quarta-feira, 17 de março de 2010

Nasa: exposição aos raios UV cresceu 6% nos últimos 30 anos

Gráfico comparativo mostra o buraco na camada de ozônio (visto em roxo), em dois momentos diferentes. À esquerda, em 1979 e à direita, em 2009.
(Apolo11) Cientistas da Agência Espacial Americana, NASA, constaram que quantidade de radiação ultravioleta que atinge a Terra aumentou consideravelmente nas últimas 3 décadas. Segundo o estudo, a maior parte do aumento ocorreu nas latitudes médias e altas e houve pouco ou nenhum aumento em regiões tropicais.

A nova análise mostrou, por exemplo, que próximo à latitude 32.5 graus acima e abaixo do equador os níveis de UV de comprimento de onda de 305 nanômetros subiram cerca de 6% em média, desde 1979, lembrando que esse comprimento de onda é o que mais causa danos aos seres humanos.

De acordo com o estudo, o principal culpado pelo aumento da radiação é a redução dos níveis de ozônio estratosférico, um gás incolor que age como protetor solar natural da Terra e protege a superfície contra a radiação ultravioleta.

Apesar dos números serem preocupantes, a descoberta reforça as observações anteriores que mostram os níveis de UV estabilizando depois que os países assinaram em 1987 o Protocolo de Montreal, um tratado internacional que limita as emissões de gases CFC, que destroem a cada ozônio.

O estudo foi realizado pela equipe do pesquisador Jay Herman, ligado ao Centro Espacial Goddard, da Nasa, após analisar uma série de dados coletados por satélites de sensoriamento remoto, entre eles o AURA, da Nasa, os da NOAA e outros satélites comerciais. Os resultados foram publicados essa semana no periódico científico Journal of Geophysical Research.

"De modo geral, os níveis de ozônio ainda não estão onde gostaríamos, mas sem dúvida estamos no caminho certo", disse Jay Herman. "Ainda veremos um aumento do UV nos próximos 30 anos, mas tudo indica que será moderado. Sem a redução das emissões de CFC poderia ter sido muito pior, mas parece que está estabilizado".

O paper (trabalho científico) mostra que nos trópicos o aumento foi mínimo, mas nas latitudes médias foi bem mais evidente. Durante o verão, por exemplo, o índice UV havia aumentado mais de 20% na Patagônia e nas regiões do sul da América do Sul. Em Buenos Aires esse aumento chegou a 10% e em Little Rock, no estado americano do Arkansas, foi de 9% em 1979.

O hemisfério sul tende a ter maior exposição aos raios UV por causa do buraco na camada de ozônio, uma diminuição sazonal e natural da camada de ozônio centrada no pólo sul. Além disso, há também menos partículas de poluição do ar - que ajudam a bloquear o UV - devido ao número relativamente menor de pessoas que vivem no hemisfério sul.

Apesar dos aumentos globais, há sinais claros de que os níveis de radiação ultravioleta estão à beira de despencar.

A análise de Herman está de acordo com um relatório publicado nos últimos anos pela Organização meteorológica Mundial, que mostra que a diminuição da camada de ozônio e do correspondente aumento na irradiação UV nivelou-se em meados da década de 1990.

Ultravioleta
De comprimento de onda mais curto que a luz infravermelha e visível proveniente do Sol, a radiação ultravioleta (UV) contêm também muito mais energia. Devido a isso, os fótons UV podem quebrar ligações químicas na atmosfera e provocar complexos efeitos na saúde humana.
Localização dos raios ultravioleta dentro do espectro eletromagnético. Crédito: Nasa/Apolo11.
Os raios UV são divididos em dois seguimentos principais, distinguidos por sua posição no espectro eletromagnético e cada um deles afeta nossa saúde de modo diferente.

Os raios UV com comprimento entre 320 e 400 nanômetros, chamados de UV-A, são responsáveis por queimaduras e cataratas. Por outro lado, também podem melhorar a saúde aumentando a produção de vitamina D, substância fundamental para a absorção de cálcio nos ossos e que ajuda a evitar uma variedade de doenças crônicas.

Os raios UV-B têm comprimentos de onda ligeiramente mais curtos, oscilando entre 320 e 290 nanômetros. São mais energéticos que o UV-A e causam danos diretos ao DNA, modificando a estrutura em forma de escada e causando uma série de problemas de saúde, entre eles o câncer de pele e as doenças que afetam o sistema imunológico.

Conclusões
Como parte de seu estudo, Herman desenvolveu uma técnica matemática para quantificar o impacto biológico da exposição aos raios UV e calculou como a alteração dos níveis de ozônio e da radiação afetam a vida.

Para a cidade de Greenbelt, nos EUA, Herman calculou que um aumento de 7% de radiação UV resulta em um aumento de 4.4% de danos à pele, 4.8% em danos ao DNA e 5% no aumento da produção de vitamina D.

"Se você for à praia e não estiver usando proteção adequada, você corre risco real de desenvolver câncer de pele", disse Herman, mas completou dizendo que os riscos seriam bem maiores sem a atual regulamentação que proíbe os gases CFC.

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