sexta-feira, 20 de maio de 2011

Tremor no Japão traz revisão de teorias sobre terremotos

Estudiosos analisam registros sismológicos japoneses para procurar regiões potencialmente perigosas

(AP / iG) Cientistas que analisaram dados do terremoto do Japão, em março, estão descobrindo informações surpreendentes que podem suscitar preocupações sobre futuros tremores em áreas de risco. O estudo liderado por Mark Simons, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, está promovendo o monitoramento da atividade sísmica da região de Ibaraki, ao sul do ponto onde o terremoto aconteceu.

Em entrevista por telefone, Simons destacou que não há previsão de outro terremoto em Ibaraki. "Porém a área atingida foi considerada por muitos estudiosos como não suscetível a produzir um grande terremoto, e que se provou o contrário." De acordo com Simons, isto levanta dúvidas sobre outras regiões similares.

“Aprendemos que devemos ser mais desconfiados sobre o que sabemos e mais explícitos com aquilo que não sabemos”, disse. O monitoramento da região vai dar aos cientistas pistas sobre o movimento submarino das placas tectônicas que se movimentaram no tremor.

Os comentários de Simon vêm no mesmo momento em que o periódico científico Science publica uma série de estudos com dados do terremoto de magnitude 9.0 Tohoku-Oki, de 11 de março. Estima-se que o tremor seguido por um tsunami tenha matado mais de 25.500 pessoas. A polícia anunciou, na semana passada, que 15.019 pessoas morreram e 9.506 continuam na lista de desaparecidos. Além disso, o vazamento de radiação na usina nuclear de Fukushima obrigou 80 mil pessoas que moravam num raio de 20 quilômetros da usina a abandonar suas casas por período indeterminado.

David Wald, um sismólogo do Serviço Geológico Americano, disse que a atenção voltada para a região de Ibaraki faz sentido. “Segmentos adjacentes são sempre uma preocupação, após um grande evento e Ibaraki está perto de Tóquio", disse Wald, que faz parte da equipe de pesquisa de Simons.

Embora o relatório levante preocupações sobre a área próxima à zona de ruptura, o problema também se estende a nível mundial, disse Thorne Lay, um especialista em terremotos e professor da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

“Há muitas regiões pelas quais o histórico de ocorrência de terremotos é pouco documentado”, disse. "Temos um longo histórico para o Japão em relação à maioria das regiões, mas até lá, me surpreendi."

Lay, que não integra a equipe de Simon, observou que em março ocorreu o movimento de uma grande placa tectônica longe da costa e a questão é se existe um potencial semelhante para a atividade sísmica marítima mais ao sul, onde há centros mais populosos.

Os sensores podem medir se a tensão está se formando perto da costa, "mas é difícil dizer o que está acontecendo de 100 para 150 km da costa. Temos capacidade limitada para fazer isso agora", disse Lay.

Em outro estudo, Mariko Sato, da Guarda Costeira do Japão, relatou um grande deslocamento na crosta terrestre, inclusive o movimento em uma área de mais de 20 metros lateralmente e 3 metros verticalmente em uma seção submarina da fenda entre as placas que causaram o terremoto.

O terremoto de março começou com abalos relativamente pequenos durante os primeiros três segundos, relatou um terceiro estudo liderado por Satoshi Ide, da Universidade de Tóquio. "Depois disso, o terremoto rapidamente se tornou grande”, afirmou o estudo

Após a breve agitação inicial, houve uma profunda ruptura de cerca de 40 segundos, de acordo com o estudo, seguido por um movimento superficial de solo de 60 a 70 segundos e, em seguida, uma ruptura profunda do solo continua por mais de 100 segundos.
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