Pesquisa estudou os dez cones vulcânicos que resistiram à erosão e ainda podem ser identificados na Região Metropolitana de Fortaleza. Eles representam marcas de atividades vulcânicas entre 10 e 30 milhões de anos atrás
(O Povo) Seria preciso voltar no tempo para que olhos leigos conseguissem reconhecer de passagem os dez cones vulcânicos que ainda habitam a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O geógrafo Anatarino Torres da Costa fez essa incursão por tempos longínquos durante o mestrado em Geografia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) guiado pela curiosidade para uma área mais típica da Geologia. “Os eventos vulcânicos são eventos geológicos curiosos e difíceis de serem explicados, ainda tem muitas coisas a ser descoberta. Eu gosto de dizer que eles são a linguagem do interior da Terra com a superfície”.
A atividade vulcânica que ainda deixa marcas visíveis na paisagem aconteceu entre 10 milhões e 30 milhões de anos atrás, ainda como consequência da separação das placas tectônicos sul-americana e africana. Esse movimento de placas deu origem aos dois continentes. Os vulcões há muito adormecidos podem ser encontrados nos municipios de Maranguape, Itaitinga, Caucaia e até na zona urbana de Fortaleza, próximo à Ceasa, e no Porto das Dunas, onde fica o monte Caruru. Os pesquisadores acreditam ser quase impossível que eles voltassem a ser ativos. “Isso é coisa de 30 milhões de anos e o Brasil está no centro de uma placa tectônica (estável)”, lembra Anatarino.
Estudos
Se ilustres desconhecidos da maioria da população cearense, os cones vulcânicos na Região Metropolitana de Fortaleza não são exatamente novidade para os pesquisadores. “Os primeiros estudos sobre os eventos vulcânicos em Fortaleza são dos anos 60. Nos anos 80, houve algumas publicações, mas tudo muito restrito, sem sequência”, explica o geógrafo, que se aprofundou no tema em 2008.
Vanda Claudino Sales, professora do Departamento de Geografia da UFC, orientadora da pesquisa, afirma que há duas hipóteses para tentar explicar a atividade vulcânica em Fortaleza. Uma delas seria um ponto quente, mais conhecido pela expressão em inglês “hot spot” que indica as áreas do manto terrestre muito mais quentes do que as áreas do entorno e que ajudam a explicar os vulcões na Islândia, por exemplo. Aqui no entanto, caso exista o ponto quente, ele não seria tão quente assim e, por isso, teria gerado pouco magma.
Uma outra possibilidade teria sido através de “falhas transformantes”, que são grandes falhas alongadas que cortam o assoalho do oceano e permitem a ascensão de magma. Essas falhas transformantes teriam sido responsáveis pela geração dos vulcões no entorno da Capital cearense. Elas também teriam relação com a formação da ilha de Fernando de Noronha. (Larissa Lima)
E-Mais
> Anatarino da Costa estudou mais detalhes no mestrado três relevos vulcânicos na Região Metropolitana de Fortaleza: o Pão-de-açúcar, em Caucaia, Ancuri, em Fortaleza, e o Caruru, no Eusébio.
> O geógrafo acredita que o conhecimento sobre os cones vulcânicos na Região Metropolitana de Fortaleza pode ser um impulso para o turismo.
> Ele aponta como uma das formações mais interessantes a situada no Porto das Dunas. “Qualquer pessoa que passa lá, acha que éuma duna, mas são rochas vulcânicas dentro de áreas de dunas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário