sábado, 17 de abril de 2010

Islândia pode enfrentar décadas de vulcanismo violento, dizem cientistas

(New Scientist / Folha) As viagens aéreas na região do Atlântico Norte podem ficar um bocado mais complicadas nos próximos anos. Vulcanólogos afirmam que os "fogos de artifício" no vulcão islandês Eyjafjallajökull, na Islândia, responsáveis pelo adiamento de todos os voos comerciais no norte da Europa nos últimos dias, podem acabar virando uma visão familiar.

O aumento dos tremores sob a Islândia ao longo da década passada sugere que a área está entrando numa fase mais ativa, com mais erupções e potencial para algumas explosões das grandes.

"A atividade vulcânica na Islândia parece seguir uma periodicidade que fica entre 50 anos e 80 anos. O aumento na atividade nos últimos dez anos sugere que estamos chegando a uma fase mais ativa, com mais erupções", diz Thorvaldur Thordarson, especialista em vulcôes islandeses da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. Em comparação, a segunda metade do século 20 foi bem mais tranquila que a média.

Junto com o aumento do vulcanismo, há registros de atividade sísmica elevada perto da Islândia, incluindo o terremoto de magnitude 6.1 que chacoalhou Reykjavík, capital do país, em maio de 2008.

Em 1998, Gudrún Larsen, da Universidade da Islândia em Reykjavík, usou 800 anos de dados de camadas de lava, testemunhos de gelo (grandes cilindros retirados de camadas de gelo) e registros históricos para mostrar que o vulcanismo islandês passa por períodos de alta e baixa atividade. Os picos desses ciclos parecem estar ligados a surtos de terremotos, que liberam a tensão acumulada de falhas tectônicas perto da Islândia, causada pela expansão do oceano Atlântico.

Além disso, a periodicidade pode estar ligada a pulsos de magma que partem do manto terrestre, bem como a flutuações da superfície causadas pelo derretimento de geleiras e atividade geotérmica.

Vulcões
Larsen e seus colegas mostraram que a camada de gelo da região de Vatnajökull -- que inclui dois vulcões altamente ativos, o Grímsvötn e o Bárdarbunga -- experimentou seis e 11 erupções a cada 40 anos durante fases de alta atividade, contra não mais de três erupções por período de 40 anos durante as fases de baixa atividade. Outras regiões da Islândia parecem seguir esse padrão.

Além de se tornarem mais frequentes, as erupções parecem ficar mais intensas durante as fases de atividade elevada. Algumas das erupções mais devastadoras da história islandesa -- como a do vulcão Laki em 1783, que matou mais de metade do gado da Islândia e levou a uma fome que exterminou um quarto da população humana -- ocorreram nesses momentos.

A julgar pela atividade vulcânica e sísmica recente, Thordarson e seus colegas acreditam que a Islândia está entrando numa dessas fases ativas, e estimam que ela vai durar uns 60 anos, com seu máximo entre 2030 e 2040.

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