sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Gelo da Groenlândia não é tão vulnerável a aquecimento, diz estudo

Ilha perdeu apenas 1/4 do gelo total no último período de aquecimento. Para cientistas, risco maior pode estar na Antártica, no outro extremo.



(Reuters/G1) A calota polar que cobre a Groenlândia não é tão vulnerável à mudança climática e ao degelo desenfreado como temiam os cientistas, segundo pesquisa publicada na revista “Nature” na quinta-feira (24).

A conclusão está baseada na descoberta de que a ilha perdeu apenas um quarto da camada de gelo total durante o último período de aquecimento há mais de 100 mil anos.

O estudo, que envolveu 300 especialistas de 14 nações, descobriu que a Antártica, no outro extremo do planeta, contribuiria da mesma forma ou até mais para o aumento do nível do mar que ameaça o litoral de cidades que vão de Mumbai (Índia) a Miami (EUA).

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão ao examinar amostras de gelo de um núcleo com 2,5 km de profundidade no noroeste da Groenlândia. O resultado indicou que a camada de gelo perdeu apenas cerca de 400 metros de espessura durante a fase inicial do Eemian - período interglacial que ocorreu entre 130.000 e 115.000 anos atrás, no qual ocorreu um aquecimento e elevação do nível do mar.

"O volume do degelo na Groenlândia foi mais moderado do que muitos esperavam", disse Dorthe Dahl-Jensen, autor do estudo e professor da Universidade de Copenhague, na Dinamarca. Os estudos anteriores sugeriam que a Groenlândia poderia estar prestes a viver um derretimento irreversível devido às alterações climáticas.

O tamanho limitado da área de degelo também foi uma surpresa. Isso porque os cientistas haviam descoberto que as temperaturas do Eemian, medidas a partir de substâncias químicas encontradas em bolhas de ar presas ao gelo, foram maiores do que o esperado em 8ºC acima dos níveis atuais.

Degelo
Os cientistas estão lutando para entender os riscos do derretimento das enormes galerias de gelo da Groenlândia e da Antártica para ajudar na criação de um plano de proteção costeira. Só no século passado, o nível do mar subiu cerca de 17 centímetros, e a taxa acelerou.

“Nós provavelmente vamos atingir as temperaturas do Eemian dentro dos próximos 100 anos”, acredita Dahl-Jensen. De acordo com ele, a região do Ártico está se aquecendo em uma das taxas mais rápidas do planeta e o aquecimento global de 2ºC ou 3ºC pode desencadear um aumento de 8ºC na Groenlândia.

O time de especialistas do clima das Nações Unidas (ONU) disse que o nível do mar pode aumentar entre 18 e 59 centímetros neste século, se o degelo da Groenlândia ou Antártica acelerar. Por outro lado, são esperadas mais inundações, secas e ondas de calor.

De acordo com os cientistas, já existem sinais das condições típicas do Eemian no Ártico. Em julho de 2012, quase toda a superfície da Groenlândia estava coberta de água por causa do derretimento das calotas polares, um evento testemunhado por cientistas dos Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Japão, Coréia do Sul e entre outros países.

Os pesquisadores estimam que a Groenlândia contribuiu com apenas dois metros para a elevação do nível do mar durante o Eemian, quando os oceanos subiram entre quatro e oito metros. O calor desse período provavelmente foi provocado por mudanças naturais na órbita da Terra em torno do Sol.

A descoberta significa que pelo menos metade ou mais da água de degelo nessa época veio da Antártica, cujo gelo, ao contrário do gelo flutuante do Ártico, faz com que o nível do mar suba quando ele derrete.

No entanto, não houve nenhum estudo sobre os núcleos das camadas de gelo da Antártica Ocidental, que fosse equivalente à pesquisa na Groenlândia.

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