segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Workshop do GEO sobre mudanças climáticas

Workshop discute uso de dados de observação da Terra em relatórios do IPCC

(Panorama Espacial) Em Genebra, de 1º a 4 de fevereiro, workshop organizado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e pelo Grupo de Observação da Terra (GEO) discute a necessidade de dados de satélites e outras tecnologias para estudo das mudanças ambientais causadas pelo aquecimento global.

O Brasil, por meio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), integra o Comitê Executivo do GEO, organização intergovernamental que congrega 80 países, a Comissão Européia e ainda 58 organizações internacionais em prol do fornecimento de observações detalhadas da Terra.

O IPCC é o painel da Organização das Nações Unidas (ONU) encarregado de avaliar a informação científica sobre os efeitos das mudanças climáticas, destacar seus impactos ambientais e socioeconômicos e traçar estratégias de mitigação.

O workshop irá levantar dados de observação da Terra para subsidiar o IPPC em análises de vulnerabilidade e adaptação às mudanças do clima, em especial nas áreas de uso do solo, recursos hídricos e eventos extremos. Os dados devem integrar as publicações do quinto Relatório de Avaliação do IPPC, a ser lançado entre 2013 e 2014.

O diretor do INPE, Gilberto Câmara, participa de sessão sobre os recursos e informações disponíveis para o estudo do uso do solo e detecção de mudanças na sua cobertura causadas por desmatamentos. Também participa do workshop José Marengo, climatologista do INPE e membro do IPCC.

É objetivo do workshop orientar como o Global Earth Observation System of Systems (GEOSS) pode melhorar o fornecimento de dados multidisciplinares para o uso da comunidade científica que se dedica aos estudos do clima. Este “sistema de sistemas”, uma das mais importantes iniciativas lideradas pelo GEO, amplia a capacidade de monitoramento ambiental do planeta ao mesmo tempo em que facilita o acesso aos dados.

A ideia do GEOSS é conectar os produtores de dados ambientais aos usuários finais desses produtos, otimizando seu uso por meio de uma infraestrutura pública global e de acesso gratuito às informações. Assim, serão compartilhadas informações dos diversos sistemas de monitoramento de tendências globais, para acompanhamento de níveis de carbono, mudanças climáticas, perda de biodiversidade, desmatamento, recursos hídricos, temperaturas do oceano e outros indicadores.

Mais informações sobre o GEO e o GEOSS no site www.earthobservations.org

Alerta 3: Governo japonês propõe evacuação em área vulcânica

Erupção do vulcão Shinmoedake, no sudoeste do Japão, em janeiro de 2011.



(Apolo11) A contínua erupção de cinza e material magmático do interior do vulcão Shinmoedake fez as autoridades japonesas recomendarem aos moradores da região que abandonem suas casas. O vulcão não entrava em erupção há 52 anos e explodiu na última quinta-feira junto com seu vizinho Kirishima, causando uma série de problemas no sudoeste do Japão.

De acordo com a agência de notícias Kyodo, a recomendação para evacuação foi proposta depois que a agência meteorológica do Japão, JMA, constatou um aumento significativo na quantidade de lava expelida da montanha. Segundo a agência, 1100 moradores que vivem em cerca de 500 casas na localidade de Takaharu correm risco significativo e já foram alertados pelas autoridades.
Imagens registradas por satélites de sensoriamento remoto mostram que o domo de lava alcançou 500 metros de diâmetro, o que levou as autoridades nipônicas a emitir Alerta Nível 3 em um raio de 3 km ao redor do vulcão e fechar o espaço aéreo próximo. Serviços ferroviários locais também tiveram que paralisar suas operações.

Imagem de satélite mostra erupção do vulcão Kirishima, localizado a 4 km de Shinmoedake. Ambos entraram em erupção quase que simultaneamente. Crédito: Agência meteorológica japonesa, JMA / Nasa - MODIS Rapid Response Team, Goddard Space Flight Center/ Apolo11.com.

Localizado no norte da baía de Kagoshima, no Japão, Shinmoe faz parte do complexo Kirishima, que engloba 20 vulcões ativos criados no período quaternário, entre 1.8 milhões de anos atrás até o presente. Parte do grupo consiste em estratovulcões, cones piroclásticos e vulcões blindados, reunidos em uma área de 20x30 km.

Kirishima e Shinmoe entraram em atividade entre quarta e quinta-feira, quando começaram a lançar cinzas e pequenas rochas. Após a erupção, Shinmoe formou uma coluna de fumaça de mais 2.500 m de altura e pela primeira vez em 189 anos jorrou magma do topo da cratera, a 1.421 metros de altura.


----
Vídeos:




----

E mais: Erupção de vulcão japonês quebra janelas a 8 km de distância; veja (BBC/Folha)

Erupção de vulcão libera cinzas e rochas no sudeste do Japão (AFP/Yahoo)

Estudo prevê risco de novo tremor no Chile após tragédia de 2010

Sismo de 8,8 graus não soltou todas as tensões acumuladas ao longo de falha ao sul de Santiago

(Reuters / Estadão) Segundo um estudo publicado neste domingo, 30, pela revista Nature Geoscience, o risco de um novo terremoto no centro do Chile pode ter aumentado. O país já sofreu um tremor e tsunamis no ano passado, em cuja tragédia morreram mais de 500 pessoas.

De acordo com cientistas, o sismo de 8,8 graus na escala Richter que atingiu o país no dia 27 de fevereiro de 2010 não soltou todas as tensões acumuladas ao longo de uma falha ao sul de Santiago, que desde 1835 já originou seis tremores de terra (1835, 1928, 1939, 1960, 1985 e 2010) - o pior deles em 1960, em Valdívia (sul do Chile), com 9,5 graus, considerado o mais violento do mundo.

Um terremoto de grandes proporções tem magnitude entre 7 e 8 graus, causando graves danos em áreas enormes. O do ano passado no Chile foi o mais poderoso desde o tremor de 2004 que provocou um tsunami devastador no Oceano Índico.

"É impossível prever exatamente quando um novo sismo poderá acontecer", afirma Stefano Lorito, do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália. Ele liderou uma equipe de especialistas na Itália, nos Estados Unidos e na Irlanda do Norte.

Os cientistas examinaram dados de tsunamis, satélites e outras fontes para avaliar os riscos em uma área chamada de "Fenda de Darwin", na costa ao redor da cidade de Concepción, região central do Chile.

O naturalista britânico Charles Darwin, em uma viagem de cinco anos que o ajudou a compreender a evolução das espécies, documentou o terremoto de 1835 que atingiu uma área litorânea em torno de Concepción.

Os pesquisadores descobriram que uma placa continental sob o Oceano Pacífico desliza pela América do Sul a uma taxa de 6,8 cm por ano, de modo que já há uma falha de quase 12 metros desde 1835.

Quando a pressão cresce o suficiente, as placas se chocam e causam um terremoto. Algumas áreas bem profundas, ao norte de Concepción, deslizaram quase 20 metros com o tremor de 2010, mas a região da Fenda de Darwin mal se moveu.

Darwin fez observações detalhadas, desde sobre a destruição da catedral de Concepción até o apodrecimento de mexilhões encontrados em rochas levantadas pelo choque a 3 metros acima da marca da maré alta.
----
Matérias similares no Terra, Folha e iG

sábado, 29 de janeiro de 2011

Aquecimento Global: altura do nível do mar continua subindo

Gráfico mostra a elevação do nível do oceano nos últimos 130 anos.







(Apolo11) Apesar dos governos mundiais fingirem que nada está acontecendo, o nível médio do mar continua subindo e diversas áreas costeiras em todo o planeta já sentem os efeitos do avanço das águas.

A elevação não é provocada por um aumento anômalo da quantidade de água no planeta, mas pelo aumento do volume do líquido que chega às bacias oceânicas, originado principalmente pelo derretimento das colotas polares e das geleiras, que adiciona mais água aos oceanos. Além disso, o Aquecimento Global faz as moléculas da água se expandirem, forçando o oceano a ocupar mais espaço. Como a temperatura do planeta continua subindo, é de se esperar que a expansão da água continue acelerando.

Visualmente, o atual aumento do nível do mar provoca um incremento de poucos centímetros na água que tocas a base das falésias. No entanto, mesmo essa pequena elevação pode resultar em marés muito maiores que avançam sobre áreas costeiras planas, invadindo praias e até mesmo calçadões e ruas próximas à praia. Se o nível do mar sobe rapidamente, ecossistemas inteiros podem ser perturbados.

À medida que o mar avança, as populações que vivem em terras mais baixas passaram a conviver com a possibilidade de terem que deixar suas casas rumo ao interior ou então construir diques ou muros de contenção que possam por algum tempo adiar a necessidade da mudança, que fatalmente um dia terá que acontecer.

Outra consequência da elevação do nível do mar é o impacto econômico direto que os portos deverão sofrer, já que os postos de embarque de mercadoria e algumas pontes precisarão ser refeitos para que possam continuar a serem usados. Entretanto, qualquer decisão de elevar ou modificar estruturas em áreas litorâneas precisarão ser planejados com anos de antecedência devido à ampla gama de processos naturais que afetam a costa.

Medições
Atualmente, o nível do mar é medido por mareógrafos ao longo da costa e por altímetro-radar a bordo de satélites de sensoriamento remoto.

Durante o século 20, as medições feitas pelos mareógrafos mostraram que o nível global dos oceanos subiu a uma taxa média 1.7 milímetros por ano, ou 1.7 centímetro por década. Dado coletados por satélite entre 1993 e 2003 indicam que elevação subiu 3.1 milímetros por ano, ou 3.1 centímetro por década. Apesar da taxa de elevação ser bem documentada, o registro por altimetria ainda é muito limitado para se afirmar se estamos observando uma aceleração de longo prazo ou apenas uma variabilidade climática.

À medida que as temperaturas e o nível do oceano aumentam, os cientistas continuam trabalhando para descobrir detalhes que permitam prever o quanto a água do mar em diferentes profundidades vai se aquecer e expandir. Além disso, diversos grupos de pesquisa trabalham para entender como as camadas de gelo na Groenlândia e na Antártica vão reagir ao aumento das temperaturas globais, uma vez que se o derretimento das geleiras se acelerar, o nível do mar também poderá subir abruptamente.

Em 2007, o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, IPCC, projetou que o nível global dos oceanos deve subir entre 18 e 59 centímetros até o ano de 2100. Entretanto, diversos cientistas acreditam que esse número está subestimado já que o modelo usado para o prognóstico não levava em conta a aceleração do derretimento das calotas polares.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Vulcão Nevada del Ruiz, Columbia


(Earth Observatory / Recursos Educativos) Vulcão Nevada del Ruiz, localizado aproximadamente a 140 Km para noroeste da capital da Colombia, Bogotá. A imagem foi obtida pela tripulação da Expedição 23, a bordo da Estação Espacial Internacional, em 23 de Abril de 2010.

Nevada del Ruiz é um grande vulcão de cone, construído a partir de sucessivas camadas de lava, cinzas e depósitos de fluxos piroclásticos. O topo do vulcão e os flancos superiores estão cobertos por várias geleiras que aparecem como uma massa branca ao redor da cratera Arenas. À sua volta estendem-se os fluxos de lava solidificada.

As erupções do vulcão remontam a 1570, mas a mais prejudicial em tempos recentes passou-se em 1985, a 13 de Novembro, em que uma erupção explosiva na Cratera Arenas derreteu o gelo e a neve do topo do vulcão. Uma avalanche de lama precipitou-se por dezenas de quilómetros, através dos vales dos rios, ao longo dos flancos do vulcão, matando pelo menos 23.000 pessoas. A maioria das mortes ocorreu na cidade de Armero, que foi ficou completamente inundada por lama.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Groenlândia degela menos que o previsto, dizem europeus


(Folha) O aquecimento global é uma realidade, mas algumas das catástrofes relacionadas ao fenômeno podem ter que ser revistas. É o caso do manto de gelo da Groenlândia, que pode estar menos ameaçado que o previsto.

Pesquisadores europeus realizaram um estudo, publicado na revista "Nature", em que afirmam que o degelo da ilha pode levar mais tempo do que se imaginava.

A causa do temor dos glaciólogos era um fenômeno denominado drenagem subglacial. A água gerada pelo derretimento do gelo infiltra-se em pequenos canais e alcança a camada rochosa abaixo do manto gelado.

Essa água, então, escorre em direção ao mar, formando uma lâmina aquática que atua como lubrificante e faz com que blocos de gelo "escorreguem" para o oceano.

Mas cientistas perceberam, analisando a ilha por satélite, que a drenagem subglacial causa menos estragos do que se pensava.

A partir de um limite de derretimento do gelo --1,4 centímetro por dia do manto--, a água para de abastecer a interface entre gelo e rocha e começa a se infiltrar em canais no gelo, escoando para o mar. O efeito lubrificante é, então, reduzido.

Os cientistas calculam que, em anos quentes, conforme o verão avança e as temperaturas sobem, a velocidade com que os blocos de gelo se deslocam para o mar se reduz entre 46% e 78%.

"O estudo é uma contribuição importante para a correção dos modelos matemáticos usados para prever o ritmo de redução do gelo da ilha", diz o glaciólogo Jefferson Simões, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera. Ele ressalta que os efeitos do aquecimento global sobre o gelo continuam valendo.

Segundo Andrew Shepherd, da Universidade de Leeds (Inglaterra) e um dos autores do trabalho, o estudo mostra que o gelo está mais seguro na Groenlândia do que o imaginado.

As previsões sobre o aumento do nível do mar --o IPCC (o painel da ONU para o clima) previa até 59 centímetro em cem anos-- talvez tenham de ser revistas, diz ele. Especialmente porque a Groenlândia é uma das grandes vilãs da elevação do nível dos mares.

Isso porque, em razão da localização, suas geleiras ficam a uma temperatura muito próxima da de fusão do gelo. "É necessário muito menos calor para derreter o gelo da ilha do que, por exemplo, o da Antártida", diz Simões.

Em 2007, o IPCC tinha causado polêmica ao estimar mais degelo do que o real. O órgão dizia que o gelo do Himalaia sumiria até 2035 --em 2010, o IPCC voltou atrás.
----
Matérias similares no Estadão, Terra e Ciência Hoje - Portugal

Atlântico Norte

No Norte da Escócia, a neblina encobre a ilha de Boreray

(National Geographic / iG) A neblina cai sobre a ilha de Boreray, no arquipélago de St. Kilda, norte da Escócia.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Perda de gelo no Ártico pode aumentar temperatura mais que o imaginado

(Correio Braziliense) Nos últimos 30 anos, com o declínio da cobertura de neve e gelo na superfície da Terra, diminuiu também a capacidade de o planeta refletir a luz do Sol, mandando parte da radiação de volta ao espaço. Com isso, pode-se esperar um nível de aquecimento global muito maior do que o previsto mesmo pelos mais drásticos modelos climáticos. É o que defende um grupo de pesquisadores que, a partir de dados obtidos por satélite, estudou os efeitos do derretimento do Mar Ártico na temperatura.

A pesquisa, publicada na edição on-line da revista especializada Nature Geoscience, concentrou-se no feedback do albedo — a habilidade da porção da Terra que contém água em forma sólida, como gelo, neve e calotas polares, de refletir os raios solares e mandar parte do calor de volta para o espaço. Essas regiões congeladas formam a chamada criosfera, uma peça-chave para o termostato natural do planeta. Como tem uma condutividade térmica baixa, o gelo funciona como isolante, reduzindo a quantidade de calor trocada entre a Terra e a atmosfera. Com menos camadas congeladas, o oceano fica mais exposto à luz do Sol, absorvendo e irradiando mais calor.

Os cientistas das universidades americanas de Michigan e Oregon descobriram que o resfriamento da criosfera vem diminuindo desde 1979, ao mesmo tempo em que decresce a cobertura de neve na terra e de gelo nos oceanos. De acordo com o estudo, é uma queda “substancialmente maior que as estimativas obtidas por 18 modelos climáticos”, incluindo as predições do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, o IPCC.

“Atualmente, a criosfera não se resfria como há 30 anos, e as simulações não têm reproduzido esse efeito”, diz ao Correio a pesquisadora da Universidade do Estado de Oregon Karen Shell. Cientista atmosférica e coautora do estudo, Karen diz que, embora não se possa, necessariamente, atribuir o fenômeno ao aquecimento global provocado pelo homem, o efeito do menor resfriamento da criosfera vai provocar o aumento da temperatura do planeta.

Com base em dados coletados pelo National Snow and Ice Data Center, dos Estados Unidos, e da Agência Espacial Americana (Nasa), entre outras fontes oficiais, os cientistas analisaram a média de energia refletida pela criosfera entre 1979 e 2008. Atualmente, o gelo e a neve do Ártico, incluindo a Groenlândia, refletem 3,3 watts por metro quadrado — 0,45 watts por metro quadrado a menos em comparação com 1979. Segundo os pesquisadores, para cada 1ºC a mais, a energia refletida cai entre 0,3 e 1,1 watts. No período analisado — 30 anos —, a região aqueceu 0,75ºC.

Efeito cascata
À medida que a área fica mais quente, perde-se mais gelo e neve e, como em um efeito cascata, é maior a probabilidade de as temperaturas subirem, como consequência. “Isso significa que a criosfera está respondendo ao aquecimento e levando ao aumento da temperatura, de forma mais grave do que previamente pensávamos”, afirma ao Correio o pesquisador da Universidade de Michigan Mark Flanner, também coautor do estudo.

Ele afirma que não é possível, porém, dizer exatamente quão quente o planeta ficará por causa do fenômeno. “Se a Terra fosse uma rocha estática, poderíamos calcular precisamente o nível de aquecimento. Mas nossa análise das mudanças na cobertura de neve e gelo nos últimos 30 anos indicam que o feedback da criosfera é quase duas vezes mais forte do que os modelos anteriores sustentavam. A implicação é que o clima do planeta pode ser mais sensível ao aumento, na atmosfera, das emissões de dióxido de carbono do que os modelos climáticos predizem”, afirma Flanner.

Segundo Karen Shell, parte do declínio no resfriamento da criosfera pode ser atribuído à variação natural do clima. “Trinta anos não é um período de tempo tão longo para se atribuir o fenômeno totalmente à influência antropogênica”, pondera. “Mas a perda do resfriamento é significativa. A taxa de energia que vem sendo absorvida pela Terra, em vez de ser refletida de volta à atmosfera, é quase 30% da taxa de absorção extra de energia provocada pelo aumento das emissões de carbono entre a época pré-industrial e o presente”, diz.

Embora localizado geograficamente no Hemisfério Norte, o Mar Ártico é essencial para o equilíbrio energético de todo o planeta. De acordo com Flanner, em uma escala global, a Terra absorve energia solar em uma taxa de 240 watts por metro quadrado ao longo do ano. “O planeta seria mais escuro e absorveria 3,3 watts a mais sem a criosfera do Hemisfério Norte”, exemplifica.

Aumento do fluxo de embarcações é ameaça
Se a equipe de cientistas que analisou o feedback do albedo na edição da Nature Geoscience atribui com parcimônia as mudanças climáticas e estruturais no Hemisfério Norte à ação do homem, o professor de ciências marinhas da universidade americana de Delawere James J. Corbett não tem dúvidas de que o homem está por trás do fenômeno. Ele é um dos maiores especialistas no assunto e autor de um estudo publicado no fim do ano passado na revista especializada Atmospheric Chemistry and Physics, no qual faz um alerta preocupante. À medida que as capas de gelo aquecem, uma nova rota comercial será estabelecida no Ártico, com repercussões significativas para o clima.

Corbett e seus colegas estudam o tráfego marítimo na região e as consequências ambientais da poluição gerada pelos navios, que usam diesel em seus tanques. Segundo ele, o combustível fóssil das embarcações pode aumentar as temperaturas entre 17% e 78%. “Os navios que operam próximo ao Ártico usam um tipo de diesel que libera carbono preto em uma das regiões mais sensíveis às mudanças climáticas”, diz. Produzidas pelos navios a partir da queima incompleta do combustível marítimo, essas pequenas partículas de carbono agem como “aquecedoras” porque absorvem a luz do Sol — tanto diretamente do astro quanto aquela refletida a partir da superfície da neve ou do gelo.

Cenários
Para entender melhor o impacto em potencial do carbono preto e de outros poluentes dos navios no clima (incluindo o dióxido de carbono, o metano e o ozônio), o grupo de pesquisadores produziu cenários amplos — áreas de cinco quilômetros quadrados — e desenvolveu modelos baseados nas projeções do aumento da frota na região. De acordo com Corbett, por volta de 2030, 4,5 gigatoneladas de carbono preto lançadas pelas embarcações do Ártico podem aumentar o aquecimento global vinculado às emissões de CO2 dos navios (42 mil gigagramas) em até 78%. Estima-se que, em duas décadas, as rotas no Ártico representem 2% do tráfego mundial e, em 2050, chegue a 5%.

Mas o cientista destaca que, com políticas ambientais de redução de danos e investimento em novas tecnologias, como um equipamento submarino que absorva o dióxido sulfúrico emitido durante a queima do combustível, é possível reverter os cenários pessimistas. Com controle, Corbett afirma que a quantidade de carbono preto lançada pelos navios pode cair pela metade em 2030. “Nossa esperança é que pesquisas como essa possam melhorar a comunicação entre a ciência emergente (o estudo das mudanças climáticas) e os responsáveis por elaborar políticas públicas, de formas a ajudar o Ártico”, diz. (PO)
----
E mais:
Temperatura da água no Ártico é a mais quente em 2 mil anos (iG)

Oceano quente influencia degelo (O estado de SP / JC)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ilhas de savana

Manchas de cerrado surgiram sobre leitos de antigos rios da Amazônia

Cercada por floresta, área de cerrado cresce sobre antigo leito de rio em Roraima



(Pesquisa Fapesp) Vista de longe, a Amazônia é quase sempre homogênea. Um mar verde, de floresta. O desmatamento (ainda) se concentra em suas bordas, nas áreas de fronteira agrícola, como o norte de Mato Grosso e Rondônia e o centro-sul do Pará. Nesses lugares em que antes havia uma vegetação densa e fechada surgiram pastos, plantações, cidades ou simplesmente regiões devastadas. É razoável supor que zonas desflorestadas pelo homem há poucas décadas e posteriormente abandonadas podem dar origem inicialmente a uma formação verde mais aberta, no estilo dos campos e cerrados. Mas o que explicaria a ocorrência de grandes manchas de savana – vegetação de clima bem mais seco do que da Região Norte – coladas a florestas em lugares da Amazônia onde quase não houve desflorestamento recente, como na porção leste da ilha de Marajó, em trechos às margens do rio Madeira e também do rio Branco, em Roraima?

Para a geóloga Dilce Rossetti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos (SP), a resposta está intimamente relacionada à história natural que moldou as características das bacias hidrográficas e do relevo da Amazônia. Antigos leitos de rios, por onde não corre mais água há alguns milhares de anos, sofreram um processo de sedimentação, viraram paleocanais e paleorrios – e foi justamente em cima desses segmentos aterrados de rios do passado que uma vegetação mais esparsa, com predomínio de gramíneas e poucas árvores, floresceu de forma natural. E não foi só isso. De acordo com o cenário proposto pela pesquisadora, especializada na reconstituição de paisagens do passado com o auxílio de dados de sensoriamento remoto, mudanças climáticas podem não ter sido o único fator que alterou o curso dos rios de outrora. “A reativação de falhas tectônicas deve ser a responsável por esse fenômeno”, afirma Dilce. “As pessoas pensam que a Amazônia é extremamente estável, mas ela tem oito regiões de ocorrência de sismos.” Embora não costumem gerar notícias, pois seu epicentro é em geral em zonas despovoadas e de floresta, alguns terremotos na região podem ser de grande magnitude e atingir até 6 ou 7 graus na escala Richter.

Essa teoria ganhou corpo depois que Dilce coordenou entre 2005 e 2008 um amplo trabalho multidisciplinar numa área piloto da Amazônia, a região do baixo Tocantins e da ilha de Marajó, no nordeste do Pará. O projeto Marajó, como os pesquisadores denominam a iniciativa que contou com financiamento da FAPESP, reconstituiu a história geológica da área desde o período Neógeno, há 23 milhões de anos, até os dias atuais. Vários aspectos da região foram estudados: as variações dos padrões de vegetação no tempo geológico; a ocorrência de deslocamentos de terrenos por movimentação ao longo de falhas tectônicas; os sedimentos formados dentro de antigos ambientes, como rios, lagos, planícies de inundação; a variação do nível do mar; e as mudanças climáticas. Diversas ferramentas de análise foram empregadas nos estudos. Imagens de satélite e de radar foram utilizadas para caracterizar espacialmente a área e amostras de sedimentos em profundidades de até 120 metros foram coletadas. Foram ainda usadas técnicas de datação e de análise química da matéria orgânica preservada nos sedimentos para melhor reconstituir a sucessão de paisagens ao longo do tempo.

Localizada na foz do rio Amazonas, distante alguns quilômetros do continente, a ilha de Marajó se estende por quase 50 mil quilômetros quadrados – 33 vezes a área da cidade de São Paulo – e apresenta um padrão de cobertura vegetal com disposição singular: cerca de dois terços de sua área, em especial na porção centro-oeste, são tomados por mata fechada, a típica floresta equatorial; o outro terço, na parte leste, apresenta um mosaico de matas mais abertas cortadas por campos alagados e formações no estilo da savana. Essa divisão da ilha em dois perfis distintos de vegetação tem origem em sua história geológica, segundo a pesquisadora do Inpe.

Separação do continente – Até cerca de 10 mil anos atrás, havia praticamente apenas florestas fechadas em Marajó, com exceção das áreas cortadas por sua antiga bacia hidrográfica. A ilha ainda fazia parte do continente e sua porção norte atual estava sob o mar. Braços do rio Tocantins serpenteavam por seu território. Então começou o seu processo de separação da terra firme. A reacomodação de uma falha tectônica mudou o curso do Tocantins, cujas águas trocaram o sentido noroeste pelo nordeste, e abriu caminho para cortar a ligação física de Marajó, hoje considerada a maior ilha fluviomarinha do mundo, com o resto do Pará. Uma falha que divide grosseiramente a ilha ao meio também se movimentou. “Isso fez com que a porção leste da ilha sofresse um afundamento suave e ficasse mais sujeita a alagamentos, inicialmente por invasão da água do mar e, depois que este se retirou, por inundação nos períodos de chuva”, afirma Dilce. Estavam criadas as condições naturais para que a ilha passasse a apresentar dois tipos distintos de vegetação.


À medida que o Atlântico se retirou da ilha, areia e lama foram tampando o leito de antigos estuários e rios. As cheias periódicas nesse setor inviabilizaram a permanência de matas densas e criaram as condições ambientais para que, há 6.700 anos, se desenvolvesse uma vegetação de campos abertos em determinados períodos do ano. Em paralelo, no trecho ocidental de Marajó, mais estável, a floresta permaneceu intacta. Desconectados do rio Tocantins desde o início do processo de separação da ilha do continente, boa parte dos cursos d’água dessa zona secou e, com o tempo, tornou-se sítios onde a vegetação passou a crescer, inicialmente como gramíneas e arbustos, e depois como espécies de floresta.

Rede de paleorrios se entrelaça com leito atual de rio na ilha de Marajó



Com as imagens de satélite, sobretudo as de radar, que esquadrinham as características do terreno mesmo em dias cheios de nuvens, o esqueleto da rede de paleorrios e paleocanais pode ser divisado pelos olhos treinados dos cientistas. Vêm à tona feições que hoje se encontram encobertas e camufladas pelo solo e sua vegetação. Às vezes, o antigo leito abandonado, hoje coberto por floresta ou savana, se encontra numa área em que não sobrou mais nenhum curso d’água nos arredores. Tudo foi aterrado. Em outras ocasiões, está próximo ao que restou do velho rio, que, devido ao tectonismo, teve de alterar o caminho pelo qual suas águas cortavam o relevo. Situado na porção dominada pela savana em Marajó, o atual maior lago da ilha, o Arari, está encaixado no paleoestuário que era alimentado por um rio hoje desaparecido que se originava no continente.

Em outras partes da Amazônia, o movimento nas falhas tectônicas igualmente alterou o curso de importantes rios e deixou uma série de paleocanais interconectados como vestígios desse chacoalhão na topografia. No centro-sul de Roraima, numa região dentro do Parque Nacional do Viruá a cerca de 190 quilômetros da capital Boa Vista, foi encontrada uma rede de paleorrios próximo da margem esquerda do atual rio Branco. Nessa mesma zona há uma extensa porção de savana em meio à floresta. “Alguns desses paleocanais ainda são ativos e podem ser tomados pelas águas na época das cheias”, diz o geógrafo Hiran Zani, que estuda a área em seu trabalho de doutorado sobre sensoriamento remoto no Inpe. “Datações preliminares da matéria orgânica preservada em amostras de sedimentos indicam que houve ali uma alteração de paisagem ao longo dos últimos 20 mil anos.”

Novo e velho Madeira – Um caso semelhante é o do rio Madeira na porção mais ao sul do estado do Amazonas. Nessa área, um segmento de 200 quilômetros de extensão do rio foi deslocado para leste em razão de um rearranjo de falhas tectônicas ocorrido há alguns milhares de anos. Vários dos afluentes da margem direita do Madeira também mudaram de lugar. Sobre os antigos leitos desses rios, que foram entupidos com sedimentos arenosos, cresceu uma vegetação do tipo campo ou cerrado. Em imagens de sensoriamento remoto e em fotos aéreas, esse tipo de vegetação mais aberta contrasta fortemente com a floresta de seu entorno. “Como na ilha de Marajó, as manchas de savana nessa região coincidem exatamente com os cursos dos antigos rios, hoje abandonados na paisagem”, afirma Dilce. “Somente mudanças climáticas no passado não teriam sido capazes de produzir faixas de savana que serpenteiam dentro da floresta e mimetizam os rios.”

Atribuir em boa medida a origem desses pontos isolados de savana na Amazônia à ocorrência de paleocanais de origem tectônica é uma ideia nova e ainda não consensual. O físico Luiz Carlos Pessenda, do Centro de Energia Nuclear da Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP), que participa de alguns estudos com Dilce na ilha de Marajó e em outros pontos da Região Norte, concorda apenas em parte com a tese da pesquisadora do Inpe. “Os dados geo­lógicos são importantes, mas complementares”, afirma Pessenda. “A questão climática é sempre relevante independentemente dos dados sobre tectonismo.” Segundo o físico, as manchas de campos e cerrados surgiram devido à maior aridez do clima na região entre 9 mil e 3 mil anos atrás. Estudos isotópicos e geoquímicos em solos e sedimentos lacustres indicam que pode ter chovido bem menos na Amazônia e na Região Nordeste durante esse período, inviabilizando a manutenção da floresta tropical em certas zonas e abrindo caminho para a instalação de campos e cerrados.

Numa questão Pessenda e Dilce estão 100% de acordo: as áreas de savana natural parecem estar perdendo espaço nos últimos anos e as florestas densas e fechadas caminham para tomar seu território. Isso deve ocorrer – a menos que haja novas mudanças de fundo no relevo ou no clima da Amazônia.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Vulcões ajudaram a extinguir vida há 250 milhões de anos, diz estudo

Cientistas usam camadas de cinzas no Canadá como provas para teoria. Fuligem acabou com 95% da vida marinha e 70% dos seres em terra.

Vestígio estava perto do Lago Buchanan, no Canadá (Foto: Steve Grasby / Universidade de Calgary / NRCan)

(G1) Cientistas da Universidade de Calgary, no Canadá, descobriram evidências para explicar como grandes erupções de vulcões há 250 milhões de anos produziram carvão suficiente para formar nuvens de cinzas na atmosfera, gerando gases de efeito estufa que acabaram com um ciclo de vida na Terra. O estudo foi divulgado neste domingo (23) na publicação científica “Nature Geoscience”.

As pistas foram encontradas no norte do país e são camadas de carvão e fuligem, depositadas na região ártica. Mas o material teria sido originado em vulcões hoje localizados na Sibéria, atual Rússia, próximos a cidades como Tura, Yakutsk e Irkutsk. Na área de 2 milhões de metros quadrados, maior que a da Europa, a atividade vulcânica gerou a fuligem que se encontra agora no outro lado do mundo, no norte do continente americano.

Na época estudada pelos pesquisadores canadenses, a Terra continha apenas um supercontinente, conhecido como Pangea, com ecossistemas variados como desertos e florestas. Entre os seres vivos presentes, os cientistas afirmam que havia animais apoiados em quatro patas como anfíbios e répteis primitivos, além de um grupo extinto chamado synapsida, que teria dado origem a mamíferos.

O impacto teria sido tão grande que 95% da vida marinha e 70% dos seres vivos no planeta teriam sido dizimados, segundo os canadenses Steve Grasby, Benoit Beauchamp e Hamed Sanei, professores do Departamento de Geociências da universidade e responsáveis pelo artigo.

“Nossa pesquisa é a primeira a detectar que erupções vulcânicas massivas, as maiores que o mundo já testemunhou, causaram combustão de carvão suficiente para explicar aumento significativo na emissão de gases de efeito estufa naquela época”, afirma Grasby. “Aqui no Canadá, nos achamos camadas com matéria orgânica abundante, que o professor Hamed distinguiu como formadas por carvão e cinzas, como as produzidas atualmente por usinas termoelétricas.”

Apocalipse diferente
A teoria de Grasby, Bauchamp e Sanei para explicar a extinção de boa parte da vida na Terra há 250 milhões de anos é diferente das suposições sobre o fim da era dos dinossauros, répteis que viveram no planeta e desapareceram há 65 milhões de anos. No segundo caso, uma das causas mais defendidas pelos especialistas é a de um impacto de meteorito na superfície terrestre. A península de Yucatán, no México, é apontada como um dos prováveis locais para a colisão.

O período estudado pela equipe da Universidade de Calgary é conhecido como Permiano Tardio. É uma faixa de tempo entre 300 milhões e 250 milhões de anos atrás, dentro da era Paleozoica. Segundo os pesquisadores, à época a Terra já enfrentava aquecimento, com o nível do oxigênio nos oceanos diminuindo.

“Eram tempos ruins para a Terra. Para piorar, essas erupções vulcânicas, jogando aquelas cinzas altamente tóxicas, contribuíram para o pior caso de extinção de espécies na história terrestre”, diz Grasby.

----

Matérias similares no Ciência Hoje - Portugal e Terra

sábado, 22 de janeiro de 2011

Temperatura na Europa aumentou desde 1700 devido a actividade humana

Investigação internacional inovadora conjuga dados históricos e científicos

Actividade humana tem sido fundamental para o aumento da temperatura nos últimos 300 anos


(Ciência Hoje - Portugal) Desde os últimos 300 anos que a actividade humana tem sido determinante para o aumento das temperaturas na Europa. Esta é a conclusão de um estudo pioneiro realizado através de simulações e reconstruções climáticas dos últimos 500 anos. Publicada na «Nature Geosciences», a investigação foi liderada pela Universidade de Edimburgo (Escócia), com a colaboração das universidades Justus-Liebig e Berna (Alemanha) e a Universidade Complutense de Madrid (Espanha).

O aumento das temperaturas, durante o Inverno, desde 1700 (que coincide com o início da Revolução Industrial) foi comprovado através da análise de dados de simulações realizadas com modelos de clima do último milénio.

Utilizaram-se reconstruções climáticas, que incluíram dados climáticos actuais e outros procedentes de observações instrumentais antigas, obtidos com tecnologia utilizada nos séculos XVII e XVIII, bem como informação registada em documentos históricos e dendroclimáticos.

A inédita conjugação de dados utilizada pelos investigadores foi necessária pois só nos últimos 150 anos existem medidas instrumentais fiáveis. O estudo teve ainda em consideração os factores externos que influenciaram a evolução do clima na Europa durante a segunda metade do último milénio, como a mudança da energia emitida pelo sol e os registos da actividade vulcânica, cujas variações afectam a temperatura do planeta.

As mudanças das concentrações de gases de efeito de estufa e os aerossóis troposféricos, associados fundamentalmente às emissões vinculadas à actividade humana, foram também equacionados.

Esta é a primeira vez que se faz uma avaliação do clima europeu dos últimos séculos em função de parâmetros estacionais e à escala continental. Segundo Fidel González Rouco, da Universidade Complutense, citado pelo jornal «El Mundo», os resultados determinam a vinculação da actividade humana com o aumento das temperaturas no Inverno. Para as restantes estações, os dados não foram tão conclusivos e requerem um maior estudo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Nasa se prepara para lançar a próxima missão de observação da Terra


(O Globo) A mais nova missão de observação e pesquisa da Terra será lançada no dia 23 de fevereiro, da Base Aérea de Vandenberg, na Califórnia. O satélite Glory pretende estudar como o Sol e as partículas em suspensão na atmosfera (aerossóis) afetam a temperatura da Terra. O satélite vai se juntar a uma frota chamada Afternoon Constellation ou "A-train", grupo de satélites de observação que inclui as naves Aqua e Aura, da Nasa.

- O Glory vai ajudar os cientistas a atacar uma das maiores questões das mudanças climáticas identificada pelo Painel Intergovernamental das Nações Unidas: a influência dos aerossois no equilíbrio de energia do nosso planeta - diz Michael Freilich, um dos diretores da missão da Nasa.

Originalmente aprovado em 2005, o Glory foi desenvolvido por um time de engenheiros e cientistas de vários setores dos EUA. O satélite chegou em Vandenberg em 11 de janeiro depois de uma viagem pelo país desde a Orbital Sciences Corporation, em Dulles.

- A nave está no local de lançamento e todas as inspeções e testes elétricos estão sendo feitos - diz Bryan Fafaul, gerente do projeto Glory no Goddard Space Flight Center, da Nasa.

O satélite está equipado com uma nova tecnologia para esclarecer alguns dos mais complexos elementos do Sistema da Terra. A missão levará o aerossol Polarimetria Sensor (APS) - que vai coletar dados de nove tipos de ondas diferentes para ajudar a distinguir entre os aerossois naturais e os produzidos por humanos - e o monitor de irradiância total (TIM, na sigla em inglês) - para medir a irradiância solar, que varia conforme os ciclos do Sol a cada 11 anos, aproximadamente.

Glory vai voar na órbita baixa da Terra, em uma altitude de 438 milhas, a distância aproximada de Boston a Washington. Depois do lançamento, a missão fará testes de verificação a cada 30 dias e coletará dados por pelo menos três anos.
----
Matéria similar no Estadão

Ano de 2010 teve recorde de derretimento na Groenlândia

Estudo que analisou aumento de temperatura na região aponta que o derretimento ainda pode crescer

Cientista responsável pelo estudo observa a vazão do degelo que escoa por rachadura na neve


(iG) O ano de 2010 atingiu o recorde de maior derretimento da superfície de gelo da Groenlândia. Além disto, em alguns pontos da região o período de derretimento foi prolongado em 50 dias, como concluiu estudo publicado hoje (21) no periódico científico Environmental Research Letters.

“O ano de 2010 foi duas vezes mais alto que a média das variabilidades dos últimos 30 anos (de 1979 a 2009)”, disse Marco Tedesco, diretor do laboratório de processos da Criosfera do City College de Nova York e que liderou o estudo sobre as variáveis que afetam o derretimento de gelo.

O pesquisador analisou as anomalias de temperatura na superfície do gelo da Groenlândia, bem como estimativas de derretimento da superfície a partir de dados de satélite, observações de terreno e modelos climáticos. De acordo com Tedesco, o aumento do derretimento deixa exposto uma camada chamada lençol de gelo – massa formada há milênios. “Com isto, as previsões sobre o aumento do nível do mar por causa do aquecimento global, podem ser ainda piores”, disse. Ele explica que muitos modelos não incluem os lençóis de gelo no calculo sobre o aumento do nível do mar.

Ano quente e suas consequências
Em 2010, o início do derretimento começou muito cedo, já em abril, na primavera do Hemisfério Norte. O fenômeno foi alavancado por temperaturas acima do comum. Para se ter uma ideia, Nuuk, a capital da Groenlândia, teve a primavera mais quente desde 1873, quando iniciaram os registros de temperatura na região.

As altas temperaturas contribuíram para acelerar a transformação da neve. Tedesco explica que a neve que derrete mais rápido de certo modo se torna “velha” mais cedo, formando grandes grãos que absorvem mais a radiação solar. “Estima-se que a neve absorva apenas 15% da radiação solar, a neve ‘velha’ absorve de 30% a 40%. Quando a neve acaba, o gelo absorve 70% da radiação”, disse.

Este aumento da absorção dos raios solares juntamente com o aumento da temperatura na atmosfera - mais de 3°C que o normal, - e a menor precipitação - faz com que o derretimento do gelo não ocorresse de forma linear. “O crescimento do derretimento é exponencial, vai aumentando conforme o tempo”, disse.

Podemos ter um tsunami no Brasil?

Gráfico: Modelo matemático mostra uma hipotética erupção do Cumbre Vieja e a possível formação de ondas gigantes. Segundo o modelo, as ondas chegariam à costa norte e nordeste do Brasil em seis horas. Crédito: “Mega-tsunami: Wave of Destruction” British Broadcasting Corporation.
(Apolo11) Tsunamis são ondas gigantes, provocadas por terremotos no fundo do mar, deslizamentos gigantescos de encostas ou erupções vulcânicas oceânicas. Apesar do Brasil se localizar no centro da placa tectônica sul-americana, sua grande extensão costeira torna o país vulnerável às ondas induzidas por sismos de grande magnitude que possam ocorrer longe da costa.

Já aconteceu
Ao que tudo indica, a costa de São Paulo já foi atingida por um grande maremoto que devastou a cidade de São Vicente. Isso aconteceu em 1541 e devastou a vila construída por Martim Afonso. Até hoje os pesquisadores não sabem ao certo o que causou o tsunami, mas como os europeus já estavam aqui, diversos documentos históricos registram o evento.

Cumbre Vieja
Recentemente, alguns cientistas passaram a se preocupar com uma possível erupção do vulcão Cumbre Vieja, localizado no arquipélago das Ilhas Canárias, na costa oeste da África.

Esse vulcão tem um de seus flancos instáveis e segundo os defensores dessa teoria, caso ocorra uma erupção muito forte poderá desmoronar, despejando no mar mais de 500 bilhões de toneladas de terra. Isso produziria um mega tsunami que se espalharia pelo Caribe, Flórida e costas norte e nordeste do Brasil, além do oeste da Europa.

De acordo com alguns modelos, as ondas teriam 40 metros de altura e chegariam ao Brasil em 8 ou 9 horas.

Apesar de catastrófica, a hipótese de um tsunami provocado pelo Cumbre não é compartilhada por todos os cientistas, que acreditam que o vulcão não tem energia suficiente para provocar um mega terremoto dessas proporções.

Em 1949, uma erupção fez o cume da montanha cair vários metros adentro do Oceano Atlântico, mas não provocou qualquer tsunami.

O vulcão apresenta fortes erupções a cada 200 ou 300 anos e a última grande erupção ocorreu em 1971, também sem consequências. Isso significa que se depender do Cumbre Vieja podemos ficar tranquilos pelos próximos três séculos.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tabela Escala Richter


ONU confirma que 2010 foi o ano mais quente da história

Geleiras caíram a níveis recordes. Foto: AFP





(AFP / JB) A Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à ONU, informou nesta quinta-feira em Genebra que 2010 foi o ano mais quente desde que há registros, o que confirma uma tendência "significativa" de aquecimento do planeta a longo prazo.

A tendência também contribuiu para um derretimento ainda maior do gelo no Oceano Ártico, cujas geleiras caíram a níveis recorde em dezembro.

"Ano passado foi o mais quente registrado, junto com 2005 e 1998", afirma um comunicado da OMM, o que confirma as avaliações preliminares baseadas em um período de 10 meses e que foram apresentadas na reunião mundial sobre o clima de dezembro.

"Os dados de 2010 confirmam uma tendência significativa de aquecimento da Terra a longo prazo", afirmou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud.
----
Matérias similares no Terra, G1, iG, UOL, R7, Yahoo, Veja, Inovação Tecnológica e Correio Braziliense

----

E mais:

Informação: Gráficos mostram a evolução do Aquecimento Global (Apolo11)

Novo sistema é capaz de identificar tsunamis cinco minutos após terremoto

Consórcio de instituições científicas liderado por centro alemão conclui sistema capaz de detectar a formação de ondas gigantes no Oceano Pacífico apenas cinco minutos depois da ocorrência de um terremoto em alto-mar

(Correio Braziliense) Seis anos depois das ondas gigantes que varreram a Indonésia, matando 250 mil pessoas, o projeto do Sistema de Alerta Precoce de Tsunamis Germânico-Indonésio (Gitews, sigla internacional) chega ao fim. Em 31 de março, a Alemanha encerra sua parte da parceria, e o país asiático assume, sozinho, o conjunto de softwares, satélites e sensores que visam a evitar tragédias como a de dezembro de 2004.

Desde a ocorrência do tsunami, um consórcio de 10 instituições internacionais, liderado pelo centro de pesquisas de geociências alemão GFZ, começou a investir em tecnologia de ponta para lançar um sistema de alerta mais preciso. A iniciativa foi do governo da Alemanha, que, imediatamente após o desastre de 26 de dezembro, contratou o GFZ para desenvolver e implementar um sistema de alarme precoce para o Oceano Índico. Foram investidos cerca de 45 milhões de euros.

Em operação desde 2008, as 300 estações do Gitews conseguem detectar a iminência de um tsunami menos de cinco minutos depois da formação de um terremoto submarino. Embora não seja possível evitar a formação das ondas gigantes, quanto mais rápido elas forem identificadas, maiores as chances de alertar a população para que evacue as áreas de risco. O sistema Gitews não beneficia apenas a Indonésia, mas todos os países banhados pelo Índico.

“Um fenômeno natural como o tsunami de 2004 não pode ser prevenido, e desastres semelhantes continuarão a fazer vítimas, mesmo com um sistema de alarme funcionando perfeitamente. Mas as repercussões desses desastres podem ser minimizadas com um projeto de alarme precoce. Esse é o objetivo do Gitews”, explica o professor Reinhard Hüttl, diretor científico do GFZ. De acordo com ele, a abordagem tecnológica utilizada é inovadora, ao combinar diferentes tipos de sensores, “cujo elemento central é uma rápida e precisa detecção e análise dos terremotos, baseadas em dados GPS”.

Segundo o centro GFZ, mais de 90% dos tsunamis surgem a partir de fortes terremotos. A catástrofe de 2004 foi, com a magnitude de 9,3 na escala Richter, o segundo maior terremoto já registrado na história do planeta. Quinze minutos depois do tremor submarino, as ondas atingiram a província de Banda Aceh, resultando na morte de 140 mil pessoas, somente naquele local. Daí a importância de medir com precisão a localidade, a fonte e a magnitude dos terremotos, algo extremamente difícil de fazer. No Gitews, foi preciso desenvolver um software específico, o SeisComP3, que faz esse trabalho. O programa de computador consegue, em cerca de dois minutos, indicar a localização e a força do terremoto.

Sensores
O professor Reinhard Hüttl explica que nem todo tremor submarino resulta em um tsunami. Por isso, ele afirma que é preciso determinar, ainda no mar, se um terremoto vai dar origem às ondas gigantes. Para tanto, a equipe de pesquisadores instalou no Oceano Índico sensores que conseguem reconhecer as mudanças da pressão da água, que ocorrem quando há formação de tsunamis. Se esses equipamentos detectam alterações, boias instaladas na superfície do mar recebem a informação e a transmitem imediatamente para o centro de alarme, onde trabalham equipes de cientistas.

Consideradas importantes inovações no sistema, as boias funcionam não apenas como estações de retransmissão, mas como detectoras de tsunamis. Elas são importantes porque, caso os sensores submarinos estejam muito próximos à origem do tremor, esses instrumentos não conseguem diferenciar se o fenômeno seguinte será apenas um terremoto ou se haverá um tsunami, podendo passar falsos alarmes. Equipadas com computador e painéis solares, as boias possuem também uma antena GPS que determina precisamente o movimento e o nível do mar. O instrumento consegue perceber ondas que viajam a uma velocidade de até 800km/h.

De acordo com Hüttl, a geografia da Indonésia dificulta a detecção precoce de tsunamis, mas, mesmo assim, ele afirma que o sistema Gitews conseguiu provar que é funcional do ponto de vista técnico e de organizacional. Desde setembro de 2007, quatro fenômenos foram detectados e houve tempo hábil para alertar a população. “Mas principalmente os habitantes das ilhas pequenas e isoladas precisam receber também treinamentos para saber como agir quando atingidos. Isso inclui não apenas a resposta correta durante o alarme de tsunami, mas também o comportamento correto antes, durante e depois dos terremotos”, defende o cientista.
----
Matéria com imagens aqui

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

2010 é segundo ano mais quente já registrado, diz instituto britânico

Unidade de pesquisa mede a temperatura desde 1850. Dados são diferentes dos divulgados pelos EUA na semana passada.

(Reuters / G1) O ano passado foi o segundo mais quente, atrás somente de 1998, num histórico iniciado em 1850, disse o diretor da Unidade de Pesquisa Climática da Grã-Bretanha, Phil Jones, nesta quarta-feira (19).

O dado britânico é uma das três fontes principais para medir o aquecimento global. Na semana passada as outras duas agências, ambas sediadas nos Estados Unidos, disseram que 2010 estava empatado com 2005 na posição de ano mais quente já registrado.

Os dados britânicos mostraram que todos os anos da década passada, exceto por um, estão entre os 10 mais quentes desde 1850, o que sinaliza uma tendência de intensificação do aquecimento, disse Jones à agência Reuters.
----
Matérias similares no iG, UOL, AstroPT e Yahoo

Terra estará 2,4 graus Celsius mais quente até 2020, aponta estudo

Produção alimentar seria insuficiente para satisfazer as necessidades de 7,8 bilhões de pessoas

(Estadão) Uma análise detalhada do impacto das mudanças climáticas conclui que a temperatura da Terra será, no mínimo, 2,4º C mais quente até 2020, caso o modo de vida atual continue.

Os impactos de um planeta mais quente sobre a produção global de alimentos serão enormes. De acordo com os padrões de distribuição atual, a produção alimentar não seria suficiente para satisfazer plenamente as necessidades alimentares de 7,8 bilhões de pessoas estimadas a viver no mundo na próxima década, o equivalente a 900 milhões de habitantes adicionais.

Em 2020, ao se considerar os impactos das mudanças climáticas e o crescimento populacional, a produção global de trigo vai experimentar um deficit de 14% entre produção e demanda; a produção de arroz terá um deficit de 11%; e a de milho, 9%. A soja é a única cultura que mostra um aumento na produção, com um excedente de cerca de 5%.

Essas são algumas das principais conclusões do relatório "Falta de comida - Impactos das mudanças climáticas na produção de alimentos: Uma perspectiva para 2020", produzido após um projeto realizado por um ano pela Fundação Ecológica Universal (FEU), organização sem fins lucrativos.

"A evidência de que os gases de efeito estufa aumentam a temperatura do planeta já está disponível há quase duas décadas. O relatório de 2007 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) concluiu que, de forma inequívoca, o aquecimento da Terra é antrópica, ou seja, produzida pelo homem", afirma o dr. Osvaldo Canziani, Nobel da Paz e ex-vice-presidente de um grupo de trabalho do IPCC. Canziani também é assessor científico do relatório e da FEU nos Estados Unidos.

A análise e os dados utilizados para produzir o relatório são baseados em documentos importantes já publicados pelo IPCC e por outras agências da Organização das Nações Unidas (ONU).

"A chave para o nosso relatório foi analisar, sintetizar e atualizar os documentos e dados de diferentes fontes e apresentá-los de forma acessível", explica Liliana Hisas, diretora executiva da FEU-EUA e autora do relatório. "A avaliação é baseada nas conclusões de 2007 do IPCC. Nossos outros princípios se basearam no atual sistema de negócios. Também focamos nos impactos das mudanças climáticas no curto prazo, ou seja, em uma década", completa.
----
Matérias similares no iG, Yahoo e Público - Portugal
----
E mais: Especialistas acusam erros em estudo sobre efeitos do clima (AFP/iG) , com matéria similar no Terra

Portugueses estudam zonas marinhas profundas e novas espécies

Investigação integrada no projecto Hermione

Principais ecossistemas das águas portuguesas ficam no Golfo de Cádis

(Ciência Hoje - Portugal) Várias zonas marinhas profundas ainda desconhecidas vão continuar a ser estudadas por cientistas portugueses que já descreveram novas espécies e funcionamento de alguns ecossistemas, um saber importante para aplicação alimentar ou médica, disse uma cientista da Universidade de Aveiro.

Os trabalhos de investigação integram-se no Projecto Hermione, que tem o financiamento do 7.º Programa Quadro da Comissão Europeia até 2012, envolve 39 instituições europeias e tem como objectivo o estudo dos ecossistemas marinhos de profundidade e do seu funcionamento, relacionando com as alterações climáticas e com o impacto humano. Este projecto prossegue os trabalhos do Hermes, que decorreu entre 2005 e 2009.

Em Portugal, a investigação concentra-se nas zonas do Golfo de Cádis, a sul do Algarve, e nos canhões submarinos da Nazaré, Setúbal e Cascais, além da região dos Açores. "Não sabemos nada ou [sabemos] muito pouco daquilo que está nas profundezas [do oceano] e estamos a pôr em risco com as nossas actividades alguns destes ecossistemas, mesmo antes de conhecermos as suas potencialidades, o seu interesse, o seu valor económico e ecológico", explicou à agência Lusa a coordenadora do grupo da Universidade de Aveiro no Projecto Hermione, Marina Cunha.

"Conhecemos melhor a superfície de alguns planetas que o fundo dos nossos oceanos, o que é uma falha no nosso conhecimento que não pode continuar", frisou a cientista do Departamento de Biologia. A investigadora referiu ainda que "muitos dos recursos biológicos e geológicos que existem no fundo dos oceanos podem ter um grande potencial para a humanidade, no futuro e agora, em aplicações médicas ou como recursos para alimentação".

No decorrer do trabalho, os investigadores concluíram que aquelas zonas marinhas portuguesas "têm uma biodiversidade muito grande comparada com outras áreas do Atlântico, têm um elevado número de espécies que ainda não foram descritas e uma grande importância para a ecologia das regiões", realçou.

Os principais ecossistemas das águas portuguesas são os vulcões de lama, no Golfo de Cádis, os canhões submarinos, as montanhas submarinas, fontes hidrotermais e em certas zonas recifes de coral de profundidade. Do trabalho de investigação já resultaram 15 publicações sobre os ecossistemas, com descrição de espécies novas e aspectos relacionados com a biodiversidade e o seu funcionamento.

O projecto envolve especialistas em Biologia, Ecologia, Biodiversidade, Oceanografia, Geologia, Sedimentologia, Geofísica e Bioquímica e apresenta "um cariz inovador na ligação que estabelece com o campo da política e da economia do mar". Os seus resultados podem ser aplicados na definição de estratégias para uma gestão sustentada dos recursos marítimos.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Foto da tripulação da ISS mostra acesso tibetano ao Everest

Astronautas no posto orbital mostram caminho usado pelos alpinistas. Imagem foi divulgada pelo Earth Observatory, da Nasa.

(G1) Uma imagem divulgada pelo Earth Observatory, da Nasa, mostra o acesso nordeste ao monte Everest, o maior do mundo, com 8.849 metros de altitude. Esta rota está disponível a partir do Tibete e foi fotografada pela equipe da Expedição 26, que trabalha atualmente na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). O cume do Everest é visto no topo central da foto, acessível por uma passagem conhecida como Colo Norte. Ela liga o topo da montanha a um acampamento na base do monte Changtse, localizado no centro da imagem. A aumento no número de expedições ao cume tem levado as autoridades nepalesas a obrigar os alpinistas a trazerem de volta lixo e equipamentos de oxigênio, para evitar a poluição no monte. (Foto: Nasa)
----
Matérias similares no UOL e Folha

Segredos climáticos nas profundezas do mar

Cientistas buscam dados do aquecimento global a 11 mil metros de profundidade, no Pacífico

(O Globo / JC) As profundezas do oceano guardam informações cruciais para a compreensão do clima e o aquecimento global. Pela primeira vez, um grupo internacional de cientistas conseguiu obter dados significativos na Fossa das Marianas - o lugar mais fundo de toda a crosta do planeta, com 11 mil metros de profundidade, no Oceano Pacífico.

O grupo internacional de pesquisadores usou um submersível, projetado para suportar imensas pressões e conseguir chegar ao fundo do canyon submarino. Os primeiros resultados revelam que a fossa funciona como um grande sorvedouro de carbono e, por isso, teria um papel-chave na regulação do clima e de toda a química terrestre.

- Esta é a primeira vez que conseguimos levar instrumentos tão sofisticados a tais profundezas e medir o quanto de carbono está estocado lá - afirmou o coordenador do estudo, Ronnie Glud, da Universidade do Sul da Dinamarca e da Associação Escocesa de Ciências Marinhas.

O submersível foi lançado de um navio e levou três horas para alcançar o leito do oceano. Para se ter ideia do que representa a profundidade do Challenger Deep, o local mais profundo da fossa, o Monte Everest, o ponto mais alto da Terra, tem 8.850 metros de altura.

Portanto, se fosse colocado no fundo das Marianas, ainda seriam necessários mais 2.150 metros para alcançar a superfície da água.

No fundo do oceano, o submersível realizou diversas experiências. Os resultados dos testes permitiram aos cientistas estimar o volume de CO2 em tais profundezas.

- Basicamente, buscamos entender quanto material orgânico é carreado para o leito do mar e degradado ou comido por bactérias - explicou Glud. - Estabelecer a proporção do que é degradado e do que é enterrado nos permite determinar as concentrações de oxigênio e dióxido de carbono dos oceanos e da atmosfera e nos dá uma visão geral do quanto o mar é capaz de sequestrar carbono.

Até agora, o papel das fossas oceânicas no ciclo global de CO2 permanecia misterioso. Mas os novos dados trouxeram revelações importantes.

- Embora as fossas cubram 2% do oceano, achamos que elas podem ser desproporcionalmente importantes porque acumulam muito mais carbono, já que acabam carreando muito mais matéria orgânica do que outras partes do oceano - disse Guld.

O próximo passo é quantificar os resultados e tentar determinar exatamente quanto CO2 estaria estocado em fossas submarinas e quanto de carbono - degradado por bactérias - estaria sendo liberado na atmosfera.

Você sabe o que a Geofísica faz?

Monitoramento em tempo real do campo magnético da Terra. [Imagem: USGS]




Engrenagens da Terra
(Inovação Tecnológica) Para divulgar a geofísica e torná-la mais próxima da sociedade, o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosférica (IAG) da USP criou o Espaço Geofísica, situado no Parque de Ciência e Tecnologia (Cientec) da USP.

No local são promovidas atividades que se propõem a mostrar como funcionam as "engrenagens da Terra", voltadas principalmente para estudantes a partir do quinto ano do ensino fundamental.

O Espaço possui aparelhos reais utilizados no exercício da geofísica, como um sismógrafo (instrumento que detecta e registra tremores de terra) e um magnetômetro (que mede a intensidade, sentido e direção de campos magnéticos).

O que é Geofísica
A geofísica teve seu início com a teoria da deriva continental, em 1912. "Apesar dos alunos estudarem conceitos de geofísica, como tectônica de placas e divisão da terra em crosta, manto e núcleo, eles não sabem como eles foram obtidos," afirma o professor Ailton Bassini, responsável pelo local.

"Como é que a gente sabe qual a constituição da terra, que tipo de rocha, qual a densidade, qual a pressão, qual a temperatura? Tudo isso sai da geofísica" acrescenta Bassini.

O roteiro da visita ao Espaço Geofísica, que dura em média uma hora e meia, tenta fornecer algumas noções básicas da ciência por meio de uma palestra acompanhada por slides e filmes didáticos.

Fenômenos recentes e de grandes proporções também são comentados, a exemplo do tsunami ocorrido na Indonésia ao final de 2004, sobre o qual Bassini fez um filme de nove minutos. "Posso dar uma aula de geofísica ao mostrar cenas do terremoto que aconteceu, as consequências, os danos, o que se pode fazer a respeito", diz.

Durante a explicação, ainda se tenta trazer para os alunos a dimensão de fenômenos geofísicos, a partir da comparação com outros elementos mais facilmente verificáveis.

Bassini conta que, para exemplificar o que seria a magnitude de um terremoto, ele costuma fazer uma comparação com a usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo. "A energia liberada por um terremoto de escala nove é mais ou menos a mesma que Itaipu produziria trabalhando quatro anos e meio", afirma.

Terremotos no Brasil
Para o professor, a aula do Espaço Geofísica é importante para desmitificar algumas noções errôneas que os alunos carregam consigo, como a de que no Brasil não existem terremotos.

"Eu faço uma pesquisa e, ainda hoje, 98% dos alunos respondem 'não' quando eu pergunto se há sismos no Brasil".

Como forma de corrigir isso, o docente costuma mostrar um grande mapa do Brasil, no qual há pequenos círculos indicando os locais em que acontecem tremores, e chamar a atenção para quatro ou cinco casos em particular, como o de João Câmara, cidade do Rio Grande Norte, em que foram registrados 12 mil tremores em apenas quatro meses durante o ano de 1986. "É preciso saber que há uma atividade física importante no País", diz.

Trabalho do geofísico
Além disso, as perspectivas do geofísico no mercado de trabalho, pouco conhecidas, também são reveladas na apresentação. Com o apoio dos slides e de pôsteres temáticos, são explicadas as formas de atuação em vários nichos específicos da geofísica, como geoelétrica, geotermia e prospecção de petróleo.

"Geoelétrica, por exemplo, como funciona? Pode ser aplicada na contaminação dos lençóis freáticos. Pode-se, por métodos elétricos, determinar como é a contaminação, ou seja, qual a sua superfície e profundidade", explica Bassini.

Por meio do projeto Ciência Móvel, do Parque Cientec, o Espaço Geofísica também consegue chegar a outras cidades do estado e até mesmo do Brasil. Este ano, já foram atendidas escolas em cidades como Lorena (SP), Franco da Rocha (SP), São Vicente (SP) e Caxambu (MG), entre outras.

Visitas
Nas visitas, uma grande parte dos equipamentos encontrados no Espaço também é levada para ser exposta aos alunos. "Eu levo sismógrafo, sensor, GPS - todos os equipamentos pequenos que eu possa levar numa caixa. E os pôsteres temáticos também", diz Bassini.

Segundo ele, as atividades e seus objetivos permanecem os mesmos. Mas a grande diferença está no tempo e no número de alunos atendidos: as aulas duram apenas entre 40 e 50 minutos e, num dia inteiro, mais de mil estudantes chegam a ser atendidos.

As visitas ao Parque Cientec ocorrem de terça a sexta-feira e devem ser agendadas previamente pelo telefone (11) 5077-6312. O endereço é Av. Miguel Stéfano, 4200, Água Funda, São Paulo. Outras informações podem ser encontradas no site http://www.parquecientec.usp.br/ .

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cânion

A luz do sol evidencia as ondulações do cânion Antelope, nos Estados Unidos

(National Geographic / iG) A luz do sol surge pelas fendas do Cânion Antelope perto de Page, Arizona (EUA). A iluminação evidencia as ondulações trabalhadas por anos de inundações e outros processos erosivos.

Caverna Infinita no Vietnã


(National Geographic / EPOD / Cienctec) Essa foto maravilhosa mostrada acima foi feita em uma imenso complexo de cavernas dentro da entrada do Vietnã central – no Parque Nacional Phong Nha-Ke Bang. Durante a primavera de 2009, uma equipe de estudiosos de cavernas começou a explorar uma montanha cavada por um rio no Vietnã e descobriu uma passagem formada por um rio subterrâneo há milhões de anos atrás. Como um castelo em uma colina, uma formação de calcário brilha na luz do céu de Caverna Hang Son Doong. Uma tempestade de monção tinha acabado de encher a piscina que aparece em primeiro plano na imagem, significando a estação de exploração estava chegando ao fim. Referida como a “cratera infinita” esse labirinto subterrâneo tem mais de 4 quilômetros de comprimento. Essa foto foi feita em Maio de 2009.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Tecnologia de satélite permite medir melhor energia solar, dizem cientistas

Novos dados sobre irradiação solar foram obtidos com nova calibragem. Meta é saber como flutuações de energia no Sol afetam o clima na Terra.

Monitor de Irradiação Total (TIM, na sigla em inglês), antes de ser lançado na espaçonave Sorce, da Nasa. Instrumentos de medição melhores proporcionam compreensão melhor sobre como a irradiação solar afeta o clima na Terra, em especial alusão ao aquecimento global, consenso atual entre cientistas. (Foto: Nasa)

(G1) Cientistas norte-americanos descobriram que a tecnologia de instrumentos em satélites pode ser determinante para medir com precisão a energia que o Sol envia à Terra, garantindo que o conhecimento que pode ajudar na compreensão das mudanças climáticas no planeta. As afirmações foram feitas na publicação científica "Geophysical Research Letters".

Greg Kopp, do Laboratório de Física Atmosféricas e Espacial (Lasp, na sigla em inglês), espaço ligado à Universidade de Colorado em Boulder, e Judith Lean, do Laboratório de Pesquisas Navais dos Estados Unidos, mediram o nível total da irradiação solar e descobriram valores menores que os registrados em 32 anos de monitoramento.

Segundo os pesquisadores, esse achado levará satélites novos a trabalharem melhor para resolver a questão sobre se as flutuações solares afetam ou não o aumento médio na temperatura da Terra.

Durante estudos sobre a estrela, os pesquisadores notaram que o instrumento utilizado havia recebido recentemente um novo design óptico e calibragem, o que melhorou a precisão das medições. Esta ferramenta é o Monitor de Irradiação Total (TIM, na sigla em inglês), atualmente a bordo da nave Sorce (Solar Radiation and Climate Experiment ou Experimento sobre Radiação e Clima Solares, em tradução livre), na agência espacial norte-americana (Nasa).

A calibragem mais apurada do TIM, feita em solo terrestre pela equipe do Lasp, foi o que gerou medições mais precisas da energia solar dissipada na comparação com a calibragem anterior, oferecida pelo Instituto de Padrões e Tecnologia norte-americano (NIST, na sigla em inglês), agência federal responsável por estabelecer medidas e padrões à indústria nos Estados Unidos.

Uma das vantagens da pesquisa de Kopp e Lean é o auxílio à comunidade científica voltada ao estudo do clima para saber quais são as causas naturais e as humanas para o aquecimento global.
Durante um ciclo solar, período de referência para medir a atividade do astro e que dura 11 anos, Lean acredita que as variações na estrela sejam responsáveis por um aumento de 0,1 grau Celsius na temperatura global. Ela conclui que a influência do Sol não foi determinante como principal causa do aquecimento na Terra, pelo menos nas últimas três décadas.

----

Matéria similar no Correio Braziliense

Caverna gelada


(National Geographic / iG) Um alpinista observa o lado de fora de uma caverna de gelo na face norte do Monte Quênia, que fica no país de mesmo nome. Não importa onde eles fiquem, cavernas de gelo estão sempre congeladas, não importa a estação do ano.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O vulcão Etna entrou anteontem em erupção na Itália

Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia avisa que lava pode voltar a correr

(Ciência Hoje - Portugal) O vulcão Etna entrou em erupção, anteontem à noite, na ilha da Sicília, na Itália, provocando um rio de lava numa das encostas. As autoridades locais já anunciaram o estado de alerta. Segundo o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália (INGV), a actividade do Etna terá intensificado pouco depois das 22h48 (21h48 hora de Lisboa) e era possível ver as explosões de lama a partir nas cidades de Catânia e Taormina.

A diminuição da actividade vulcânica permitiu a reabertura desta manhã do aeroporto de Catânia, a segunda cidade mais importante da Sicília, que foi fechado por precaução perante a possibilidade de lançar cinzas.

O maior vulcão activo da Europa, espalhou cinza e lava na zona desértica que o envolve. Apesar de já ter acalmado, os investigadores do INGV não descartam a possibilidade de a lava voltar a correr pela encosta nas próximas horas.

A última grande erupção do vulcão de 45 quilómetros de diâmetro, localizado no leste da Sicília, que esteve acompanhada de mais de duzentos pequenos terramotos, foi em Maio de 2008. O Etna tem 3.322 metros de altura e é a montanha mais alta da Itália ao sul da cordilheira dos Alpes.




----

Matéria similar no AstroPT

Expedição científica internacional chega ao Rio de Janeiro

Navio espanhol pretende circunavegar o planeta para avaliar os efeitos das mudanças climáticas nos oceanos


(iG) “Tierra, tierra”, grita uma bióloga espanhola ao pisar em solo carioca, no Píer Mauá, nesta manhã de quinta-feira (13) depois de quase um mês em alto mar. Ela é um dos 94 exploradores que, em uma volta ao mundo, pretendem desvendar mistérios do aquecimento global. A ousada missão, que inclui três brasileiros, começou em Cádiz na Espanha, de onde saiu o navio Hespérides no dia 15 de dezembro de 2010, e pretende percorrer em sete meses de viagem 42 mil milhas náuticas, ou 77.784 quilômetros.

A expedição é uma homenagem ao navegador espanhol Alejandro Malaspina que, no século 18, fez a primeira circunavegação científica da história, com o objetivo de estudar e cartografar todos os vice-reinos espanhóis. Com um custo que beira os 17 milhões de euros, financiados pelo Ministério de Ciência e Inovação espanhol, a Malaspina 2010, sua versão do século XXI, é igualmente ambiciosa. Os pesquisadores a bordo do navio da Marinha Espanhola visam estudar os desconhecidos ecossistemas dos oceanos profundos e descobrir as conseqüências das mudanças climáticas nos oceanos.

“Os oceanos absorvem 43% do carbono produzido pelo homem. Há evidências de que essa capacidade de absorção de dióxido de carbono esteja acabando”, alerta o idealizador da expedição, o pesquisador português Carlos Duarte, membro do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), na Espanha, onde é radicado. O navio é o primeiro equipado com equipamentos que podem detectar se o carbono coletado em uma amostra tem origem natural ou artificial. Ou seja: pode medir a influência das atividades do homem nas mudanças do oceano.

Três pesquisadores brasileiros fazem parte do projeto
De acordo com as investigações feitas pelos diversos cientistas envolvidos, as transformações na composição química da atmosfera e dos oceanos podem gerar um desequilíbrio nos mares.
“Se você muda a química da água e da atmosfera, pode alterar ou intensificar a liberação dos gases, inclusive dos do aquecimento global”, explica Humberto Marotta, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) que embarca na expedição Malaspina na próxima segunda-feira (17) e vai até a próxima parada do Hespérides, em Cabo Verde, África do Sul, daqui a um mês. "Estou animadíssimo", confessa.

Ele entra no lugar de Luana Pinho, doutoranda da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que embarcou em Cádiz. A bióloga trabalhou na medição de emissão de gases nos oceanos, cargo que será ocupado agora por Marotta, e sai do Hespérides com a certeza de que fez parte de um projeto único.

“Aqui, podemos participar de diversos grupos de pesquisa, com pesquisadores de várias nacionalidades e especialidades. É uma experiência muito rica. A gente vai conversando e tendo novas idéias. É muito produtivo”, conta Luana.

Os dois brasileiros fazem parte da equipe do professor Alex Enrich Prast, também da UFRJ, e de Carlos Duarte. Foi por meio dessa parceria que o Brasil conseguiu um espaço entre as cerca de 30 nações que fazem parte desta grande aventura. “Nosso objetivo era fazer uma circunavegação e os pesquisadores foram escolhidos por meio de nosso contatos”, conta Duarte.

Por seu alto custo, a pesquisa oceanográfica não é muito freqüente no Brasil. Nenhum dos três biólogos que hoje fazem parte da Malaspina havia embarcado em um navio oceanográfico antes. Prast diz que está ansioso para ver os resultados das coletas de dados no Atlântico Sul, pois, de acordo com ele, elas são raras já que o oceano é mais próximo a países que geralmente não têm recursos para pesquisa e desenvolvimento, como é o caso das nações da África e da América do Sul. “Ao final de toda a circunavegação, vamos poder fazer modelos de emissão de gases mais específicos para a costa brasileira”, completa Marotta, que irá fazer exatamente este trajeto no Hespérides.

Navio custa R$ 70 mil por dia
Por ter muitas ambições, a expedição Malaspina 2010 também custa bastante. Entre embarques e desembarques, serão cerca de 400 pesquisadores a freqüentar o navio oceanográfico. Depois do Rio de Janeiro e da Cidade do Cabo, o Hespérides segue para Perth e Sidney, na Austrália, além de Auckland, na Nova Zelândia. Logo mais, atravessa o Pacífico para chegar ao Havaí e, de lá, cruzar o Canal do Panamá, fazendo escala em Cartagena de Las Índias, na Colômbia, para enfim aportar na Espanha, em 14 de julho de 2011, completando os sete meses de viagem em oito etapas.

Em cada uma dessas paradas, o navio precisa de combustível, diversos equipamentos de laboratório e outros. De acordo com Duarte, o navio custa R$ 70 mil por dia para funcionar. Somente a conexão à internet, que possibilita que os dados coletados sejam transmitidos à Universidade de Cádiz, onde são analisados e armazenados, toma R$ 130 mil do orçamento. Haja velocidade para os cerca de 300 computadores que o navio abriga entre laptops pessoais e máquinas dos diversos laboratórios.

Um dos equipamentos mais importantes do barco são 24 rosetas. Elas são como garrafas que servem para coletar material no oceano profundo. Podem chegar a até quatro mil metros de profundidade – o ponto mais baixo do fundo dos mares é 11 mil metros, nas Filipinas. A um desses recipientes foi atrelada uma rede que permite que se capte também plânctons em grandes profundidades – invenção que foi patenteada pelo projeto.

Os pesquisadores da Malaspina coletarão amostrar de ar, água e plâncton em 350 pontos do trajeto e pretendem reunir 70 mil amostras em diferentes locais e profundidades. Esse material será reunido em um banco de dados que ficará aberta para consulta a toda a comunidade científica. “Os grandes saltos de evolução são produto da colaboração. A competição atinge muito pouco”, defende Carlos Duarte, que espera coletar o equivalente a cinco terabytes de informação. Apenas na primeira etapa, até o Rio de Janeiro, foram recolhidos quase um terabyte. (um terabyte equivale a 1024 gigabytes).

Duarte pretende guardar parte dessas amostras em diversos locais e mantê-las intocadas por 30 anos para que, na próxima geração e com novas tecnologias, possa haver outras descobertas com os resultados desta expedição. Afinal, mesmo com sondas em Marte, destaca Duarte, ainda se conhece muito pouco dos oceanos do planeta. Para se ter uma idéia, são 250 as espécies de organismos marinhos conhecidos. No entanto, acredita-se que isso seja apenas de 5% a 10% do que existe até as profundezas. Navegar é preciso.

Visitação aberta no sábado
O Hespérides estará aberto neste sábado (15), das 8h30 às 17h, no Píer Mauá. Nesta sexta (14), também haverá um circuito de palestras sobre a expedição no Instituto Cervantes, em Botafogo (21-3554-5910). Para conhecer o navio de 84 metros de comprimento, basta enviar um email para malaspinario@gmail.com pedindo para participar da visita.

Para quem não puder ir a nenhum dos dois eventos, o site do projeto contém todas as informações, além de fotos, vídeos e até uma visita virtual.

----

Link da matéria com fotos aqui

Alerta no mar

Novo sistema promete detectar ondas gigantes com precisão e evitar prejuízos

(O Globo / JC) Ondas gigantes estão entre os fenômenos naturais mais difíceis de prever. Muitas vezes, as informações captadas por sensores dos satélites e boias oceânicas não são suficientes para alertar com precisão quando um swell (ondulação oceânica) gerará ondas capazes de danificar plataformas de petróleo, afundar grandes navios e causar prejuízos a cidades costeiras - embora possam deixar os surfistas mais corajosos felizes.

Pois agora, pesquisadores americanos e holandeses dão os últimos toques num sistema que poderá monitorar, a imensas distâncias, as ondulações e alertar com precisão quando elas oferecem risco.

Tempo de desastre
A nova tecnologia é particularmente importante num momento em que o clima do planeta está mais selvagem - como a ciência alerta e sucessivas catástrofes naturais vêm provando. O ano passado teve o maior número de catástrofes naturais da História, vale lembrar.

O segredo da técnica desenvolvida pela equipe liderada pelo engenheiro oceânico David Hill, da Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos, são olhos eletrônicos capazes de ver em 3D, como os seres humanos, e que chegam aonde o homem não pode ficar, em alto-mar, onde nascem os swells, formados por grandes tempestades.

O sistema é controlado à distância. Ele combina boias oceânicas, radares e câmaras que gravam em 3D. As boias não funcionam bem na chamada zona do surfe, na arrebentação. Além disso, cobrem áreas muito limitadas. Já os radares são bons em informar a velocidade das ondas (é só lembrar dos pardais do trânsito), mas são péssimos para medir o tamanho delas.

Assim, os cientistas resolveram agregar boias, radares e câmaras num sistema só. Ao combinar imagens de duas câmaras, o sistema as processa de forma semelhante à do cérebro humano.

- O sistema não apenas vê as ondas, ele as flagra em movimento e nos diz que altura elas têm - explicou Hill ao canal americano Discovery.

Os primeiros resultados do novo sistema serão apresentados em março na revista científica "Coastal Engineering". Ele foi testado com sucesso na Holanda, país abaixo do nível do mar e obviamente interessado nesse tipo de tecnologia. Ele será particularmente útil para evitar danos em áreas costeiras.

- À medida que as ondas nascidas em alto-mar se aproximam das áreas mais rasas e das praias, elas mudam muito - observou o pesquisador americano. - Há imensa variabilidade, ligada a ventos, tipo de fundo do mar, correntezas. Tudo isso muda o padrão das ondas e pode fazer com que uma ressaca potencialmente devastadora não seja captada a tempo.

Segundo os cientistas, o sistema não deverá custar caro e os dados poderão ser processados por computadores comuns.

Empresa quer lucrar com gases-estufa
A empresa que controla uma das maiores redes de estações de monitoramento do clima do planeta está apostando que o fornecimento de dados de gases-estufa se tornará um mercado lucrativo. A AWS Convergence Technologies anunciou que reposicionará a sua rede Earth Networks e investirá US$ 25 milhões nos próximos cinco anos para implantar uma malha de mais de 100 sensores de gases-estufa em várias regiões ao redor da Terra, a maioria nos Estados Unidos e, pelo menos 25 na Europa e o mesmo número em outras áreas ainda não determinadas.

Inicialmente a rede vai monitorar as concentrações de dióxido de carbono e metano -- dois importantes gases-estufa - e será a primeira empresa comercial desse tipo, o que aumentará substancialmente a quantidade e o nível de detalhes dos dados atualmente disponíveis sobre os gases-estufa. E planeja oferecer alguns desses dados para acesso livre, via internet, a comunidades acadêmicas, sem qualquer custo. Hoje os dados de emissões são coletados em dúzias de lugares monitorados por instituições de pesquisa e governamentais.

Já a Earth Networks vai fazer medições em tempo real em nível nacional e regional, combinando análises precisas da atmosfera com as informações meteorológicas, o que vai permitir identificar com uma maior precisão os locais e as fontes de emissões.

Atualmente, quase todos inventários de emissões são baseados na autoavaliação de empresas e governos, e eles aplicam modelos de previsão, em vez da coleta direta dados. Os dados do sistema Earth Networks poderiam ser um ponto de partida para saber se os países ou regiões estão cumprindo os acordos internacionais ou locais visando a redução dos gases-estufa. A falta de capacidade de melhor monitorização tem criado dificuldades nas negociações climáticas.