sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Níveis de óxido nitroso na atmosfera podem dobrar neste século, diz ONU

Gás é o mais importante a esgotar camada de ozônio, dizem cientistas. Reunião da ONU na Polônia tenta debater futuro das emissões de gases.


(France Presse/G1) A quantidade de óxido nitroso (gás que atinge a camada de ozônio e aumenta o aquecimento global) liberado na atmosfera pode mais que dobrar em meados do século 21, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira (21).

"Precisamos de todos os esforços disponíveis para combater as elevações sérias e significativas de níveis de N2O [óxido nitroso] na atmosfera", destacou o diretor do Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, em um informe divulgado durante a 19ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 19), realizada em Varsóvia, na Polônia, até esta sexta-feira (22).

Segundo o Pnuma, análises de cientistas de 35 organizações revelaram que o NO2 é atualmente o gás mais importante a esgotar o ozônio e o terceiro mais poderoso gás de efeito estufa emitido na atmosfera.

Se a atual tendência se mantiver, as concentrações de NO2 aumentarão 83% até 2050, em comparação com os níveis de 2005, afirmaram especialistas. O NO2 existe naturalmente na atmosfera, mas em quantidades mínimas, liberadas como parte da troca de nitrogênio entre a terra e o ar.

Os níveis desse gás, porém, aumentaram muito nas últimas décadas, impulsionados principalmente por fertilizantes nitrogenados produzidos industrialmente, pela poluição do transporte rodoviário e pelas emissões da indústria química.

O óxido nitroso causa danos às moléculas de ozônio na atmosfera, que ajudam a proteger a Terra contra a nociva radiação ultravioleta do Sol. Essa substância não foi incluída no Protocolo de Montreal, de 1987, firmado para banir uma série de compostos químicos nocivos à camada de ozônio.

O NO2 também é um poderoso gás causador do efeito estufa, sendo mais de 300 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO2) em aprisionar o calor solar. Uma molécula permanece na atmosfera por cerca de 120 anos, até se degradar.

Uma vez que a agricultura responde por dois terços das emissões de NO2, há muito potencial para reduzi-las, por meio do uso mais eficiente de fertilizantes, destacou o Pnuma. Segundo o informe, a adoção de uma dieta pobre em carne também ajudaria, uma vez que a produção de proteína animal conduz a emissões mais elevadas de NO2.

Essa e outras medidas poderiam resultar na economia de 800 milhões de toneladas de CO2 equivalente em emissões de gases estufa até 2020.

De acordo com o Pnuma, essa quantidade corresponde a cerca de 8% da "lacuna de emissões", ou seja, o abismo de emissões de gás carbônico que precisa ser reduzido para atender à meta da ONU de limitar o aquecimento da Terra a 2° C, com base nos níveis pré-industriais.
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