sexta-feira, 30 de maio de 2014

Resfriamento global matou dinos, diz estudo

Queda abrupta na temperatura aconteceu após colisão de asteroide com a Terra há 65,5 milhões de anos

(JC) É famosa a história de que os dinossauros foram extintos pelo impacto de um asteroide. Agora, um grupo de pesquisadores holandeses encontrou provas de como exatamente aconteceu. A colisão teria provocado um resfriamento global.

Com efeito, essa é uma das previsões teóricas do que aconteceria hoje se um objeto com 10 km de diâmetro colidisse com a Terra, como ocorreu há 65,5 milhões de anos, na península de Yucatán, no México.

Agora, o grupo liderado por Johan Vellekoop, da Universidade de Utrecht, na Holanda, encontrou provas de que o resfriamento repentino de fato se deu. A Terra sofreu uma queda abrupta na temperatura nas décadas que se sucederam ao impacto.

As evidências foram encontradas em camadas de sedimentos do rio Brazos, no Texas (EUA). Elas registraram com precisão a época em que aconteceu a colisão, na forma de deposição sucessiva de poeira no que era então o fundo de um mar raso.

Para determinar a temperatura do mar naquela época, os cientistas usaram como referência a presença nas rochas de uma substância chamada GDGT, um lipídio produzido por certos microrganismos. Estudos mostram que existe uma correlação direta entre a temperatura da água e o nível de deposição.

Debruçando-se sobre as camadas produzidas na época do impacto, os pesquisadores constataram que deve ter havido uma queda de até 7ºC na temperatura da água, nas primeiras décadas após a queda do asteroide.

A lógica não é difícil de entender. A colisão levanta um monte de poeira para a alta atmosfera. Como resultado direto da queda, surgem também muitos incêndios florestais e grande atividade vulcânica, o que aumenta ainda mais a poeira suspensa.

No ar, essa poluição brutal bloqueia a radiação solar. "Simulações sugerem que a quantidade de luz do Sol a atingir a superfície da Terra foi potencialmente reduzida a 20%", escrevem os pesquisadores, em artigo científico publicado no periódico da Academia Nacional de Ciências dos EUA ("PNAS"). Uma longa e tenebrosa noite.

CADEIA ALIMENTAR
A falta de luminosidade impede que criaturas marinhas e terrestres façam fotossíntese. Ou seja, plantas e plâncton --bases das cadeias alimentares marinha e terrestre-- são dizimadas em questão de pouquíssimo tempo.

Sem alimento suficiente, é natural que os animais de grande porte morressem. Por isso os dinossauros desapareceram todos de uma vez no mundo inteiro, logo depois do impacto.

Em compensação, quem fosse capaz de sobreviver com restos de comida nesses tempos bicudos aguentaria o tranco até a recuperação da biosfera. Foi o caso dos mamíferos, então pequenos, que depois disso se tornaram os senhores da vida terrestre.

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