terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Expedição científica procura explicar alterações climáticas

Uma expedição científica internacional que recolhe amostras de sedimentos no Mediterrâneo que podem ajudar a encontrar explicações para fenómenos como as alterações climáticas vai ser apresentada quarta-feira, em Lisboa, a bordo do navio 'Joides Resolution'.

















(DN - Portugal) A bordo está uma equipa de 35 cientistas que trabalham por turnos (de 12 horas) nos dois laboratórios do navio, no âmbito do Programa Integrado de Perfuração Oceânica (IODP), um projeto internacional no qual Portugal também participa.

Depois de uma missão de dois meses, o navio passa por Lisboa na quarta-feira e os cientistas e responsáveis pelo projeto pretendem apresentar alguns dados acerca do seu trabalho e conclusões preliminares da observação dos "bocados do fundo do mar".

O fundo dos oceanos é pouco conhecido e pode guardar explicações para situações, como as alterações climáticas.

Através da torre de perfuração de 60 metros, são recolhidas amostras do solo, depois selecionadas e organizadas pelos especialistas em áreas como paleontologia, sedimentologia, magnética ou química.

O trabalho exigiu uma preparação cuidadosa e demorada e continua em terra quando a expedição terminar, nos laboratórios de instituições de vários países, num processo de análise e cruzamento de informação que pode prolongar-se por mais de dois anos.

Antje Voelker, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), em Lisboa, participa na expedição no Golfo de Cádiz e, a partir do 'Joides Resolution' (JR), explicou à agência Lusa a missão.

"Esta expedição destina-se a estudar dados relacionados com as alterações climáticas, mas também as variações na água do Mediterrâneo, circulação e intensidade das correntes e a placa tectónica", tendo sido realizadas sete perfurações, especificou.

Avançou o exemplo de uma perfuração, de mais de 800 metros, frente à costa de Faro, através da qual é possível saber que "a idade [dos sedimentos] é mais ou menos de 5,8 milhões de anos".

Grande parte do trabalho é feito depois da expedição. "Agora, aqui no navio, só fazemos as primeiras análises para saber mais ou menos o tipo de sedimentos e a idade", relatou a cientista.

Depois, em terra, "os especialistas vão relacionar com as alterações climáticas". Por exemplo, Antje Voelker disse que irá analisar cerca de duas mil amostras em laboratório.

O trabalho iniciado na expedição "continua em terra até dois a três anos depois", neste caso no LNEG, na unidade de geologia marinha.

Além de Antje Voelker, outra cientista do LNEG, Cristina Roque, participa na expedição, como observadora.

Uma informação da embaixada da Alemanha em Lisboa revela que os responsáveis científicos da expedição, Dorrik Stow e Francisco Hernández-Molina, "irão relatar novas e importantes descobertas e apresentar as conclusões principais a que chegaram".

Fernando Barriga, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, disse à agência Lusa que a visita do JR será também uma oportunidade para homenagear algumas personalidades que desempenham um papel relevante nas operações de sondagens oceânicas.

Mário Ruivo (Portugal), Gerold Wefer (Alemanha), Catherine Mével (França) e John Ludden (Reino Unido) são os especialistas distinguidos, num evento que deverá contar com a presença do antigo Presidente da República Mário Soares, do secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, ou do ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Mariano Gago.

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