quinta-feira, 1 de maio de 2014

Vulcões da Islândia: um fogo dormindo debaixo dos gelos


(Voz da Rússia) Durante a semana de interdição de voos sobre a Europa, milhares de pessoas ficaram à espera de embarque em dezenas de aeroportos fechados e as companhias aéreas sofreram prejuízos de dois bilhões de dólares.

O responsável por todas estas desgraças, ocorridas em abril de 2010, foi o vulcão Eyjafjallajokull, que jaz debaixo das geleiras da Islândia. Ele despertou depois de duzentos anos do “sono” e lançou toneladas de cinzas vulcânicas venenosas que chegaram à altura de dez quilômetros.

No território da Islândia existem cerca de trinta vulcões. Alguns deles, como, por exemplo, o vulcão Sulur, esteve ativo pela última vez há oito milhões de anos, enquanto que outros - um exemplo é o Eyjafjallajokull - durante o último milênio tiveram erupções várias vezes. E estas erupções nem sempre foram inofensivas. O geólogo Konstantin Ranks revelou a história dos vulcões islandeses à Voz da Rússia:

“Em meados do século XVI as erupções dos vulcões islandeses acarretaram um surto de fome que assolou a Europa. As partículas de cinzas, que se encontravam suspensas na atmosfera, impediam o acesso dos raios solares à superfície terrestre, e as culturas agrícolas não conseguiam chegar à maturidade. Esta calamidade chegou, inclusive, à região do Mediterrâneo. Um ano depois, a atmosfera ficou limpa mas mesmo assim o prejuízo causado foi horrível”.

Em 2010 o vulcão islandês não acarretou catástrofes, mas isso ocorreu somente porque os homens exerceram extrema vigilância. O vulcão Eyjafjallajokull esteve sob a monitoração incansável dos vulcanologistas. Eles registraram os sinais do seu despertar ainda em 2009. Foi assinalada uma série de terremotos pequenos e quase constantes nos seus arredores. E quando, em fins de março de 2010, o vulcão começou a lançar cinzas, foi anunciada a evacuação dos habitantes locais. Em breve todos eles puderam retornar a suas casas – o alarme resultou falso.

Todavia, a evacuação foi repetida em 14 de abril. A segunda erupção resultou vinte vezes mais potente do que a primeira e a nuvem de cinzas vulcânicas estendeu-se bem longe dos limites da Islândia, chegando a abranger os territórios da Grã-Bretanha, dos países Escandinavos e Bálticos e até os arredores de São Petersburgo.

Era esta nuvem de cinzas que representava a maior ameaça, pois resultou na interdição de voos no espaço aéreo da Europa. Por exemplo, já em 15 de abril foi anulado um total de onze mil voos. Esta decisão foi absolutamente correta, aponta Konstantin Ranks, pois as cinzas vulcânicas parecem uma nuvem de fumaça somente a partir da terra:

“Não são cinzas na nossa interpretação habitual: na realidade, é uma nuvem de esmeril e a turbina de um avião gira dentro dessa nuvem. Os finlandeses efetuaram uma experiência: fizeram vários aviões de guerra levantar voo e os pilotos militares voaram em 2010 dentro desta nuvem. Quando pousaram, ficou claro que se permanecessem no ar mais um pouco, teriam que catapultar-se, pois os motores das suas aeronaves estavam prestes a explodir a qualquer instante. As suas pás sofrem abrasão intensa, o motor começa a tremer como uma máquina de lavar roupa carregada incorretamente. Se os aviões continuassem o voo, o desfecho poderia ser bem mais triste...”

A erupção do vulcão da geleira Eyjafjallajokull pode servir de espoleta para mais um despertar do vulcão vizinho Katla, que é muito mais potente. A sua temperatura interna subiu muito e a calota de gelo acima da cratera começou a deformar-se. Konstantin Ranks prossegue:

“O vulcão Katla pode entrar em erupção a qualquer momento e os vulcanólogos exercem a sua monitoração permanentemente. Este vulcão, tal como o Eyjafjallajokull, está sob uma camada de gelos. E quando este 'maçarico de gás' começar a funcionar, a massa de gelo, que está em cima dele vai começar a derreter-se e ocorrerá uma explosão semelhante à explosão de uma caldeira de vapor”.

O vulcão Katla entrou em erupção pela última vez em 1918: esta erupção prolongou-se por mais de um mês e durante todo este tempo o dia foi transformado em noite. Devido à erupção, a geleira que cobre o Katla derreteu parcialmente e os campos dos agricultores locais ficaram inundados. Os sismólogos informam que agora na região de Katla são registrados abalos subterrâneos que acusam a tendência de intensificação. É uma advertência evidente de que o vulcão vai despertar em breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário