sexta-feira, 23 de março de 2012

Sem dados há 1 mês, Inpe volta à Antártida para retomar pesquisa

(Terra) Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que partiram na quinta-feira em missão à Antártica para transferir os equipamentos que serão reinstalados em áreas de outros países que têm cooperação com o Brasil, como Chile e Argentina, devem chegar nesta sexta-feira ao continente gelado. "O objetivo dos pesquisadores é resgatar a coleta de dados. Até o momento temos um mês de falta de dados", disse Ronald Buss de Souza, chefe do Projeto Antártico (PAN) do Inpe em entrevista ao Terra.

O incêndio que destruiu boa parte da Estação Comandante Ferraz no final de fevereiro comprometeu a sequência das pesquisas do Inpe. "Alguns trabalhos foram prejudicados nesse momento pela interrupção das séries de tempo dos dados tomados nos módulos do Inpe, mas o quanto antes essas séries puderem ser retomadas, maiores são as chances de novos e mais robustos resultados para as pesquisas podem ser alcançados", afirmou.

Segundo ele, os dados coletados pelo instituto compõem a série de medições mais antiga desde o início das pesquisas brasileiras na Antártida, com medidas tomadas a partir do verão de 1984. "A ação emergencial do Inpe na Antártica permitirá que o Brasil mantenha em funcionamento algumas atividades científicas até que a estação antártica seja reconstruída", disse. Estimativa do Ministério da Ciência e Tecnologia aponta que a reconstrução da base deva levar, pelo menos, 2 anos.

O voo com os quatro especialistas do Inpe partiu por volta das 9h de quinta-feira da cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. A expectativa é que o grupo chegue à estação brasileira na noite desta sexta-feira, no entanto deverá desembarcar somente no sábado pela manhã. "A logística é muito complicada neste local, dependemos das condições de tempo e visibilidade", disse o pesquisador. A previsão de volta é para o dia 1º de abril.

A equipe do Inpe é coordenada por Héber Passos, técnico e servidor do instituto, composta também pelo Dr. José Valentin Bageston, pelo meteorologista Marcelo Santini e pelo engenheiro André Barros, esses bolsistas de pesquisa.

O instituto está no continente há cerca de 30 anos. Atualmente, o instituto mantém três projetos de pesquisa na Antártica, que agrupam estudos sobre dinâmica da atmosfera, camada de ozônio, meteorologia, gases de efeito estufa, radiação ultravioleta, transporte de poluição, oceanografia, interação oceano-atmosfera e relação Sol-Terra.

A missão dos pesquisadores também leva fontes para a alimentação elétrica dos módulos, interrompida com a destruição dos geradores a diesel. Segundo Souza, o trabalho do Inpe na Antártida neste momento vai ajudar diversas pesquisas do Brasil.

"Vamos montar um braço operacional na Antártida. Os dados serão lançados via satélites e os pesquisadores vão receber essas informações quase em tempo real", completa o chefe do Projeto Antártico.
----

Nenhum comentário:

Postar um comentário