quinta-feira, 13 de março de 2014

Datando rochas


(Fundação Planetário) Quando surge uma notícia como essa, uma das perguntas mais frequentes que enfrentamos é: "mas como eles sabem a idade do cristal?" Antecipando-me a isso, segue aqui um breve relato do método geral...

O segredo da técnica está no uso de isótopos. Isótopos são variantes de um elemento químico; isótopos têm todos o mesmo número de prótons (é isso que garante que estes isótopos representam o mesmo elemento químico), mas diferem no número de nêutrons. O exemplo mais básico é o Hidrogênio: normalmente, seu átomo tem um próton e um nêutron. Mas há o hidrogênio pesado, o deutério, cujo átomo tem um próton, um nêutron e um elétron. E há o trítio, com um próton, dois nêutrons e um elétron.

Os isótopos mais pesados tendem a decair (um termo técnico que significa que eles mudam), e fazem isso ao longo de um tempo que chamamos de meia-vida. Assim, uma amostra inicial que contenha isótopos pesados de um certo elemento vai os perder ao longo do tempo.

Talvez o método de datação mais conhecido seja o do Carbono-14 (um isótopo do mais comum Carbono-12). Isso porque é o método que usamos para a datação de matéria orgânica. A meia-vida do Carbono-14 é de 5.730 anos, ou seja, a quantidade de Carbono-14 de uma amostra cai pela metade a cada 5.730 anos. Como todos os seres vivos (enquanto estão vivos) têm uma proporção razoavelmente igual entre os isótopos de Carbono, podemos usar esta informação para estimar a época em que viveram e morreram.

Mas a meia-vida do Carbono-14 é muito pequena para usarmos este método na Geologia. Usando a mesma idéia, a do decaimento de isótopos pesados, os geólogos usam outros métodos que não o do Carbono-14. Por exemplo, o método do Urânio-Tório, com meia-vida de 80.000 anos; o do Urânio-Chumbo, com meia-vida de 700 milhões de anos; o do Potássio-Argônio (1,3 bilhões de anos); o do Rubídio-Estrôncio (50 bilhões de anos) e o do Samário-Neodímio (100 bilhões de anos).

E foi assim, analisando cuidadosamente as razões entre diferentes isótopos, que os geólogos chegaram à conclusão que este pequeno cristal de zircão tem cerca de 4,4 bilhões de anos!

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