Sedimentos recolhidos nas calotes da Antárctida vão servir para compreender as mudanças climáticas.
(DN - Portugal) No início do ano, uma equipa de cientistas esteve na Antárctida a recolher sedimentos no gelo com um método idêntico ao usado para extrair petróleo. Ao perfurar várias camadas de gelo, foram retirados materiais que vão agora ser estudados. A esperança é que seja possível entender as rápidas mudanças climáticas verificadas naquela zona do globo.
A preocupação com o aquecimento global não se centra apenas no presente. Compreender o comportamento das camadas de gelo será fundamental para a criação de métodos que permitam prever o clima no futuro. Actualmente são estas camadas que funcionam como espelhos, reflectindo o sol, influenciando as temperaturas e o nível dos oceanos, consoante são mais finas ou mais espessas.
Só há 400 mil anos é que a Antárctida se tornou gelada. A história geológica dos gelos da Antárctida revela não apenas a descida abrupta das temperaturas como a da concentração de dióxido de carbono. E num curto intervalo de tempo tudo se transformou em gelo. Porque é que isto aconteceu é a pergunta a que esta equipa de cientistas espera agora responder. "Podemos ler estes sedimentos como se fossem um livro de história. E este recua 53 milhões de anos, oferecendo um arquivo sem precedentes de como as camadas de gelo se formaram e interferiram nas mudanças climáticas e dos oceanos", explicou Henk Brinkhuis, da Universidade de Utreque, na Holanda, e que foi um dos líderes da expedição, citado pela Science Daily.
Pela frente os cientistas têm muitos anos de trabalho. Os sedimentos e microfósseis recolhidos vão permitir explicar como é que a Antárctida passou de uma zona quente a um local coberto de gelo. "Medir parâmetros como a idade, temperatura e a concentração de dióxido de carbono vai contribuir para o aumento de precisão dos modelos [de previsão do clima]. Quanto mais pormenores conseguirmos, melhores serão os modelos", salientou.
A extracção geológica nos gelos da Antárctida durou dois meses. Mesmo com os icebergues, nevoeiros e fortes ventos, a equipa da Wilkes Land Glacial History Expedition conseguiu perfurar até aos dois mil metros de profundidade. Os resultados da expedição vão completar os obtidos nas investigações realizadas nos últimos 40 anos.
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