quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Erupção vulcânica da ilha do Fogo volta a ganhar força e ameaça povoação

Lava está a avançar a cerca de três metros por hora e há sete bocas eruptivas bastante activas.



(Público - Portugal) A erupção vulcânica que assola desde domingo a ilha cabo-verdiana do Fogo voltou a ganhar força na terça-feira à noite, com a lava a aumentar novamente a velocidade e a atingir Portela, a maior povoação de Chã das Caldeiras. Em declarações à agência Lusa na cidade de São Filipe, Hélio Semedo, geólogo do Instituto Nacional de Protecção Civil e Bombeiros (INPCB) de Cabo Verde, indicou que, cerca das 22h locais (23h em Lisboa) de terça-feira, o vulcão aumentou de intensidade, passando de seis para sete as “bocas bastante activas” da erupção.

“A lava está a avançar a uma média de três metros por hora mas, se ultrapassar a elevação de terreno de dois metros, que de certa maneira protege a povoação de Portela [entretanto evacuada], poderá chegar aos 20 metros por hora”, referiu o geólogo cabo-verdiano.

Depois de uma manhã em que o vulcão acalmou e a população voltou às suas casas para tirar os seus pertences, a meio da tarde de terça-feira toda a esperança de que a calma teria vindo para ficar, morreu. Hélio Semedo não escondia que a situação que se vive no terreno na terça-feira à noite era “bastante preocupante”, uma vez que a lava estava a 30 metros da primeira casa da povoação.

Essa acalmia a meio da manhã tinha permitido à polícia e aos voluntários no terreno apoiar a retirada de mais bens de habitantes de Portela, que os levaram para as zonas mais altas das paredes da grande cratera que circunda Chã das Caldeiras. Porcos, vacas, colchões, fogões, frigoríficos, portas, janelas, quase tudo era carregado aos ombros ou nas poucas viaturas de caixa aberta que acabaram por ficar na Portela e que já não têm possibilidade de sair, uma vez que as estradas de acesso ao local estão encerradas.

“Ninguém vai dormir esta noite” na Portela, assegurava Hélio Semedo em relação à última noite, lembrando que na zona de Chã das Caldeiras, que constitui o planalto onde se situam as bocas da erupção, não há luz eléctrica e as pessoas estão dispersas pelas casas com geradores ou painéis solares.

O plano de evacuação da zona está traçado, adiantou ainda Hélio Semedo. A saída, a ser feita, será pela povoação de Bangueira, uma localidade próxima, a caminho de Monte Branco, que dá acesso à cidade dos Mosteiros, Norte da ilha do Fogo. No terreno, à entrada de Chã das Caldeiras, estavam já duas máquinas da câmara de São Filipe para abrirem uma estrada alternativa para a Portela. A estrada principal de Chã das Caldeiras já foi destruída pela lava, impossibilitando o acesso rodoviário às localidades situadas no sopé do vulcão.

Nuno Oliveira, director nacional das operações do INPCB, mostrou-se “estupefacto” pelos assaltos a residências que têm ocorrido durante a noite, mesmo debaixo da grande intensidade vulcânica, do frio (as temperaturas chegaram a baixar para cinco graus Celsius) e da presença de forças de segurança.

A imprevisibilidade do vulcão tem sido uma constante, registando-se períodos de várias horas de acalmia após cada pico de explosões, e cuja lava já provocou danos materiais elevados, tal como admitiu já o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, que vai esta quarta-feira à ilha do Fogo para se inteirar sobre a situação.

Sem haver qualquer registo de vítimas, a lava já destruiu totalmente quatro residências perto de Portela e parcialmente a sede administrativa do Parque Natural do Fogo (inaugurada há pouco tempo), além da estrada principal.
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