segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Criosfera I: cientista diz o que espera no 1º ano de pesquisas
(Terra) Resultado de 30 anos de pesquisa e aprendizado dentro do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e fruto de uma iniciativa única do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, o módulo de pesquisa Criosfera I é o primeiro do Brasil a operar de forma autônoma e remota no interior do continente antártico. De acordo com o físico da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Heitor Evangelista, que também é o coordenador deste módulo, espera-se que nos próximos anos o módulo Criosfera I se estabeleça como uma plataforma de pesquisa multiusuária com grande potencial para estudos voltados para a biotecnologia, física e química da alta atmosfera e a astrofísica de altas energias.
Durante a Expedição Criosfera (que se encerra no final de janeiro de 2012), o módulo abrigará experimentos voltados para o estudo da atmosfera antártica e sua relação com o manto de gelo. O espaço é dotado de sistemas eólico e solar que permitem mantê-lo em funcionamento ininterruptamente durante verões e invernos.
No módulo, serão monitorados aerossóis, íons marinhos, diversos compostos orgânicos voláteis e gás carbônico. Além disso, ele é dotado de uma estação meteorológica onde será monitorada a temperatura do ar, a pressão atmosférica, a umidade relativa, a intensidade e a direção do vento, e a radiação solar global.
Segundo Evangelista, um sistema ultrassônico, instalado no exterior do módulo, medirá em tempo real a dinâmica de deposição de neve na região. Todos os dados meteorológicos, as concentrações de CO2, a deposição de neve e os dados do desempenho de energia do módulo serão enviados via satélite para o Brasil em tempo quase real.
"Estes dados reunidos e interpretados a luz dos modelos computacionais de transporte atmosférico permitirão aumentar nossa compreensão sobre a relação climática Antártica-América do Sul, o impacto da redução da camada de ozônio, da atividade vulcânica no Hemisfério Sul, a evolução dos processos globais de desertificação, o transporte atmosférico global de poluentes e micro-organismos e aprofundar nosso conhecimento sobre a história climática contada pelos testemunhos de gelo", explica.
Sobre o módulo de pesquisa Criosfera I
A estrutura de um módulo é mais compacta que a de uma estação, que costuma ser habitada durante quase todo ano. Com 2,5 m de largura, 6 m de comprimento e 2,8 m de altura, ele tem a função de abrigar os equipamentos, embora comporte também quatro pesquisadores.
O custo da estrutura, que foi fabricada na Suécia, ficou em torno de R$ 185 mil. Com os gastos em equipamentos e operação de transporte, a implantação do módulo brasileiro chega a R$ 930 mil, o que não é considerado um orçamento alto para os padrões de pesquisa no local.
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) da Criosfera disponibilizou R$ 5 milhões para três anos e meio de estudos e, caso não haja imprevistos, a instalação deverá funcionar por 15 anos.
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E mais:
Pesquisadores do Brasil começam a enviar dados do interior da Antártica (O Globo), com matéria similar no Inovação Tecnológica
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