terça-feira, 22 de julho de 2014

Cordilheira dos Andes registra recorde histórico de radiação ultravioleta

Índice observado no cume de um vulcão é semelhante ao visto no estágio inicial da superfície de Marte


(O Globo) Pesquisadores americanos e alemães mediram nos Andes bolivianos o mais alto nível de radiação ultravioleta (UV) já registrado no planeta. O índice, visto no dia 29 de dezembro de 2003, chegou a 43. A partir de 11 na escala, a radiação já é considerada extrema.

As medições foram realizadas entre 2003 e 2004 por uma equipe coordenada pela Nasa, que estudava eventuais semelhanças entre as condições ambientais de regiões de altas altitudes dos Andes e o estágio inicial da superfície de Marte. Os dosímetros, aparelhos que medem a radiação, foram colocados no cume do vulcão Licancabur (cuja altitude é de 5.917 metros) e na vizinha Laguna Blanca (de 4.340 metros).

Autora-chefe da pesquisa, Nathalie Cabrol destaca que o índice recorde foi registrado a apenas 2,4 mil quilômetros do Equador, e não na Antártica, onde o buraco na camada de ozônio é um problema há décadas.

— Esse índice histórico foi visto nos trópicos, em uma área onde há pequenas cidades e vilas — destaca. — Procurávamos condições análogas às de Marte e encontramos mais semelhanças do que esperávamos.

A intensa radiação coincidiu com outras circunstâncias que podem aumentar o índice ultravioleta, como a destruição do ozônio pelo aumento de aerossóis — uma consequência das tempestades sazonais e de incêndios na região. Além disso, uma grande explosão solar ocorreu apenas duas semanas antes do registro recorde observado pelos pesquisadores.

— Embora esses eventos não estejam diretamente relacionados às mudanças climáticas, eles são amostras do que pode ocorrer se houver um enfraquecimento global da camada de ozônio — alerta Nathalie — A alta exposição aos raios UV prejudica toda a biosfera, e não apenas os humanos. Ela afeta o DNA e a fotossíntese, entre outros processos.

Em nota, David Black, diretor do Instituto Seti (EUA), também envolvido no estudo, ressaltou que ele é “um excelente exemplo de como a astrobiologia, que está envolvida com a compreensão da atmosfera de outros planetas, pode ser pertinente às preocupações contemporâneas da Terra”.

Os resultados da pesquisa foram publicados no jornal “Frontiers in Environmental Science”.
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E mais:
Resquícios dos Andes na Amazônia (Pesquisa Fapesp)

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