(Scientific American Brasil) Um sol mais fraco, durante os próximos 90 anos, provavelmente não retardará significativamente o aumento da temperatura mundial resultante dos gases que provocam o efeito estufa. É o que diz um estudo feito pelo Meteorological Office e pela University of Reading, do Reino Unido. Os pesquisadores descobriram que as emissões de energia do Sol deverão diminuir até 2100, mas isso resultará numa queda de apenas 0,08ºC na temperatura global. Os cientistas advertiram que neste século é mais provável que existam condições climáticas extremas, devido ao aquecimento na Terra – previsões indicam que o mundo ficará 2ºC mais quente.
Os atuais compromissos internacionais de redução das emissões de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa não são considerados suficientes para impedir que o planeta esquente mais de 2 graus, um limiar que, segundo cientistas, cria riscos de um clima instável. "Essa pesquisa mostra que a mais provável mudança nas emissões energéticas do Sol não produzirá grande impacto climáticos, nem contribuirá substancialmente para diminuir o aquecimento", disse Gareth Jones, cientista do Met Office, especializado em detecção de alterações climáticas. "É importante observar, porém, que esse estudo foi baseado em um único modelo climático, e não em diversos, o que capturaria mais incertezas", acrescentou ele.
Durante o século 20, a atividade solar aumentou até um nível máximo e estudos recentes têm sugerido que esse nível de atividade chegou ao fim – ou está no mínimo perto disso. Assim, os cientistas usaram esse nível máximo como um ponto de partida para projetar possíveis mudanças na atividade do Sol durante este século. O estudo mostrou também que se a emissão energética do Sol permanecer abaixo de um limiar registrado entre 1645 e 1715 — denominado Mínimo de Maunder, quando a atividade solar esteve em seu nível mínimo observado — a temperatura mundial cairia 0,13ºC.
"O cenário mais provável é que veremos uma redução geral da atividade solar, em comparação com o século 20, de tal modo que as emissões energéticas solares cairão para em torno dos valores do Mínimo de Dalton (registrado em torno de 1820)", disse Mike Lockwood, especialista em estudos solares na Universidade de Reading. "A probabilidade de a atividade chegar a baixar até o Mínimo de Maunder — ou mesmo de retornar à intensa atividade registrada no século 20 – é de aproximadamente 8 por cento”.
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