quinta-feira, 24 de abril de 2014

Poluição atmosférica na Ásia afetou clima na América do Norte

Estudo sugere que qualidade do ar na China e na Índia influenciou padrões de tempestades no Oceano Pacífico e tornou inverno mais rigoroso no Canadá e nos EUA


(O Globo) As mudanças climáticas estão deixando cada vez mais claro que não importa onde se dá a agressão ao meio ambiente, seus impactos serão sentidos em diferentes partes do planeta. Em uma nova pesquisa, cientistas da Nasa afirmaram que os invernos mais rigorosos na América do Norte são um dos efeitos da poluição atmosférica na Ásia.

Segundo o estudo, a grande quantidade de poluentes no ar de cidades como Nova Déli, na Índia, e Pequim, na China, alteraram os padrões de tempestades no Oceano Pacífico. Essas tormentas, por sua vez, tornaram os invernos nos Estados Unidos e no Canadá mais frios.

- O rastro das tempestades do Pacífico é uma importante força propulsora dos padrões climáticos globais - disse Yuan Wang, pesquisador do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e um dos principais autores do estudo, à “CNN”. - O rastro das tempestades pode estar ligado a um comportamento nas latitudes médias do Hemisfério Norte, incluindo EUA e Canadá.

Alertas para a poluição asiática
A pesquisa, que demorou dez anos para ser concluída, foi publicada na revista científica “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS). Ela levou em consideração relatos e estudos sobre altos níveis de poluição na ásia e a simulação de modelos climáticos com base nos dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Em janeiro deste ano, a Embaixada dos EUA em Pequim registrou níveis perigosos de partículas no ar na capital chinesa. Segundo eles, a quantidade de poluentes no ar chegava a ser 18 vezes maior do que a quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Moradores foram avisados ​​para permanecer dentro de casa.

Na mesma época, a capital da Índia também foi machete no mundo pela péssima qualidade do ar. Segundo relatório das universidades de Yale e Columbia, a poluição em Nova Déli atingia níveis ainda maiores que Pequim.

A poluição asiática é associada à queima de combustíveis fósseis e processamento petroquímico de economias locais em rápido desenvolvimento. Esses poluentes, por sua vez, levam a um acúmulo de aerossóis na atmosfera.

- Aerossóis fornecem sementes para a formação de nuvens. Se você fornecer muitas sementes, então você muda radicalmente os padrões de nuvens e tempestade - afirmou Renyi Zhang, co-autor do estudo da Universidade Texas A & M, em College Station, nos EUA.

A afirmação de Zhang tem como base informações do IPCC, que relatam o impacto desses aerossóis na intensificação das tempestades nas regiões do Pacífico. Embora ainda não haja dados concretos sobre a influência dessas tempestades no resto do mundo, os cientistas afirmam que o impacto é global.

- Estamos observando o sistema de ciclones de latitude média, que transporta o calor e a umidade de baixas para altas latitudes. Se este sistema for alterado pela poluição do ar vinda da Ásia, em seguida, a distribuição do calor global também será alterada. Podemos esperar que os padrões climáticos em relação a outros partes do mundo sejam afetados - analisou Wang.

O próximo passo da pesquisa é monitorar por satélite os padrões de tempestade e realizar medições na atmosfera para criar modelos climáticos capazes de prever os impactos ao redor do globo.

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