terça-feira, 5 de junho de 2012

Para quando o próximo terramoto em Lisboa?

Especialistas discutem importância de mitigar os efeitos dos grandes sismos



(Ciência Hoje - Portugal) Dois recentes terramotos em Itália tiveram um impacto muito grande e causaram dezenas de vítimas mortais e milhares de desalojados. Não se conseguiu ainda avaliar a totalidade dos estragos, que incluíram a destruição de edifícios históricos e industriais, mas calcula-se que os danos vão para muitos milhares de euros.

O sismo de Tohoku, no Japão, aconteceu há pouco mais de um ano, o de São Francisco há pouco mais de um século e o grande terramoto de Lisboa há pouco mais de duzentos e cinquenta anos. Diz-se que os grandes terramotos têm uma tendência a regressar, o problema é que não se consegue prever quando.
Diante este cenário, para aumentar a consciencialização, prevenção e mitigação dos efeitos dos grandes terramotos, a comissão organizadora da 15ª Conferência Mundial de Engenharia Sísmica (15WCEE) juntou especialistas portugueses, mexicanos e americanos num seminário web (webinar) em directo, ontem, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

Este webinar foi moderado pelo professor do Instituto Superior Técnico (IST), Jorge Proença, e contou com a participação dos cientistas Gerado Suárez (Mexico), Lucille Jones (EUA) e Carlos Sousa Oliveira.

“Até agora não conseguimos prever quando vão ocorrer sismos, só sabemos que vão acontecer. Sabemos também quais as construções mais vulneráveis aos sismos e teremos que actuar de forma preventiva a nível de reforçar essas construções”, exemplifica Carlos Sousa Oliveira ao Ciência Hoje.

O especialista em engenharia sísmica e consultor da Autoridade Nacional de Protecção Civil, é presidente da Comissão Organizadora da 15WCEE que se realiza de 24 a 28 de Setembro no Centro de Congressos de Lisboa e que vai reunir mais de três mil delegados vindos dos cinco continentes para discutir o futuro da sismologia e engenharia sísmica a nível mundial.

A 15WCEE tem “muita importância porque junta todos os investigadores que trabalham na área da engenharia sísmica, um pouco também na sismologia e nas ciências sociais ligadas aos problemas dos terramotos. Digamos que é o fórum máximo" para discutir estas matérias, diz o investigador.

Para além dos cientistas, a conferência “também é importante para qualquer pessoa interessada nesta matéria pois vamos mostrar quais são os problemas dos terramotos e que não estamos livres deles”, avança Carlos Sousa Oliveira.

O especialista salientou ainda que a WCEE só acontece a cada quatro anos. A última foi na China e este ano, pela primeira vez, vai realizar-se em Portugal.

“Portugal conseguiu isto porque, por lado, a conferência vinha para a Europa, por outro porque temos trabalhado bastante a nível da engenharia sísmica e finalmente temos também a nosso ‘favor’ o terramoto de 1755 que todo o mundo conhece e que foi um acontecimento que mudou as mentalidades”, refere.

Nenhum comentário:

Postar um comentário