terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Vigia espacial


(Pesquisa Fapesp) Das centenas de vulcões ativos na Terra (o número exato é alvo de debates entre os especialistas), poucos são monitorados por instrumentos fixos e pesquisadores no campo, que se arriscam a morrer asfixiados, soterrados ou incinerados. Apesar de vários satélites vasculharem constantemente a superfície terrestre, não há um sistema global capaz de alertar populações vizinhas a vulcões de que uma erupção está prestes a ocorrer. Esse objetivo ainda está longe de ser alcançado, mas alternativas têm sido propostas para o estudo de atividades vulcânicas em escala planetária. Nesse contexto, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de Cambridge, Inglaterra, desenvolveram um método para analisar imagens de vulcões obtidas por diferentes sensores de radiação infravermelha a bordo de satélites e, assim, talvez antecipar em meses a ocorrência de erupções.

A equipe de cientistas aplicou, em distintos estudos, a metodologia para estudar a atividade de cinco vulcões ativos ao longo da última década em diferentes partes do planeta. Os resultados indicam que é possível implementar um sistema automático para detectar, do espaço, mudanças sutis na atividade termal dos vulcões, que funcionam com um indicador de que esses sistemas estão prestes a entrar em erupção. “A investigação dessas anomalias, a partir de algoritmos desenvolvidos em nossa pesquisa, permite a identificação de sinais que precedem fluxos de lava em determinados vulcões”, diz o inglês Samuel Murphy, que defendeu tese de doutorado sobre o tema no início deste ano na Unicamp, sob orientação de Carlos Roberto de Souza Filho, geólogo especialista em sensoriamento remoto da universidade paulista, e do vulcanólogo Clive Oppenheimer, da Universidade de Cambridge. Quanto mais quente for um objeto, mais radiação infravermelha ele emite. “É possível observar do espaço a variação da energia térmica emitida por um vulcão ao longo do tempo”, explica Souza Filho. Depois de concluir em 2007 seu mestrado em geologia na Universidade de Bristol, no Reino Unido, Murphy decidiu conhecer uma parte da família de sua mãe brasileira, em Campinas, e acabou ingressando na Unicamp. Lá ele se tornou aluno de doutorado de Souza Filho, que foi colega de Oppenheimer durante seu doutorado na Inglaterra.

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