segunda-feira, 19 de abril de 2010

Eyjafjallajökull: Conheça o vulcão que colocou em xeque a Europa

Espetacular imagem da erupção do vulcão Eyjafjallajökull, com diversos relâmpagos causados pelo atrito e pela transferência de energia entre o ar frio e as cinzas vulcânicas.


(Apolo11) Nos últimos dias, o mundo testemunhou com perplexidade os gigantescos transtornos causados por um vulcão praticamente desconhecido, localizado na distante Islândia. Desde o século 19 o vulcão estava adormecido, mas no dia 21 de março de 2010 rompeu o silêncio e provocou a maior explosão piroclástica da Islândia dos últimos 200 anos, mergulhando a Europa em um gigantesco caos aéreo sem precedentes.

Localizado no sul da Islândia, o glaciar Eyjafjallajökull (pronuncia-se "Eia fiatlai ohut") é um estratovulcão de 1660 metros de altitude e a última vez que entrou em erupção foi no ano de 1821 e manteve-se altamente ativo até 1823, após duas erupções ocorridas em 920 e 1612.

Seu domo de gelo cobre uma cratera de aproximadamente 2.5 km de diâmetro e durante a erupção de 1821 causou uma severa inundação ao romper um lago glacial. A explosão de março de 2010 forçou a evacuação de 500 pessoas da região, mas foi a erupção de 14 de abril - 20 vezes mais poderosa - que causou o blecaute aéreo em todo o norte da Europa, ao lançar sobre o continente milhões de toneladas de poeira que ameaça se propagar por todo o continente.
Região da geleira, com pequenas vilas localizadas próximas ao vulcão.
Segundo relatório do Instituto de Ciências da Terra, da Islândia, a primeira erupção expeliu 140 milhões de metros cúbicos de tefra (cinzas vulcânicas), além de 70 milhões de metros cúbicos de magma, jorrados à razão de 300 m3/s ou aproximadamente 750 toneladas por segundo.

A pluma de material vulcânico que causou o blecaute aéreo na Europa foi provocada pela fase explosiva da erupção que teve início em 14 de abril. Durante essa fase a maior parte do fluxo de lava foi jorrada da cratera no topo da geleira Eyjafjallajökull e também das fissuras laterais da montanha, descobertas ou formadas após a violenta explosão. Diversos pontos de vazamento de material piroclástico foram abertos e contribuíram para o derretimento do gelo no entorno, que provocou as fortes enxurradas de água misturada às cinzas vulcânicas que descem pelos flancos.

A lava jorrada na fase inicial era do tipo basalto de composição álcali-olivina, comum em regiões oceânicas, com 47% de sílica.
Imagem de radar de abertura sintética (SAR) mostra a "face da morte" do vulcão Eyjafjallajökull. A cena revela os buracos abertos na camada de gelo após a explosão de 20 de março e 14 de abril de 2010. Créditos: Marco Fulle/Metsul.com/Instituto de Ciências da Terra


A fase explosiva da geleira foi precedida por uma grande quantidade de tremores de pequena magnitude iniciada às 23h00 de 13 de abril, seguida por um forte abalo que marcou a erupção. Os primeiros sinais do degelo ocorreram às 7 horas da manhã seguinte e algumas horas depois a pluma de cinzas e fumaça já atingia mais de 8 mil metros de altitude.

Em poucas horas a mistura de água e cinzas chegou às regiões mais baixas do vulcão, destruindo estradas, infra-estruturas e fazendas, obrigando as autoridades locais a evacuar pelo menos 700 pessoas do entorno da montanha.

Impulsionada pelos ventos vindos de noroeste, a grande pluma de cinzas atingiu o continente europeu no dia 15 de abril, provocando o colapso aéreo amplamente noticiado pela imprensa, que provocou a suspensão de mais de 70 mil voos até 19 de abril.

Saúde
Além do gigantesco prejuízo financeiro, as cinzas vulcânicas também preocupam as autoridades de saúde. Segundo o pesquisador Jay Miller, ligado à Universidade do Arizona, as cinzas podem ser "um verdadeiro assassino" caso sejam inaladas pelas pessoas. "Quando a lava do vulcão a 1200 graus toca a água, é produzida uma cinza muito fina que contém pequenas partículas de vidro. Quando inaladas, seria como rasgar literalmente os pulmões", adverte o cientista.

Islândia
A Islândia está localizada no norte do Oceano Atlântico e geologicamente é considerada uma ilha bastante nova e ainda em formação.


Cortada pela dorsal Meso Atlântica, a ilha é praticamente cortada por uma grande falha geológica criada pelo distanciamento entre a placa tectônica norte-americana, ao leste e eurasiana, a oeste. Essa "rachadura" se afasta cerca de 3 cm por ano e é responsável por um intrincado sistema de vulcões submarinos interligados e do hot spot que forma a Islândia.

Hot spot, ou ponto quente é uma área da superfície continental ou oceânica que sofreu vulcanismo ativo por muito tempo e onde há liberação de material magmático. Ao entrar em contato com a água esse material incandescente se solidifica, formando novas ilhas ou aumentando o território. Um exemplo bastante conhecido de Hot Spot são as ilhas do Havaí.

Possibilidades
Após o episódio da erupção do Eyjafjallajökull, vulcanólogos acreditam que a descompressão do gelo causada pelo derretimento de grandes massas, além de outros fatores, pode acelerar processos eruptivos em outros vulcões da região. Um desses vulcões é o Katla, o maior vulcão da Islândia e localizado sobre a fissura vulcânica de Laki, próxima ao Eyjafjallajökull.

No entender de alguns pesquisadores, uma erupção nesse sistema poderia provocar uma nuvem de cinzas dez vezes maior que a atual, com consequências imprevisíveis.

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E mais:

Islândia é o segundo lugar com mais atividade vulcânica no planeta (G1)

Incríveis imagens do vulcão Eyjafjallajokull na Islândia capturadas pelo astrônomo Snaevarr Gudmundsson (Eternos Aprendizes)

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