da geleira de Mendenhall e dos rios que o canal está basicamente obstruído", diz Bruce Molnia, geólogo do Serviço de Levantamento Geológico dos Estados Unidos, que estuda as geléias do Alasca. As pessoas já conseguem atravessar o canal a pé, na maré baixa ¿ou correr através dele, como na Mendenhall Mud Run. Na maré baixa, as bóias de navegação repousam sobre o lodo.

Por fim, quando a terra continuar subindo e o canal se obstruir de todo, a Ilha Douglas terminará conectada ao continente por uma faixa de terra, diz Eran Hood, hidrologista da Universidade do Alasca Sudeste e autor de um relatório sobre o impacto da mudança climática sobre Juneau, publicado em 2007. Quando isso acontecer, disse Hood, um refúgio de 1,6 mil hectares para a fauna de terras úmidas estará perdido. "Não haverá substituição daqueles alagadiços", ele diz.

Em alguns pontos ao longo da costa, a mudança foi tão rápida que os praticantes de caiaque cujas cartas de navegação não estão muito atualizadas podem ter de carregar os barcos nas costas para passar por escolhos altos e secos a ponto de permitir a presença de grama ou até mesmo de pequenas árvores. Em Juneau e na região vizinha, "pode-se andar e ver o que era o fundo do mar se transformando em pradaria, que pode vir a ser uma floresta no futuro", afirmou Hood.

As mudanças topográficas ameaçam importantes ecossistemas e espécies vitais para a economia local, como o salmão. "A base da economia de nossa região são as espécies de salmão e seu retorno é qual será o impacto quando eles retornarem e as correntezas tiverem secado?", questiona Botelho, que nasceu e viveu a vida inteira em Juneau. "O salmão define a nossa identidade como região, define quem somos nós".

Ele disse que não imaginava que houvesse espécies em risco iminente, mas acrescentou que "qualquer pessoa que esteja acompanhando a mudança climática certamente sabe que existem riscos, talvez até ainda mais graves". Hood disse que muita gente em Juneau quer lutar para tentar uma via aquática conhecida como Duck Creek, que serve para a desova dos salmões. Mas os pequenos riachos como esse "parecem estar secando", disse.

A terra em Juneau subiu em até 10 m com relação ao mar, em pouco mais de 200 anos, de acordo com relatório de 2007. E deve continuar a subir à medida que o aquecimento global se acelera, por até um metro adicional até 2010, de acordo com os cientistas.

A elevação é alimentada ainda mais pelo movimento das placas tectônicas que formam a crosta da Terra. À medida que a placa do Pacífico pressiona para cima a da América do Norte, Juneau e a Floresta Nacional Tongass, uma área de relevo acentuado em torno da cidade, tendem a subir ainda mais. "Quando combinamos a ação tectônica ao reajuste glacial, temos um ritmo de elevação quase incompreensível", disse Molnia.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

EUA se preparam para temporada de furacões mais suave

São esperados menos furacões porque as temperaturas da superfície do oceano são levemente mais frias




(Efe / Estadão) Os Estados Unidos se preparam para uma temporada de ciclones mais suave, em que são esperadas 14 tempestades e sete furacões, explicou nesta quinta-feira, 21, a agência nacional de atmosfera e oceanos americana (Noaa, em inglês).

A agência anunciou suas previsões em coletiva de imprensa que teve a participação do secretário de Comércio dos EUA, Gary Locke, que lembrou a importância de uma preparação para receber os eventos.

Especialistas da Noaa preveem que a temporada de ciclones que começa no próximo dia 1º de junho será mais suave que a passada, quando ocorreram 16 tempestades e oito furacões.

Neste ano, são esperados menos furacões porque as temperaturas da superfície do oceano são levemente mais frias e os ventos mais fortes na parte alta da atmosfera sobre o Atlântico.

Locke lembrou que há mais de 35 milhões de americanos que vivem nas regiões mais ameaçadas por furacões no Atlântico, e que por isso "os preparativos adequados e a tempo ajudarão a salvar vidas e lares".

Segundo Garry Bell, principal meteorologista do departamento dedicado a analisar a temporada de furacões, existe 70% de probabilidade de que este ano se formem entre nove e 14 tempestades tropicais. Delas, entre quatro e sete podem chegar a virar furacão.

No caso dos furacões, Bell indicou que de um a três podem chegar a ser grandes, de categoria 3, 4 ou 5 na escala Saffir-Simpson, que tem 5 como máximo.

No ano passado foram registradas 16 tempestades e oito furacões. Um deles, de nome Ike, alcançou categoria 4 e deixou centenas de vítimas.

O meteorologista assegurou que "a previsão não trata apenas de números, mas de tomar medidas", ao insistir na importância da preparação prévia para evitar vítimas.

A Noaa pediu aos cidadãos que se preparem para a temporada de furacões, em particular os que vivem em zonas de alto risco como Flórida e Louisiana, e que tenham planos de emergência familiar.

"O povo tem que estar preparado para proteger a família e não esperar a próxima previsão do tempo", disse o diretor da agência federal de gestão de emergências (Fema), William Craig Fugate.

Os especialistas disseram que, devido à mudança climática, a incerteza é maior na hora de fazer previsões, embora segundo apontou a diretora da Noaa, Jane Lubchenco, o aquecimento global "não afeta o número de furacões, mas a intensidade".

Lubchenco ressaltou os esforços de seu departamento para contar com as últimas tecnologias que contribuam para a detecção antecipada da formação de tempestades no Atlântico.

Em um hangar do Aeroporto Nacional Ronald Reagan, Lubchenco apresentou o avião Ws-3D, que será utilizado para medir as condições meteorológicas no oceano e estudar a evolução das tempestades.

Neste sentido, avaliou a verba de US$ 13 milhões que o Governo Barack Obama destinará à pesquisa de furacões e disse que seu departamento está estudando como melhorar uma avaliação mais precisa da intensidade do fenômeno.

A temporada de furacões começará em 1º de junho e a Noaa revisará suas previsões em agosto, que costuma ser o mês em que se registra maior atividade.

A primeira tempestade tropical da temporada 2009 levará o nome de "Ana" quando alcançar 62 km/h.

As tempestades tropicais se tornam furacões quando alcançam 119 km/h e passam a ser de grande intensidade quando superam os 178 km/h.

Uma temporada normal de furacões tem em média 11 tempestades tropicais, incluindo seis furacões, dos quais pelo menos dois costumam ser de grande intensidade.

Conflito científico sobre camada de ozônio é resolvido

O modelo padrão sobre como os clorofluorocarbonetos destroem a camada de ozônio nas estratosferas do Ártico e da Antártica foi questionado


(Nature / Terra) Dois anos após experimentos surpreendentes terem ameaçado os modelos estabelecidos de esgotamento de ozônio na atmosfera, químicos taiwaneses publicaram dados que suportam a teoria atualmente aceita.

O modelo padrão sobre como os clorofluorocarbonetos destroem a camada de ozônio nas estratosferas do Ártico e da Antártica foi questionado quando experimentos contestaram a taxa com que o peróxido de cloro (Cl2O2), gerado quando os CFCs se decompõem, é quebrado pela luz (fotólise).

Essa reação produz radicais de cloro agressivos que ajudam a remover o ozônio. Mas em 2007, Francis Pope, um químico atmosférico então do Laboratório de Propulsão de Jatos da NASA, em Pasadena, Califórnia, e seus colegas, descobriram que a taxa de fotólise do Cl2O2 em condições estratosféricas era quase uma ordem de magnitude menor do que a necessária para explicar a taxa de redução do ozônio sobre a Antártica no final do inverno.

Tais resultados contestaram a validade do modelo ganhador do prêmio Nobel sobre a destruição da camada de ozônio na estratosfera polar, e chocou a comunidade de pesquisa atmosférica. Sem saber ao certo se a taxa de fotólise de Cl2O2 estava correta, cientistas não podiam incluir processos de remoção de ozônio em modelos climáticos com confiança.

Impuro,impuroA equipe de Pope chegou à sua conclusão medindo a quantidade de luz que o Cl2O2 absorve em vários comprimentos de onda - fornecendo um espectro chamado de seção transversal de absorção: a maneira tradicional de descobrir a rapidez da fotólise sob comprimentos de onda de luz disponíveis na estratosfera.

Alguns cientistas suspeitaram que os resultados de Pope poderiam ter sido fabricados.

"Imediatamente me ocorreu que o problema deveria ser de impureza da amostra," disse Jim Lin, um químico do Instituto de Ciências Atômicas e Moleculares de Taipei, Taiwan, que se interessou pelo problema quando soube desse buraco preocupante na teoria da camada de ozônio através da Nature.

Para medir com precisão o espectro de absorção de Cl2O2, amostras da molécula devem ser extremamente puras. Outras moléculas que absorvem luz -- formadas por reações paralelas - podem facilmente contaminar as amostras sem levantar suspeitas, causando a interpretação equivocada de resultados experimentais. A equipe de Pope, entretanto, havia cuidadosamente usado um novo método para preparar seu Cl2O2, no qual eles esperavam excluir impurezas e reações químicas secundárias.

Acreditando que os preparativos de Pope poderiam ter sido falhos, Lin e seus colegas introduziram uma abordagem experimental diferente, que funciona a despeito da presença de impurezas na amostra.

Lin pediu que sua equipe liberasse um feixe de moléculas de Cl2O2 - acompanhadas de impurezas - dentro de um espectrômetro de massa que foi seletivamente ajustado para detectar apenas o Cl2O2 que o atravessasse. Os pesquisadores então irradiaram o feixe com laser, que removeu as moléculas de Cl2O2 com uma probabilidade proporcional à sua seção transversal de absorção. Com a ajuda de moléculas de referência, os cientistas puderam então determinar os valores precisos de absorção para dois comprimentos de onda específicos disponíveis na estratosfera. Os pesquisadores reportaram seus resultados na Science.

Os valores de absorção obtidos são muito maiores do que os reportados por Pope, e condizem com os valores previamente calculados. De modo tranqüilizador, eles apontam para uma taxa de fotólise que é alta o bastante para suportar os modelos estabelecidos de redução de ozônio e sugerem que a perda de ozônio catalizada pelo cloro é ainda mais eficiente na estratosfera polar do que eles previamente acreditavam.

Questão em aberto"A impureza é de fato um problema e o método deles parece ser uma forma rigorosa de contorná-lo," disse Pope, agora no Centro para Ciência Atmosférica da Universidade de Cambridge, Reino Unido. "Se os números deles estiverem corretos, os nossos estavam errados."

É importante entender onde estão os limites dos métodos de medição, e onde eles se saem bem, ele acrescenta. O grupo de Lin propôs outros valores, mas seus resultados podem não ser a última palavra na questão, ele disse. Vários grupos ao redor do mundo, incluindo o de Pope, estão conduzindo mais experimentos. Se os resultados de Lin se sustentarem, os cientistas terão chegado perto de uma compreensão quantitativa total dos processos de perda de ozônio nos pólos.

"O estudo de Lin é um passo crucial para resolver as preocupações anteriores de que nossa compreensão dos mecanismos de perda de ozônio polar era incompleta," disse Markus Rex, cientista atmosférico do Instituto Alfred Wegener para Pesquisa Polar e Marinha de Potsdam, Alemanha. Embora os resultados de Pope agora pareçam errados, seu estudo fez com que outros grupos pensassem sobre abordagens alternativas, Rex acrescenta.

Bombardeio de meteoritos pode ter estimulado vida na Terra, sugere estudo

Calor causado por impacto criou ambiente favorável para bactérias há 3,9 bilhões de anos, dizem cientistas.


(BBC / G1) Quando meteoritos de vários tamanhos bombardearam a Terra há 3,9 bilhões de anos, aquecendo a superfície do planeta e provocando a evaporação de oceanos, elas podem, ao contrário do que muitos cientistas supunham, ter ajudado a estimular o surgimento de vida no planeta, de acordo com um novo estudo da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.

O novo estudo mostra que o bombardeio teria derretido menos de 25% da crosta terrestre, e que micróbios podem ter sobrevivido em um habitat subterrâneo, isolados da destruição. E o intenso calor do impacto, segundo o estudo, criou um habitat que estimulou a reprodução de bactérias que são termófilas e hipertermófilas - capazes de sobreviver a temperaturas de 50 a 80 graus Celsius ou de até 110 graus Celsius.

Simulação

A descoberta foi feita através de uma simulação de computador. Como as evidências físicas do bombardeio de asteroides foram apagadas pelo tempo e pela ação de placas tectônicas, os pesquisadores usaram dados das rochas lunares recolhidas pelas missões Apollo, e registro de impacto de meteoros na Lua, em Marte e em Mercúrio.

"Até sob as condições mais extremas que nós impusemos (na simulação), a Terra não teria sido completamente esterilizada pelo bombardeio", disse Oleg Abramov, um dos autores do estudo.

Ao invés disso, fissuras que expeliam água quente podem ter criado um santuário para esses micróbios que preferem ambientes de calor extremo.

O estudo, publicado na revista "Nature", sugeriu também que a vida na Terra pode ter começado 500 milhões de anos mais cedo do que se pensava.

"Não é pouco razoável sugerir que havia vida na Terra há mais de 3,9 bilhões de anos", disse Stephen Mojzisis, que também participou do estudo. "Nós sabemos, a partir de, registros geoquímicos que nosso planeta era habitável naquela época."

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Grupo de dinossauros pode ter sobrevivido à extinção

Os dinossauros teriam sido extintos pelas conseqüências da queda de um asteróide


(National Geographic / Terra) Um grupo isolado de dinossauros de alguma maneira sobreviveu ao evento catastrófico que eliminou a maioria dos animais do gênero cerca de 65,5 milhões de anos atrás, sugere um novo estudo. Os dinossauros desse "mundo perdido", em uma região de difícil acesso no oeste dos Estados Unidos, podem ter sobrevivido aos seus parentes condenados por até meio milhão de anos, de acordo com James Fassett, cientista emérito do Serviço de Levantamento Geológico dos Estados Unidos (USGS), em Santa Fé, Novo México.

Fassett, que vem argumentando já muitos anos que alguns dinossauros teriam sobrevivido à extinção em massa, baseia seu mais recente trabalho em fósseis localizados na bacia de San Juan, que hoje é parte dos territórios dos Estados do Colorado e Novo México. Lá, os ossos de hadrossauros, tiranossauros, anquilossauros e diversas outras espécies de dinossauros foram encontrados juntos em uma formação de rocha calcária que data da era do paleoceno - o período que se sucedeu ao evento de extinção, acontecido durante o Cretáceo-Terciário, que é visto como o fenômeno responsável pela morte dos dinossauros.

Como no caso de suas passadas pesquisas, a mais recente descoberta de Fassett provavelmente vai continuar a despertar descobertas entre os paleontologistas.

"Em intervalos de alguns poucos anos, sempre aparece alguém alegando ter encontrado dinossauros 'sobreviventes' até o paleoceno", afirma Hans-Dieter Sues, diretor associado de pesquisa e coleções no Museu Natural de História Natural dos Estados Unidos, parte da Smithsonian Institution. Mas até agora todos os fósseis classificados dessa maneira provaram ser na verdade restos de animais mais antigos.

Provas "inequívocas"


Em seu novo estudo, publicado na edição de abril de 2009 da revista Palaeontologia Electronica, Fassett argumenta que um único fóssil de um hadrossauro ajuda a provar que os dinossauros da bacia de San Juan realmente podem ser datados do paleoceno.

Depois de descobertas anteriores de supostos animais "sobreviventes", estudos mais detalhados revelaram em todos os casos que os dinossauros em questão, inicialmente soterrados por lama ou areia, haviam voltado a ter seus ossos expostos devido à ação de forças naturais, tais como a erosão dos rios. Os ossos eram então redepositados em camadas de rochas mais jovens, o que fazia com que parecessem ter vivido em uma era posterior. Mas os paleontologistas encontraram uma concentração de 34 ossos de um mesmo hadrossauro na rocha calcária de San Juan.

"Para mim, isso constitui prova inequívoca", afirmou Fassett. Ossos que tivessem sido arrastados por um rio estariam espalhados por uma área bem mais extensa, e também demonstrariam sinais de desgaste e erosão, o que não é o caso com os fósseis em questão, que ele descreve como "intocados".

Trabalhando com colegas do USGS em Denver, Fassett também examinou as concentrações de urânio e outros metais raros nos ossos dos fósseis. "Minha idéia era a de que, se pudéssemos determinar a composição dos ossos com base na presença desses elementos, seria possível definir se os ossos do cretáceo (mais antigos) têm uma impressão química diferente dos ossos do paleoceno, mais jovens", ele disse. "E isso terminou por se confirmar."

O motivo para a sobrevivência


É sabido que algumas espécies entre as quais crocodilos e pássaros, sobreviveram ao evento de extinção do cretáceo tardio, enquanto muitas outras não o fizeram. A resposta pode estar relacionada à causa precisa da extinção em massa.

A teoria mais popular é a de que um asteróide muito destrutivo atingiu a península de Yucatán, no território do atual México, ainda que alguns especialistas acreditam que as causas possam ter sido vulcanismo intenso, uma doença, a mudança do clima ou alguma combinação entre esses fatores. Fassett, que apoia a teoria da colisão com asteroide, disse que não é capaz de explicar por que os dinossauros podem ter sobrevivido por mais tempo em certas áreas do que em outras.

"Um palpite é o de que os sobreviventes viviam na parte mais setentrional da América do Norte, à maior distância do local do impacto, e migraram para o sul posteriormente", disse. "Mas isso não explica por que dinossauros que tenham sobrevivido não foram localizados em outras áreas. Não temos uma resposta para essa questão".

A despeito de sua cautela, Sues, do Smithsonian, diz que a idéia de que os dinossauros tenham sobrevivido até o paleoceno não pode ser descartada completamente ainda.

"Não existe nenhum motivo a priori para que dinossauros não pudessem ter sobrevivido em determinados lugares", ele explicou em e-mail. "De fato, excetuada a região oeste dos Estados Unidos e a Europa, não temos ainda indícios concretos que apontem para quando os dinossauros desapareceram".

terça-feira, 19 de maio de 2009

Estudo vai mapear impactos do clima em dez cidades do Brasil

(Apolo11) O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INTC-MC), coordenado pelo pesquisador Carlos Nobre vai mapear dez grandes cidades brasileiras em função dos impactos causados pelas mudanças do clima.

O trabalho é preventivo e vai ajudar a direcionar as políticas públicas de adaptação dessas cidades diante do aquecimento global.

O mapeamento vai indicar fragilidades dos centros urbanos ligados à saúde, por exemplo, como o aumento de doenças e a situação dos moradores em zonas costeiras com a elevação do nível do mar. Outros campos de estudo são as cheias e secas extremas, recursos hídricos disponíveis e ecologia urbana.

O investimento inicial do governo para a pesquisa é de R$ 1 milhão e o estudo irá começar por São Paulo e o Rio de Janeiro com os primeiros resultados divulgados em março do ano que vem. Na lista seguem as cidades de Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte e Belém, mas estas ainda dependem de novos recursos financeiros.

Segundo Nobre, o levantamento será mais qualitativo do que quantitativo. "É uma maneira de achar um atalho mais rápido para implementar medidas que são urgentes”.

O pesquisador ainda ressalta que é importante não se desviar do foco de debate sobre as mudanças climáticas no Brasil, decorrentes do desmatamento na Amazônia. “A ênfase na redução de emissões nas cidades não pode ser maior que a ênfase na redução do desmatamento”, completa Nobre.

Carlos Nobre também é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e secretário-executivo da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima).

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Aeronaves ajudam a entender complexidades da atmosfera

Aeronaves capazes de voar 20 km de altitude são utilizadas para testar instrumentos, que no futuro, poderão ser levados por satélites para melhorar nossa compreensão das relações entre a química atmosférica e o clima


Campanha realizada na Austrália utiliza aeronaves que voam a grandes altitudes para estudar as relações entre química atmosférica e clima.


(Scientific American Brasil) Experimentos em grandes altitudes são testes de avaliação planejados pelo programa de Exploração e Processamento por Medição de Radiação Infravermelha e Ondas Milimétricas (Premier, na sigla em inglês), uma das candidata da missão Earth Explorer da Agência Espacial Européia (Esa). Essas missões visam coletar informações sobre o nosso planeta, a partir do espaço.

A Premier é uma das seis candidatas a missão Earth Explorer cujo projeto preliminar já está completo. O conceito dessa missão, bem como das outras cinco, foi apresentado à comunidade científica em Reunião de Consulta Pública realizada em Lisboa, no início do ano. Em seguida, o Comitê para Observação Terrestre da Esa deverá selecionar até três missões para a próxima etapa (estudo de viabilidade). Posteriormente, uma sétima missão está prevista para ser lançada por volta de 2016.

Através de absorção, emissão e espalhamento, gases do efeito estufa e aerossóis interagem com a radiação eletromagnética e alteram o clima na Terra. A abundância e a distribuição de oligoelementos gasosos e aerossóis são controladas por complexas transformações químicas e processos dinâmicos que ainda não são bem compreendidas. Um dos principais desafios na pesquisa sobre mudanças climáticas é entender como esses processos químicos afetam o clima da Terra. Para isso é preciso melhorar os modelos químico-climáticos atuais, que têm como objetivo prever nosso clima nas próximas décadas e séculos.

Para atender a essas necessidades, a missão Premier deverá quantificar os processos que controlam a composição da troposfera média e superior e da estratosfera inferior ─ que corresponde a uma faixa entre 5 e 25 km acima da superfície da Terra. Essa região da atmosfera é especialmente importante para os estudos climáticos por conter ar mais frio e ser mais sensível a mudanças na distribuição de gases e nuvens radiativas. Através do transporte de vapor d`água, ozônio, metano, nuvens e aerossóis, essa região abriga diversas interações importantes entre a componentes atmosféricos que afetam o clima.

Para investigar essas relações medindo a temperatura, vapor d`água e um grande número de oligoelementos gasosos como ozônio e metano com alta resolução espacial, a Premier utiliza dois instrumentos inovadores – um espectrômetro de imageamento infravermelho e o primeiro sonar de ondas milimétricas otimizado para a troposfera superior.

Esses instrumentos se baseiam na herança de missões anteriores como o radiômetro de ondas milimétricas do satélite sueco Odin, que constitui uma missão associada da Esa, e do Interferômetro de Michelson para Sondagem Atmosférica Passiva (Mipas, na sigla em inglês) do satélite Envisat. Para apoiar o desenvolvimento da Premier, algumas campanhas foram realizadas em aeronaves que voam em altitudes até 20 km – o dobro da altitude de vôos comerciais.

Até agora, as campanhas de teste foram realizadas em um antigo avião de espionagem russo, o M55 Geophysica. Espectrômetros de sondagem do limbo atmosférico ─ operando em ondas milimétricas e no infravermelho ─ e diversos instrumentos para medições in-situ foram instalados no Geophysica, enquanto um Falcon, da Agência Espacial Alemã, complementou a sondagem com um lidar de vapor d`água, além de outros instrumentos.

A campanha foi realizada sobre Darwin, na Austrália, porque os trópicos foram apontados como uma região crítica para a previsão do clima, uma vez que é neles que os gases do efeito estufa, como por exemplo, o vapor d`água, entram na estratosfera.

Os vôos ocorreram num período anterior às monções, quando enormes nuvens de convecção se formam todos os dias. Nessas condições, os aviões poderiam realizar medições dos gases atmosféricos à medida que as nuvens se formavam. Os resultados da campanha – que durou um mês – foram positivos, o que demonstrou que o instrumento de detecção de ondas milimétricas continua a realizar medidas precisas, mesmo quando o funcionamento do instrumento de detecção de infravermelho é prejudicado pelas nuvens.

Um novo protótipo do instrumento de sondagem no infravermelho está sendo desenvolvido, nesse momento, pelos Centros de Pesquisa Karlsruhe e Jülich, na Alemanha. O instrumento será testado a bordo da nova aeronave de pesquisa alemã, Halo, no início do próximo ano. Essa aeronave moderna foi planejada especificamente para auxiliar na pesquisa das ciências atmosféricas.

A futura campanha deverá testar, pela primeira vez, o novo instrumento e também servirá para testar todos os subsistemas e técnicas de análise. Além disso, há planos também para o desenvolvimento de um instrumento de ondas milimétricas a ser testado a bordo de um balão estratosférico.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Canadá publica primeiro mapa geológico completo do Ártico


Mapa global do Ártico detalha características geológicas como onde pode haver reservas de petróleo, gás, ouro e diamantes


(AFP / Terra) O Canadá publicou o primeiro mapa global do Ártico, detalhando características geológicas que revelam onde pode haver reservas de petróleo, gás, ouro e diamantes sob a neve e o gelo.

Os mapas da Comissão Geológica do Canadá (CGC) contêm dados coletados e compilados durante vários anos num esforço conjunto de Canadá, Rússia, Estados Unidos, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Suécia, a um custo de US$ 1 bilhão.

O objetivo é que os novos mapas ajudem as companhias de exploração de gás e petróleo, além de funcionar como uma ferramenta para ajudar na resolução de disputas territoriais do território ártico por vários países do norte. Para realizar seu trabalho, os geólogos canadenses reuniram dados submarinos aferidos com a ajuda de navios quebra gelo e aparelhos de sonar, além de contar com fotos aéreas, estudos sísmicos e pesquisas feitas por expedições sobre esquis e em trenós puxados por cães.

Os mapas indicam a composição do subsolo e identificam as placas tectônicas, as falhas e os vulcões submarinos, cuja localização é freqüentemente sinônimo de reservas de minerais preciosos.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Aumento dos oceanos com derretimento das geleiras foi superestimado

(AFP / JB) O derretimento da calota polar da Antártica deve elevar o nível das águas oceânicas num patamar menor do que se esperava até agora, mas com efeitos ainda dramáticos, segundo estudo publicado nesta quinta-feira nos EUA.

Apoiando-se em novas medidas da geometria da calota polar da Antártica, pesquisadores britânicos e holandeses disseram ainda que, se ela desaparecesse, a elevação do nível dos oceanos seria de 3,2 metros e não de cinco a sete metros como previam trabalhos anteriores.

Mas, segundo o estudo publicado nesta quinta-feira pela revista Science, mesmo uma alta de um metro do nível dos oceanos seria suficientemente importante para afetar o campo de gravidade terrestre no hemisfério sul e modificar a rotação do planeta.

Esta mudança de rotação provocaria um acúmulo de água oceânica no hemisfério norte, podendo se traduzir em diferenças importantes no nível dos diferentes oceanos, com a mais forte elevação esperada então para as costas leste e oeste dos EUA.

- O esquema da elevação do nível dos oceanos é independente da rapidez e da quantidade do derretimento da calota polar do Oeste Antártico - advertiu o principal autor da pesquisa, Jonathan Bamber, da universidade de Bristol na Grã-Bretanha.

- Mesmo se a calota polar do Oeste Antártico contribuir apenas para uma elevação de um metro do nível dos oceanos em vários anos, o nível dos mares ao longo das costas norte-americanas teria uma elevação 25% superior à média - escreveu.

A Antártica possui aproximadamente nove vezes a quantidade de gelo da Groenlândia e é considerada uma bomba-relógio para o nível dos oceanos.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Clima: especialistas de 121 países debatem futuro dos oceanos

(Apolo11) As mudanças no clima já afetam os oceanos e podem futuramente deslocar milhões de pessoas das áreas costeiras, aumentar o nível das catástrofes e extiguir inúmeras espécies, advertiram especialistas durante a Conferência Mundial do Oceano. O evento reúne cientistas de 121 países em Manado, na Indonésia até a próxima sexta-feira (15).

Há expectativa que ao final da Conferência seja firmado um acordo de redução dos efeitos das mudanças climáticas nos mares. O compromisso, entretanto, não terá caráter oficial e obrigatório, mas deve influenciar nas negociações futuras sobre um acordo mundial da redução de gases poluentes, que substituirá o protocolo de Kioto em 2012.

"A maior ameaça que se abate sobre os oceanos é a derivada da mudança climática", afirmou Gabriele Goettsche-Wanli, diretora da divisão de Assuntos Oceânicos e Lei do Mar das Nações Unidas em discurso na Conferência.

Goettsche-Wanli destacou estudos realizados por especialistas da ONU que indicam que o nível das águas aumentará um metro ou mais até o ano de 2100, o que afetará cem milhões de pessoas na Ásia, 40 milhões na Europa e 5 milhões na África e América.

Os estudiosos defendem um sistema integrado de observação oceânica para entender melhor cada oceano e como eles são afetados pelas mudanças do clima no planeta.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Substância química é relacionada a réplicas de terremotos

(Xinhua / Terra) Anormalidades em algumas substâncias químicas estão relacionadas com as réplicas de terremotos, informaram fontes do Ministério da Rerra e dos Recursos do Estado na segunda-feira. De acordo com o responsável pelo Programa de Perfuração Científica na Falha Geológica de Wenchuan (WFSD, na sigla em inglês), especialistas encontraram, após monitorar mais de 3 mil réplicas, pequenos tremores após o grande sismo, que as mudanças na quantidade de gases hélio, metano e níton estão proximamente relacionadas.

A descoberta deu a chance para as pessoas entenderem a relação entre terremotos e anormalidades em substâncias químicas, segundo a fonte. O programa, que começou no dia 6 de novembro do ano passado, é o primeiro programa de perfuração pesquisadora da China após um terremoto para estudar o mecanismo de um sismo. O programa é reconhecido como o mais rápido de resposta a um terremoto.

O programa foi conduzido entra as zonas mais atingidas entre o distrito de Beichuan e a vila Yingxiu. O ponto mais profundo chegou a 741,5 metros neste domingo.Com a perfuração, os especialistas também encontraram mais de 20 zonas de fraturas deixadas por terremotos anteriores na história, o que pode providenciar evidências para o estudo de ciclos dos tremores.

Em Beijing, um mapa de 245 páginas do desastre em Wenchuan foi publicado, o último da série de cinco livros de avaliação e análise do terremoto que atingiu o sudoeste da China no último dia 12 de maio.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Poder de destruição dos vulcões depende das rochas

É incerto que erupções vulcânicas conseguiriam causar uma mudança climática capaz de levar a uma extinção em massa


(Nature / Terra) Grandes erupções vulcânicas foram algumas vezes seguidas de extinções em massa - mas não sempre. A razão parece estar na química das rochas próximas ao vulcão.

O dióxido de carbono liberado por essas grandes erupções tem sido responsabilizado pelas extinções em massa, já que se acredita que o gás tenha aquecido o planeta, erradicando boa parte de seus animais e plantas.

Entretanto, é incerto se mesmo as maiores erupções vulcânicas conseguiriam expelir para a atmosfera gás suficiente para causar o tipo de mudança climática que levaria a uma extinção em massa. De fato, geólogos descobriram provas de muitas erupções vulcânicas gigantescas no passado que não parecem ter qualquer relação com extinções em massa.

Agora, uma equipe de pesquisadores analisou quanto CO2 rochas não-vulcânicas próximas a vulcões podem liberar se forem superaquecidas. Eles descobriram que em alguns casos as rochas podem soltar muito mais CO2 do que o próprio vulcão.

Teoria explosiva

Clemente Ganino e Nicholas Arndt, da Universidade Joseph Fourier em Grenoble, França, exploraram uma área vulcânica de quase 260 milhões de anos no sudoeste da China que parece ter sido formada na mesma época em que uma extinção em massa acabou com 35% de todos os gêneros do planeta. Por mais catastrófica que tenha sido essa extinção - ocorrida no meio do período Permiano, ela foi pequena se comparada à que aconteceu 10 milhões de anos mais tarde. Esta foi a maior extinção da história, eliminando mais de 70% de todos os gêneros, incluindo 90% de toda vida no oceano e milhares de espécies -como trilobitas, muitos tubarões primitivos, o peixe blindado conhecido como placodermo e os répteis com barbatanas traseiras chamados pelicossauros.

Porém, a causa das extinções no final e no meio do período Permiano ainda é tema de acalorados debates. Ganino e Arndt analisaram de perto a dolomita, uma das rochas mais comuns na região em que ocorreu a erupção do Permiano Médio. A dolomita é composta de cálcio, magnésio e carbonato; quando aquecida, se quebra em óxido de magnésio, carbonato de cálcio e CO2. Os pesquisadores calculam que um quilograma de dolomita aquecida por uma fonte vulcânica produziria 240 gramas de dióxido de carbono. Eles também descobriram que pedras de mármore impuras da área liberam entre 220 e 290 gramas de CO2 por quilo de rocha quando aquecidas.

Hoje, devido à erosão, a área vulcânica chinesa não é muito grande. Mas antes de ser vítima das intempéries, geólogos estimam que essa rocha vulcânica cobria 500 mil km². Com base na abundância de rochas sedimentares que liberariam dióxido de carbono se aquecidas, Ganino e Arndt estimam que entre 61,6 mil e 145,6 mil Gt (gigatoneladas) de CO2 foram liberadas.

Isso é muito mais que os meros 16,8 mil Gt de CO2 normalmente liberados pelo magma durante erupções, explica Ganino. "A massa de CO2 liberado por rochas sedimentares é de 3,6 a 8,6 vezes maior que a massa de CO2 liberado pelo magma. Não esperávamos uma diferença tão enorme", conta.

Atiçando o fogoHenrik Svensen, da Universidade de Oslo, Noruega, foi um dos primeiros pesquisadores a sugerir que as rochas abaixo das erupções vulcânicas poderiam ter um papel na devastação causada pelas erupções. "Mais de 99% de todo carbono da superfície da Terra está armazenado em rochas sedimentares, e aquecer essas rochas com o material em alta-temperatura que sai dos vulcões é uma boa maneira de liberar muito carbono na atmosfera de forma rápida", explica.

"Existe um consenso crescente de que a atividade vulcânica desempenhou papel importante nas extinções em massa, particularmente a enorme extinção do final do Permiano", afirma o paleobiólogo David Bottjer, da Universidade de Southern California em Los Angeles. "Essa descoberta - que várias rochas sedimentares aquecidas pelo magma produziram os gases necessários para causar uma tensão climática - se encaixa bem com conclusões a que estamos começando a chegar."

A descoberta também levanta a possibilidade de que o aquecimento de rochas sedimentares pelo impacto de um grande asteróide ou cometa e pela atividade vulcânica pode ter desempenhado um papel na extinção dos dinossauros.

Porém, tanto Svensen quanto Ganino são rápidos em acrescentar que essas descobertas não significam que erupções vulcânicas e extinções em massa ocorridas na mesma época estão necessariamente relacionadas.

"O potencial destrutivo parece depender das rochas sedimentárias da região", explica Svensen. É por essa razão, acrescenta, que pesquisadores precisam abordar caso a caso para avaliar o efeito das erupções no meio ambiente.