terça-feira, 19 de novembro de 2013

Declínio de gelo no Ártico foi documentado por algas

Acúmulo de calcita e crescimento de algas indicam cobertura de gelo. Derretimento dos últimos 150 anos foi mais acentuado.


(G1) Cientistas liderados pela Universidade de Toronto, no Canadá, divulgaram novo método para medir o derretimento de gelo que considera tempo muito maior do que os registros feitos por satélites terrestres desde a década de 1970. De acordo com os pesquisadores, algumas algas presentes no Oceano Ártico foram capazes de “documentar” a cobertura de gelo do Hemisfério Norte.

O estudo divulgado pela “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS) aponta que as algas coralinas (Clathromorphum compactum) distribuídas pelo Ártico e Subártico registraram índices de gelo em escala multicentenária de 646 anos.

O registro da cobertura histórica de gelo é ocorreu por dois fatores importantes. Essas algas que vivem em substrato rochoso incorporam uma camada de calcita a cada ano, conforme a radiação solar chega até elas. Além disso, quando o gelo marinho cobre o oceano bloqueando o Sol, seu crescimento é menor, já que o crescimento está associado à realização da fotossíntese, que depende de luz.

Pela análise das algas, os cientistas sugerem que, durante a Pequena Idade do Gelo (entre metade do século 16 e metade do 19) a cobertura glacial marinha na região era relativamente estável, variando ano a ano.

A composição de camadas de crescimento de algas,
mostra o Magnésio incorporado em calcita durante o
verão (verde) e durante baixas temperaturas (azul)
(Foto: Andreas Kronz? PNAS)


No entanto, nos últimos 150 anos o declínio de gelo se deu de forma mais acentuada e com variações em escalas de tempo maiores do que ocorria antes. No século 20, observa-se a menor cobertura de gelo dos últimos 646 anos. E 2012 foi o ano de menor cobertura de gelo no Ártico durante o verão.

A temperatura do mar também foi documentada pelas camadas mineiras das algas, segundo o estudo. Os cientistas as observaram pela proporção de Magnésio e Cálcio, arquivados apenas em períodos de crescimento por fotossíntese.

A documentação feita pela longa vida dessas algas pode ajudar na elaboração de modelos climáticos que simulam a variação do clima pelos séculos.

“O mais preocupante exemplo das mudanças climáticas em curso é o rápido recuo do gelo do mar no Ártico. Há apenas alguns anos era esperado que no verão o Ártico não estivesse coberto por gel até o final deste século. Os modelos atuais predizem que isso aconteça em 2030. Isso mostra que nossa compreensão de mudanças rápidas na criosfera é limitada, o que em grande parte é devido à falta de observações em longo prazo”, afirmam os cientistas no estudo.
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