quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Geleiras do Himalaia estão desaparecendo em ritmo acelerado

(Instituto Carbono Brasil / JC) Cientistas indicam que mudanças climáticas estão reduzindo glaciares da região, e que 65% já são atingidos pelo fenômeno.

Novos estudos seguem apontando para uma ameaça que já é prevista há anos: as geleiras da cordilheira do Himalaia estão derretendo. Desta vez, as pesquisas são da Universidade de Nagoya, no Japão, e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que em parceria com os canais Discovery Asia e Discovery Channel produziu um documentário sobre o degelo do Himalaia.

O relatório da Universidade de Nagoya, intitulado Spatially heterogeneous wastage of Himalayan glaciers (Desgaste espacialmente heterogêneo de geleiras do Himalaia) descreve as mudanças de volume em três geleiras - Yala, AX010 e Rikha Samba - da maior cordilheira do mundo, baseado em observações feitas desde a década de 70. Segundo o estudo, nos últimos 40 anos alguns desses glaciares estão em degelo acelerado e poderão desaparecer.

Os pesquisadores descobriram que a geleira Yala, de 5,4 mil metros, que fica no centro do Nepal, perdeu 0,68 metro ao ano entre 1970 e 1990 e passou a derreter 0,8 metros por ano a partir da década de 2000. Já a AX010, de 5,2 mil metros, que fica no leste, encolheu 0,72 metro entre as décadas de 70 e 90, e passou a diminuir 0,81 metros a partir de 2000, indicando que o degelo tem se acelerado cada vez mais.

"As regiões da Yala e da AX apresentaram um aquecimento significativo... é por isso que o índice de derretimento era acelerado. A Yala e a AX desaparecerão, mas não temos certeza quando. Para saber quando, teremos que calcular usando outro modelo de simulação e levar em consideração o fluxo glacial", declarou Koji Fujita, da Escola de Graduação em Estudos Ambientais da Universidade de Nagoya.

Já o glaciar Rikha Samba, de 5,7 mil metros, que se situa no oeste do país, também tem reduzido seu volume continuamente. Neste caso, porém, verificou-se que o índice de perda desacelerou. Enquanto entre 1970 e 1990 a taxa era de 0,57 metros de perda por ano, a partir de 2000 esse número caiu para 0,48 metros ao ano.

De acordo com Fujita, isso aconteceu porque esta geleira é mais alta dos que as outras duas observadas, o que indica que sua perda é compensada, em parte, por quedas de neve em maior quantidade. "No caso da Yala e da AX, elas estão situadas em elevações mais baixas, portanto a diminuição era acelerada. Geleiras que não tem chance de receber grandes quantidades de neve eventualmente desaparecerão", explicou ele.

Já o documentário do PNUD, do Discovery Asia e do Discovery Channel sugere que devido às mudanças climáticas nos últimos 50 anos, 65% dos glaciares do Himalaia estão derretendo. "Quase 65% das geleiras estão se esgotando na região Himalaia em uma comparação entre 1955 e 2007. Há muitos lagos formados recentemente na região, resultantes de mudanças no padrão climático", afirmou Alton Byer, um dos cientistas que participou do documentário.

O filme analisa o degelo dos glaciares e alerta para as conseqüências do descongelamento na vida da população asiática, já que a cordilheira do Himalaia é uma das principais fontes hídricas da região, e muito desse recurso está se perdendo com o derretimento das geleiras.

Além disso, pesquisadores do Instituto de Estudos Montanhosos e do Centro Internacional para Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICIMOD) ressaltaram que o crescimento no volume de gelo derretido aumenta as chances de desastres naturais, como enchentes e avalanches. "Há um grande risco de avalanches e terremotos de grande magnitude na região. O derretimento é uma ameaça para milhões em toda a Ásia", enfatizou Byer.

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