sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Pesquisa estima que degelo na Antártica pode ser duradouro

Rochas expostas com derretimento revelam degelo ocorrido há 8 mil anos. Informações permitem prever comportamento futuro de geleira.


(AFP/G1) A geleira da Ilha do Pinho, na Antártica, onde o degelo contribui para a elevação do nível dos mares, pode continuar derretendo durante décadas, advertiram cientistas em um estudo baseado na evolução passada desse glaciar.

Esse novo trabalho, realizado por geólogos britânicos, americanos e alemães, publicado nesta quinta-feira (20) na revista americana "Science", revelou que a geleira já sofreu um degelo há 8 mil anos tão rápido quanto o observado nas últimas décadas. Essa descoberta aponta para um modelo importante para antecipar o comportamento futuro da geleira, explicaram os cientistas.

Com 160 mil quilômetros quadrados, o correspondente a cerca de 30% da superfície de um país como a França, o glaciar da Ilha do Pinho sofre atualmente com uma aceleração na velocidade de seu derretimento e a redução de sua massa. Os geólogos explicaram esse fenômeno pelo aumento do volume das águas mais quentes circundantes sob a geleira.

Após 20 anos de degelo rápido, os cientistas estão preocupados e se questionam sobre a massa de gelo que acabará chegando aos oceanos no futuro. A geleira do Pinho é responsável, sozinha, por 20% da contribuição da região oeste da Antártica na elevação do nível do mar.

As rochas expostas depois do recuo da geleira oferecem indícios preciosos sobre as mudanças que aconteceram no passado e ajudam os cientistas a prever sua evolução futura.

"Nossos dados geológicos nos mostram a história desse glaciar em um nível de detalhes sem precedentes", destacou Joanne Johnson, do Instituto de Geofísica britânico da Antártica.

"O fato de que tenha havido derretido rápido no passado mostra a que ponto é sensível às mudanças ambientais e como pequenas mudanças podem produzir eventos drásticos e duradouros", acrescentou.

"Com base nisso que nós sabemos, podemos prever que a perda rápida de gelo continuará durante um longo tempo", segundo essa cientista, sobretudo se o degelo resultante do contato do oceano com o glaciar continuar no ritmo atual", prosseguiu.

O degelo desse glaciar ocorre, atualmente, em mais de 100 bilhões de toneladas por ano contra 20 bilhões de toneladas por ano entre 1992 e 2011, segundo uma pesquisa realizada pela equipe científica internacional, publicada em janeiro na revista britânica "Nature".

Segundo o modelo, o degelo contribuirá para uma elevação do nível do mar de 3,5 a 10 milímetros nos próximos 20 anos.
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