sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Atividade humana faz nível de mercúrio dos oceanos triplicar

Medições recentes nos oceanos estimam que quantidade total de mercúrio procedente de atividade humana dissolvido nos mares da Terra é de 290 milhões de moles


(Efe/Exame) O nível de mercúrio em algumas zonas dos oceanos triplicou como consequência da atividade humana nos últimos séculos, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira pela revista "Nature".

A partir de medições recentes nos oceanos Atlântico, Pacífico, Ártico e Antártico, os cientistas estimam que a quantidade total de mercúrio procedente de atividade humana dissolvido nos mares da Terra é de 290 milhões de moles, com uma margem de erro de 80 milhões.

As conclusões indicam que a intervenção humana no ciclo natural do mercúrio ocasionou um aumento de cerca de 150% do elemento na camada de água termoclina, aquela que marca a fronteira do oceano profundo, e a um aumento de mais de três vezes em águas superficiais.

Segundo os pesquisadores, dois terços do mercúrio se concentram a menos de mil metros de profundidade.

Os novos cálculos situam a concentração de mercúrio em um ponto médio em relação às estimativas teóricas publicadas até agora, que estimavam a quantidade desse elemento no oceano entre 36 milhões e 1.313 milhões de moles.

O mercúrio é um elemento extremamente volátil que se dispersa rapidamente pela atmosfera, onde se mantém durante meses antes de se depositar sobre os oceanos.

O material metálico é liberado de forma natural em erupções vulcânicas e pela erosão de rochas devido ao vento e a água, apesar da atividade humana ter alterado este ciclo e feito com que aumentassem os níveis de mercúrio no meio ambiente.

"A combustão de carvão, as extrações de ouro, a produção de cimento e a incineração de lixo contribuíram para esse aumento", explicou à Agência Efe Carl Lamborg, geoquímico da Instituição Oceanográfica Woods Hole (EUA) e responsável pelo estudo.

Os compostos de mercúrio inorgânicos, que no passado eram utilizados como fungicidas, antissépticos e em remédios, deram lugar ao chamado mercúrio metílico, o composto orgânico do mercúrio mais frequente no meio ambiente e um elemento tóxico que pode se acumular na cadeia elementar.

O responsável pelo estudo ressaltou que a quantificação do mercúrio total acumulado na água dos oceanos ajudará a compreender melhor o processo pelo qual se forma o mercúrio metílico e se contamina a vida marinha.

"Apesar de acharmos que o mercúrio aumentou na água dos oceanos, não sabemos o suficiente sobre o processo de biomagnificação (acumulação de tóxicos na cadeia emissora trófica) para afirmar que nos peixes também aumentou e que portanto representa um perigo", afirmou Lamborg.

"A hipótese inicial mais lógica é pensar que os peixes seguiram o mesmo caminho que a água do oceano, mas ainda temos que provar", acrescentou o geoquímico.
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