quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A lama que vem do sul

Sedimentos do rio da Prata viajam quase dois mil quilômetros e chegam até o litoral de São Sebastião


(Pesquisa Fapesp) Uma mudança gradual no clima – de seco para úmido – e nos padrões de precipitação, com chuvas mais intensas e frequentes, no interior da América do Sul, nos últimos 6 mil anos, deve ter alterado a influência e a descarga de sedimentos do caudaloso rio da Prata sobre o oceano Atlântico. Estudos recentes de oceanógrafos e geólogos do Brasil, da Alemanha e do Uruguai indicam que os grãos finos de areia, a lama e o material orgânico, carregados pelo rio e depois embalados pelas correntes marinhas, começaram a chegar nessa época – e ainda chegam – até o fundo do mar próximo à ilha de São Sebastião, no litoral paulista, a 2 mil quilômetros de Montevidéu, a capital do Uruguai e uma das últimas cidades banhadas pelo rio antes de suas águas se misturarem com as do mar.

Há mais de 10 anos, a equipe liderada por Michel Mahiques, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), analisa amostras de sedimentos do fundo do mar do litoral brasileiro e do estuário do Prata, para confirmar essa hipótese. Agora os resultados obtidos com a análise física e química dos sedimentos indicam que existem duas regiões distintas, chamadas de províncias geoquímicas: uma ao sul e outra ao norte de São Sebastião.

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