quinta-feira, 12 de abril de 2012

Cientistas concluem expedição que analisa águas e sedimentos na bacia amazônica

(Com Ciência) Em uma expedição pela costa das regiões Norte e Nordeste, pesquisadores coletaram sedimentos marítimos e águas para verificar como o desmatamento, mudanças no uso do solo e as mudanças climáticas estão afetando a bacia amazônica. A expedição percorreu cerca de 4.200 km com o barco alemão RV MS Merian, um dos mais modernos do mundo para pesquisas oceanográficas.

O barco levou 19 pesquisadores, sendo seis brasileiros: quatro da Universidade de São Paulo (USP), um da Universidade Federal Fluminense (UFF) e um da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os demais cientistas faziam parte do centro Marum (Center for Marine Environmental Sciences), da Alemanha. A saída aconteceu no dia 19 de fevereiro no Recife e a chegada foi em 11 de março, em Bridgetown, em Barbados, no Caribe.

O geólogo Cristiano Chiessi, professor do curso de gestão ambiental da Universidade de São Paulo, campus leste, explica a importância do projeto. “Nós já temos algumas indicações preliminares de que, de fato, existem efeitos que tanto mudanças no uso do solo, como desmatamento e mudanças climáticas – estes três fenômenos associados – já estão causando marcantes mudanças na bacia amazônica e elas estão sendo sentidas nos sedimentos que chegam lá na foz”, disse.

Foram coletadas amostras para verificar as mudanças provocadas na bacia amazônica que ocorrem tanto naturalmente (mudanças climáticas) quanto pela ação do homem. Segundo Chiessi, após ter os dados em mãos será possível fazer uma projeção futura de impactos tanto de ordem natural quanto pela ação humana na região amazônica – sendo que esta última o pesquisador classificou os efeitos como sendo “muito grandes”.

Os trabalhos envolveram experimentos inéditos, como coletar o que os pesquisadores chamam de “testemunhos sedimentares” e recolha de dados geofísicos de fundo e sub-fundo marinho. Para tanto, tubos de até 12 metros de comprimento por 12 centímetros de diâmetro eram cravados verticalmente no fundo marinho, em águas de variavam de 20 metros até 3 mil metros de profundidade. Além disso, também foram feitas amostras com águas de diferentes profundidades para analisar temperatura, salinidade, turbidez (medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar uma certa quantidade de água) e teor de clorofila.

O financiamento para a vinda do navio e infraestrutura da operação foi de cerca de 1,5 milhão de reais, obtida da DFG (Fundação Alemã de Pesquisa Científica, em português). Para Chiessi, a exploração não seria possível sem a cooperação científica bilateral. “O Brasil vem agora desenvolvendo um papel nesta cooperação muito significativo. Nós, desde a etapa da proposição do projeto e captação de recursos junto a agências alemãs, estivemos sempre presentes, em uma divisão muito próxima das tarefas, o que traz um novo tipo de cooperação, pelo menos nesta área de pesquisa entre Brasil e Alemanha”, apontou o pesquisador.

Esta cooperação é muito vantajosa para os dois países. Segundo o pesquisador a Amazônia tem uma importância gigantesca não só no âmbito continental sul-americano, mas também global. Ele reforça que já foram observadas mudanças marcantes nas últimas décadas e, ao que tudo indica, nos sedimentos depositados ao largo da foz do Rio Amazonas, o que é preocupante.

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