terça-feira, 19 de julho de 2011

Terra conserva boa parte do calor primordial produzido durante sua formação

Terra conserva boa parte do calor primordial produzido durante sua formação



(Veja) Formada há mais de 4,5 bilhão de anos, a Terra ainda pode passar um bom tempo resfriando. De acordo com um estudo japonês publicado na Nature Geoscience, apenas metade do calor interno de nosso planeta deriva da radioatividade natural. O resto é resultado do calor primordial emitido durante a formação do planeta, em que uma grande ‘bola’ de gás quente, poeira e outros materiais foram condensados.

A radioatividade natural é a energia que pode ser detectada na superfície terrestre e proveniente de raios cósmicos e de radiação solar ultravioleta. Em montanhas e rochas, elementos radioativos como o urânio-238, urânio-235, tório-232, rádio-226 e rádio-228 contribuem para a emissão de radiação. Isso ocorre quando um átomo tem um núcleo muito energético e tende a se estabilizar, emitindo o excesso de energia em forma de partículas ou ondas (radiação).

A energia primordial refere-se ao que sobrou do processo pelo qual a Terra foi formada. Acredita-se que o planeta foi originado pela acreção (união) de partículas de nuvens de gases que se colidiram por efeito da gravidade. Neste processo, a temperatura foi elevada progressivamente. Materiais foram então diferenciados (ferro e níquel foram condensados no núcleo, materiais de média densidade passaram a ocupar o manto e silicatos pouco densos formaram a crosta) e o calor foi acumulado no interior do planeta.

Embora se saiba que parte da energia primordial tenha sido conservada no núcleo, o trabalho é um dos poucos a estimar diretamente a quantidade de energia radioativa produzida no interior da Terra. A descoberta é o resultado de experiências realizadas dentro de uma montanha no Japão, onde pesquisadores usaram geoneutrinos – partículas produzidas de diferentes formas, particularmente durante certos tipos de decadência de radioatividade.

Ao identificar o ritmo da radioatividade ‘natural’, pesquisadores agora podem prever o resfriamento da Terra – bem como determinar quanta energia foi perdida no passado. Os dados também podem dar pistas sobre como, e em que velocidade placas tectônicas se movimentaram ao longo dos anos. Placas tectônicas são um meio pelo qual o calor é emanado de dentro para fora da Terra e podem indicar inclusive a taxa de atividade vulcânica.

Tanto a radioatividade interna quanto o calor primordial irão diminuir nos próximos anos. Até agora, a Terra está resfriando em 100 graus Celsius por bilhão de anos. Isso significa que em alguns bilhões de anos o Sol, já moribundo, irá emitir raios derradeiros sobre uma superfície terrestre praticamente congelada.

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