
(Apolo11) A formação geológica de Cerro do Jarau, localizado no município gaúcho de Quaraí, na fronteira do Brasil com o Uruguai, há anos intriga os especialistas. A hipótese mais provável é que a cratera de 5.5 quilômetros de diâmetro tenha sido formada pela queda de um meteoro que caiu na região há milhões de anos.
Desde 2007 o local vinha sendo estudado por pesquisadores do Instituto de Geociências da Universidade de Campinas em São Paulo, Unicamp, que agora confirmou a origem geológica do Cerro do Jarau.
Os pesquisadores agora buscam material rochoso que possam fornecer dados mais precisos para a datação do impacto do meteorito. As deformações que ficaram gravadas de forma permanente nas rochas do Jarau e a existência de determinados minerais ajudaram a comprovar as suspeitas iniciais da formação do local.
"Com base na idade das rochas mais jovens afetadas pelo impacto, podemos dizer que o choque ocorreu há várias dezenas ou até uma centena de milhões de anos", disse o pesquisador Álvaro Crosta, coordenador de uma equipe de especialistas internacionais.

Com essa constatação, o número de crateras formadas por impacto de meteorito no Brasil sobe para seis. Além disso, a cratera do Cerro do Jarau é a quarta no planeta formada por rochas basálticas, sendo que três delas estão no Sul do Brasil.
"Esse tipo de cratera é bastante comum na superfície de outros corpos planetários, mas não na Terra. A análise dos processos de deformação relacionados à formação das crateras basálticas do sul do Brasil pode eventualmente auxiliar na compreensão da evolução da superfície de muitos outros corpos planetários, como a Lua, Marte, Vênus e outros corpos sólidos", afirma Crosta.
As deformações, algumas visíveis apenas com o auxílio de microscópio, são decorrentes da liberação de uma enorme quantidade de energia, superior a eventos como terremotos e erupções vulcânicas. Justamente por esse motivo, elas são utilizadas como evidências de impactos de meteoros.
"Estamos apenas no início dos estudos de Cerro do Jarau e temos a expectativa de que informações novas e interessantes venham surgir dos resultados que esperamos obter nos próximos anos", declarou o professor.
O livro “Large Meteorite Impacts IV”, contendo o recente estudo, será lançado em breve pela Sociedade Geológica da América (GSA).
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