terça-feira, 15 de abril de 2014

Lago sagrado desaparece no Havai

Desde 2009 que o lago Waiau tem vindo a encolher e ficou reduzido a menos de 1% da sua superfície.


(Público - Portugal) O lado sagrado de Waiau, no Havai, considerado pelos nativos como uma porta para outros mundos, tem perdido água todos os anos e ficou agora reduzido um charco para o qual já não é possível atirar os cordões umbilicais dos recém-nascidos – como era tradição.

O lago, que ficava perto das montanhas do vulcão Mauna Kea e 3970 metros acima do nível do mar, explica o jornal espanhol ABC, era considerado único em toda a ilha e tinha um importante papel no local, tanto em termos ecológicos como culturais.

Os nativos acreditam que aquele lugar lhes permitia ter uma ligação ao lado espiritual e que, se deixassem ali um cordão umbilical de um bebé, que essa criança teria uma vida longa e próspera.

Porém, nos últimos anos o lago começou a secar de forma alarmante e encolheu de 100 metros de largura e de três de profundidade, em 2009, para menos de dez metros e 20 centímetros de profundidade. De acordo com os cientistas da Universidade do Havai que monitorizaram as mudanças do Waiau, o lago alimentava-se de tempestades de neve no Inverno. Só que como aqueles fenómenos são cada vez mais raros a sua superfície é agora inferior a 1% do que chegou a ter antes de 2010. Para o trabalho, os investigadores recorreram a fotografias aéreas tiradas desde a década de 1950 e a informações escritas que remontam ao princípio do século XIX.

Também o Observatório Havaiano de Vulcões, que faz parte do Serviço Geológico dos Estados Unidos, atribuiu a grande diminuição do lago à seca que afecta o local desde 2008 e que terá afectado a permeabilidade daquela zona. Com o desaparecimento do Waiau ficam também em risco alguns microorganismos e algas verdes que só se encontravam naquela zona.

Para os havaianos, o Mauna Kea é uma montanha sagrada pelo que a zona é muito valorizada. Devido à sua grande altitude, meteorologia excelente (cerca de 300 noites por ano sem nuvens), à localização geográfica (numa ilha e perto do Equador, o que permite olhar para ambos os hemisférios celestes), ao fácil acesso e à quase ausência de luz provocada pela presença humana, este é também um local de eleição para espreitar as estrelas. Estima-se que o vulcão tenha um milhão de anos.

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