Depois dos terremotos que destruíram metade capital do Haiti, o assunto ganhou o mundo. No Ceará, onde os tremores são frequentes em algumas cidades, a população continua assustada e com medo de que os abalos sejam mais fortes. Será que o Brasil está a salvo de um terremoto tão intenso? Os pesquisadores já podem prever os tremores? E um tsunami pode ocorrer pelas bandas de cá?
(Daniela Nogueira - O Povo) Os recentes terremotos que devastaram parte do Haiti reacenderam a discussão e a preocupação sobre os abalos. Afinal, os tremores surpreenderam até os estudiosos da área, que quase não se lembravam mais do último terremoto na região. Foi em 1907, na Jamaica. E, como no Brasil os terremotos têm sido notícia frequente, o sinal amarelo foi aceso.
Parte do Ceará tem uma das regiões com atividade sísmica mais intensa. Desde 2008, as gerações mais novas têm tentado conviver com os tremores que assustam pessoas, racham casas, derrubam telhas. Na Zona Norte do Estado, em cidades como Sobral e Alcântaras, por exemplo, os terremotos continuam.
Além do Ceará, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, o Pantanal, a plataforma continental da região Sudeste são consideradas regiões onde há muitos abalos sísmicos, lista o professor Marcelo Assumpção, do curso de Geofísica da Universidade de São Paulo (USP). Também estudioso da sismologia, Aderson Farias do Nascimento, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), acrescenta que o chamado Lineamento Pernambuco, em cidades como Caruaru, Belo Jardim e São Caetano, formam uma zona sísmica importante.
Para o professor Joaquim Ferreira, coordenador do Laboratório Sismológico da UFRN, o ideal é educar a população e mostrar aos habitantes que eles precisam a conviver em uma área com atividade sísmica. Ele cita que, na cidade cearense de Pereiro, no fim da década de 1970, havia muitos tremores e as pessoas ficaram apavoradas. Houve fuga de população. Foi necessário um bom trabalho da Defesa Civil para impedir que mais pessoas fossem embora.
Em 1988, foi a vez de Palhano sentir os terremotos, lembra ele. Irauçuba registrou terremoto de até 4.9 graus na escala Richter em 1991. Cascavel também tem registros de abalos, principalmente no início da década de 1980. ``As pessoas têm de ter consciência de que estão em uma área sísmica. E o Ceará tem duas grandes áreas sísmicas. Uma é a borda da Bacia Potiguar, que vai do Rio Grande do Norte até o leste do Ceará, e a área mais ativa do Brasil. E a outra área é Cascavel, onde está tendo tremor de terra há mais de 16 anos. Mas a gente tem de evitar criar o pânico``, aconselha Joaquim Ferreira.
Educação
O professor George Sand reforça o aviso de educar a população. Em alguns locais, cita, faz tanto tempo que ocorreu tremor que só as pessoas mais velhas sabem. ``A população está sentindo esses tremores e isso é um reflexo do aumento populacional, porque a população está crescendo bastante``, lembra ele, que é chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB).
Segundo ele, o maior tremor do Nordeste foi registrado no Ceará. Em 1980, na cidade de Pacajus. ``Faz tempo que houve esse tremor e só os velhos conhecem Se acontecer de novo, vai ser um abalo e é preciso preparar a população, fazer palestras e a gente não tem esse costume. Nosso objetivo é tentar também educar a população``, enfatiza.
E-Mais
O professor George Sand, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), conta que a primeira morte devido a um terremoto no Brasil ocorreu em 2007. Uma menina de 5 anos de idade morreu em Minas Gerais, na cidade de Itacarambi.
Segundo ele, a estrutura da casa era muito frágil e isso contribuiu para a morte da criança.
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