quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Movimento sutil de fluidos em falha geológica indica risco de terremoto

Pesquisadores apresentam na ‘Nature’ novo método para prever fenômeno.
Estudo analisou pequenas alterações de onda sísmica durante 20 anos.

Lugar calmo, só na aparência: A região de Parkfield fica no miolo da falha geológica de San Andreas, na Califórnia. Com população de 18 habitantes (isso mesmo, só 18), a área está apinhada de sensores ultramodernos. (Monica Almeida/The New York Times, maio de 2003)


(G1) Cientistas do Instituto Carnegie descobriram uma forma de monitorar a força de falhas geológicas nas profundezas da Terra. A descoberta pode viabilizar o mapeamento das áreas com maior probabilidade de deslocamento e fricção de blocos – as raladas entre supermuros que produzem terremotos. Os cientistas Paul Silver (que morreu em um acidente de carro no mês passado) e Taka’aki Taira, do Departamento de Magnetismo Terrestre do instituto, usaram sismógrafos de alta sensibilidade para detectar alterações sutis durante um período de 20 anos em ondas sísmicas que se disseminaram pela secção da Falha de San Andreas nas redondezas de Parkfield, Califórnia (conhecida como a capital mundial dos terremotos).

"O deslocamento dos fluidos é de apenas cerca de 10 metros a uma profundidade de aproximadamente 3 quilômetros"

Gráficos com o comportamento de pequenos terremotos revelaram que no interior da “zona de influência” da falha geológica havia áreas com fraturas preenchidas por fluido. O que chamou a atenção dos pesquisadores é que essas áreas sofriam ligeiras alterações de tempos em tempos. “O movimento dos fluidos nessas fraturas lubrifica a falha, enfraquecendo-a”, explica Fenglin Niu, cientista da Universidade Rice e participante da pesquisa. “O deslocamento dos fluidos é de apenas cerca de 10 metros no total, e isso a uma profundidade de aproximadamente 3 quilômetros”, diz. “Então é preciso sismógrafos muito sensíveis para detectar as mudanças, como os que usamos em Parkfield.”

"Risco de terremotos pode ser condicionado por eventos sísmicos do outro lado do mundo"

A outra questão fundamental a ser respondida era o que no final das contas causa o rearranjo dos fluidos. Os pesquisadores notaram que os deslocamentos ocorreram depois que a zona da falha geológica foi “incomodada” por ondas sísmicas vindas de terremotos grandes e distantes. A pressão exercida por essas ondas foi suficiente para provocar o fluxo de líquidos. “Então, é possível que o risco de terremotos seja condicionado por eventos sísmicos do outro lado do mundo”, afirma Niu.

O estudo sai na revista “Nature”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário