quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Projeto Swarm: de olho no campo magnético

(DW/Terra) Projeto europeu pretende desvendar os mistérios do campo magnético que protege a Terra da radiação cósmica e partículas vindas do espaço. A razão principal do projeto é desvendar por que essa defesa tem se enfraquecido.

A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) concentra esforços para estudar o campo magnético da Terra e compreender sua estrutura. Isso ajudará a entender como funciona esse fluxo magnético que protege nosso planeta, além de tentar compreender como ele se altera com o passar do tempo.

Para isso, foi criado o Projeto Swarm. Com o intuito de observar a Terra, o projeto vai lançar, em 2013, três satélites idênticos, como foi mostrado pela edição do Futurando desta semana. Além disso, os dados coletados servirão para analisar a influência dos raios solares sobre a atmosfera terrestre.

Os satélites serão lançados no segundo semestre. A tarefa deles é coletar dados para que se possam medir com exatidão os sinais magnéticos emitidos pelo núcleo da Terra, assim como o manto, a crosta terrestre e os oceanos, além da ionosfera e magnetosfera. Essa investigação se fez necessária a partir do momento em que cientistas deram-se conta de que o campo magnético terrestre parece estar enfraquecendo.

Entendendo o campo geomagnético
O magnetismo ainda é um dos grandes mistérios da Terra. Sabe-se que esta força invisível está dentro e ao redor do planeta e causa impactos diretos no meio ambiente. Além de manter todos os seres vivos e objetos "firmes" na superfície terrestre, o magnetismo funciona como uma enorme bolha – o campo geomagnético – protegendo o planeta da radiação cósmica e de partículas vindas do espaço. Sem essa proteção, a atmosfera terrestre não seria como conhecemos e provavelmente a vida no planeta seria impossível.

O que preocupa os cientistas é a variação do campo magnético. A Terra funciona como um grande imã que atrai todas as coisas ao seu redor. Mas é importante compreender que não existe realmente um imã no centro do planeta, pois um imã ou uma rocha magnética perde sua magnetização em altas temperaturas, a partir de 500ºC, sendo que no núcleo terrestre a média é de 5.000ºC.

A hipótese mais aceita atualmente é que essa força vem do dínamo da Terra – a teoria do geodínamo. De acordo com tal teoria, existe um fluído eletricamente condutor em constante movimento no núcleo externo. O fluxo interage com o campo magnético da Terra, gerando correntes elétricas que formam um campo secundário. Este tem a função de reforçar ou diminuir a intensidade do campo original. Como o campo magnético da Terra é criado e como funciona a variação do campo secundário são mistérios que o Swarm irá tentar desvendar.

O projeto
A missão será coordenada pelo Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC, na sigla em inglês), situado em Darmstadt, na Alemanha, através de uma estação de solo em Kiruna, na Suécia. Esta será a primeira constelação de satélites da ESA para observação terrestre e terá a duração de pouco mais de quatro anos. Tempo necessário para que os satélites possam registrar as mudanças de intensidade no magnetismo terrestre.

A tecnologia dos satélites foi desenvolvida em parceria entre a Europa e o Canadá. O formato trapezoidal é incomum para a maioria dos satélites, porque foi o resultado da necessidade de compactá-los para que os três pudessem ser lançados ao espaço com o mesmo foguete.

O lançamento acontecerá na base russa de Plesetsk. A viagem e o posicionamento no espaço levarão três dias. Então os equipamentos passarão por novos testes, durante três meses, para que os especialistas tenham certeza de que tudo está funcionando corretamente. Ao final desse processo, terá início o período de coleta de dados.

Além de estudar o funcionamento da Terra a partir do campo magnético, o projeto inclui um estudo sobre a influência do Sol sobre o planeta. Para isso serão analisadas as correntes elétricas na magnetosfera e a ionosfera. O Projeto Swarm também tentará compreender os impactos dos raios solares nas camadas superiores da atmosfera.

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