Com a nova ferramenta é possível monitorar a floresta quase em tempo real
(Reuters/Scientific American Brasil) Um novo sistema de monitoramento online tornará possível verificar rapidamente a condição de florestas tropicais de todo o mundo que não tinham fiscalização, e isso pode aumentar a pressão para que governos detenham o desmatamento.
O Instituto de Recursos Mundiais (WRI, em inglês), com sede em Washington, permitirá o acesso público a uma nova ferramenta que avalia florestas do mundo todo. O Global Forest Watch (‘Vigilância Florestal Global’, literalmente) http://www.globalforestwatch.org/ foi desenvolvido por dezenas de instituições com a ajuda do Google Earth Engine.
Ele promete melhorar a observação de modificações na cobertura florestal em áreas vulneráveis da África, Amazônia e do Sudeste Asiático.
“Pela primeira vez nós conseguimos reunir dados poderosos de satélites e analisá-los de uma maneira fácil de entender”, declarou Nigel Sizer, diretor da Global Forest Initiative, parte do WRI.
O sistema usa dados de alta resolução extraídos de meio bilhão de imagens de satélites Landsat para verificar a redução ou aumento da cobertura florestal. Ele também carrega um alerta que indica a perda de árvores, identificando a localização de novos desmatamentos.
“Com exceção do Brasil, nenhum dos países com florestas tropicais é capaz de relatar o estado de suas florestas”, observou Rebecca Moore, diretora de engenharia do Google Earth Outreach e do Earth Engine. “Agora qualquer pessoa poderá obter atualizações quase em tempo real do estado das florestas do mundo”.
De acordo com Moore, o projeto foi possível graças aos arquivos de imagens do Landsat, abertos ao público em 2008 pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos.
O WRI espera que o novo sistema também aumente a pressão sobre fornecedores de produtos em países com florestas ameaçadas.
A gigante suíça de alimentos, Nestlé, declarou que a nova ferramenta poderia contribuir para uma melhor fiscalização de fornecedores de matérias-primas, como carne, soja e óleo de palma [dendê].
“Isso nos ajudará imensamente a refinar nosso trabalho no solo, em locais onde acreditamos que possa haver problemas com nossa cadeia de fornecimento”, explicou Duncan Pollard, vice-presidente associado de sustentabilidade da Nestlé, um dos colaboradores do programa.
A Global Forest Watch inserirá informações importantes nas imagens. Será possível, por exemplo, verificar qual empresa de óleo de palma está operando em uma área específica da Indonésia, onde imagens mostraram um aumento recente no desmatamento. De acordo com Sizer, do WRI, isso levaria o comprador a cancelar pedidos com o fornecedor,
Carlos Souza, do instituto de pesquisa florestal brasileiro Imazon, um dos parceiros do programa, aponta que projetos para reduzir emissões provocadas pelo desmatamento e pela degradação florestal poderiam receber apoio devido ao aumento na transparência de dados.
“Investidores poderiam se sentir mais confortáveis em participar de projetos se pudessem acompanhar a perda de florestas”, observou Souza.
Os governos da Noruega, do Reino Unido e dos Estados Unidos estão entre os maiores contribuintes do programa, que recebeu um investimento inicial de US$25 milhões para construir a ferramenta.
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