(Correio Braziliense) Cientistas descobriram a causa do derretimento acelerado de uma das mais importantes geleiras da Antártida, a Ilha de Pine, na parte oeste do continente. O motivo é a água quente do oceano que vem corroendo a base da geleira e derreteu o gelo que ligava a plataforma a uma cordilheira rochosa subaquática. Imagens por satélite mostram que o avanço da ilha no mar aumentou cerca de 50% desde 1970, a uma velocidade de aproximadamente 4km por ano.
A identificação da cordilheira foi uma surpresa para os cientistas, que puderam entender por que o degelo está acelerado e a linha-base — o local onde a geleira deixa de ser ancorada à terra e se torna um bloco de gelo, flutuando no mar — recuou nas décadas mais recentes. “Uma vez que a geleira mais fina se distanciou da cordilheira, a água relativamente quente do oceano nessa região começou a derreter o gelo mais profundo na parte de trás da cordilheira”, disse Stan Jacobs, coautor do estudo e oceanógrafo do Observatório Terrestre Lamon-Doherty, na Universidade de Columbia.
Ao contrário dos mantos de gelo da Groenlândia e da Antártida oriental, a maior parte da superfície de gelo da Antártida ocidental (onde está localizada a Ilha Pine) se encontra abaixo do nível do mar, e pode ser particularmente vulnerável à rápida erosão pela água do mar.
Os cientistas indicam que a linha-base da geleira recuou para dentro da camada de gelo da Antártida por mais de 30km desde que foi erguida da cordilheira em algum período antes da década de 1970. Como a linha-base está abaixo do nível do mar, a quantidade da plataforma de gelo agora exposta ao mar dobrou, dizem os pesquisadores, acelerando ainda mais a erosão da geleira. “Isso aumenta nossa preocupação de que essa região seja de fato o que o glaciologista Terry Hughes chamou uma vez de ‘ponto fraco’ da camada de gelo da Antártida ocidental”, afirmou Jacobs. “O aumento do derretimento de gelo continental também parece ser a causa primária do resfriamento persistente do oceano e outros impactos, tanto em nível local como até o Mar de Ross (localizado ao sul da Nova Zelãndia).”
A descoberta da cordilheira submarina, com cerca de 300m de altura, está detalhada em um artigo publicado recentemente na Nature Geoscience. É o resultado inicial de uma expedição de dois meses no Mar de Amundsen no início de 2009. A bordo no navio de pesquisa Nathaniel B. Palmer, a equipe de cientistas britânicos e norte-americanos fez medições na água para rastrear como as geleiras cada vez mais finas do oeste da Antártica estão afetando o oceano. Para isso, um submarino robô, Autosub 3, foi mandado para a cavidade profunda sob a plataforma de gelo flutuante da geleira da Ilha Pine, para mapear os contornos escondidos do fundo do mar.
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