quarta-feira, 9 de maio de 2012

Vulcão no México deixa forças de emergência em alerta

Cinzas e explosões do Popocatéptl, conhecido como o lendário o guerreiro asteca, podem ser vistas desde as últimas semanas



(O Globo) Nas últimas semanas, a lenda do guerreiro asteca adormecido, representada pelo vulcão Popocatéptl que se vê ao longo da estrada que liga a Cidade do México a Puebla, no centro do México, deu lugar à imagem de um vulcão insone que emite fumarolas, explosões e ligeiros tremores. Ao lado do vulcão inativo Iztaccíhuatl, sua amada segundo a lenda nativa, o Popocatéptl voltou a despertar. Ontem, foram registradas dezenas de exalações, lançamento de fragmentos, vapor e gás, com leves chuvas de cinzas. O Centro Nacional de Prevenção de Desastres (Cenapred) estabeleceu um nível de alerta amarelo fase três, alarme prévio à remoção de moradores da região, o que não acontece desde 2000.

Segundo especialistas, o aumento na atividade do Popocatéptl é considerado normal, dentro das variações de atividade geralmente observadas em vulcões. No caso de “Don Goyo”, como também é conhecido, se avaliam as flutuações de atividade com base em um valor médio que determina o risco para os moradores da região. Apesar da remoção ainda não ter sido necessária, um raio de segurança de 12 km foi montado ao redor do vulcão, que rodeia os Estados de Puebla, México e Morelos, e que fica a apenas 80 km da capital do país.

- Vemos a continuação de uma atividade que se iniciou em 1994. Na época, o Popocatéptl aumentou sua atividade, que se intensificou no final dos anos 1990 e princípio de 2000. Não eram raras queda de cinzas em povoados próximos, inclusive na Cidade do México. Em 2009 tivemos incidentes similares. Depois houve um período relativamente longo de inatividade, até agora - explicou ao GLOBO o vulcanologista Servando de la Cruz Reyna, do Instituto de Geofísica da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).

O especialista relembra que entre 1919 e 1927 houve outro episódio de atividade parecido ao atual. Para determinar a duração desses períodos, os especialistas registram a passagem de vários anos de relativa tranquilidade, como ocorreu depois de 1927 e até 1994. Atualmente, apesar do susto pela chuva de cinzas e pelos ruídos das explosões na cratera do Popocatéptl, os especialistas afirmam que não há razão para pânico.

- Haveria motivo caso não houvesse mecanismos de preparação. Mas existe um sistema de alerta vulcânico, além do monitoramento da atividade do vulcão e a prontidão das forcas de proteção civil - afirma Servando de la Cruz Reyna.

O vulcanologista explica que, no caso da capital mexicana, o maior risco seria de queda de cinzas vulcânicas, o que já aconteceu em alguns bairros recentemente. Mas não seria possível, afirma, que a Cidade do México fosse atingida por eventual lava. Segundo De la Cruz Reyna, o Popocatéptl não é grande produtor de lava. Ela normalmente se acumula na cratera do vulcão mexicano, gera uma pressão sobre o topo e acaba sendo expulsa por pequenas explosões que a pulverizam e formam a cinza vulcânica que atinge os povoados próximos.

- O caso atual é de pequenas explosões que formam nuvens de cinzas de baixa densidade e que ficam pouco tempo no ar. Até agora são episódios curtos. Só seriam necessárias medidas drásticas se houvesse um aumento considerável nessa produção - esclarece o especialista da UNAM.

Há doze anos, especialistas observaram um crescimento acelerado nas emissões do Popocatéptl e da atividade sísmica associada ao vulcão. Apesar dos eventos não terem afetado os povoados próximos, a população acabou removida. Agora, os moradores que fazem oferendas em casa e levam comida e música ao Popocatéptl esperam que a “montanha que solta fumaça” (significado do nome do vulcão em língua indígena náhuatl) volte a se acalmar.

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