segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nova York será uma das cidades mais prejudicadas pelo aumento do nível do mar

(O Globo) A cidade de Nova York deverá ser a principal prejudicada pelo aumento do nível do mar causado pelo aquecimento global, enquanto a capital da Islândia, Reykjavik, será uma das menos afetadas pelo fenômeno. Em 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) anunciou uma previsão de que a altura dos oceanos pode subir pelo menos 0,28m até o fim do século, valor considerado extremamente modesto por muitos especialistas. O número, no entanto, é uma média global e, agora, uma equipe holandesa construiu o primeiro modelo de como essa elevação vai variar regionalmente.

Correntes marinhas e diferenças na temperatura e salinidade da água estão entre os fatores que podem fazer com que o nível médio do mar varie até um metro entre os oceanos, sem contar mudanças de curto prazo como marés e ventos. Assim, se as correntes forem alteradas pelo aquecimento global, o que também é esperado, os padrões regionais de altas e baixas também mudarão.

- Todos ainda sentirão o impacto, e em muitos lugares a elevação estará dentro da média - disse à BBC News Roderik van der Wal, da Universidade di Utrecht e um dos integrantes da equipe de cientistas, que apresentou seus resultados em encontro da União Europeia de Geiociências em Viena. - Mas locais como Nova York verão um aumento acima da média, 20% mais neste caso, e Reykjavik terá uma situação melhor.

Das 13 regiões para as quais os pesquisadores fizeram projeções, Nova York terá a maior elevação acima da média, que também acontecerá em Vancouver, Tasmânia e nas Ilhas Maldivas. Uma das peculiaridades das estimativas é que as áreas mais próximas das coberturas de gelo que deverão derreter terão elevações menores do que outras mais distantes. Isso porque essas capas de gelo na Antártica e Groenlândia atuam como imãs gravitacionais da água, que puxa a água para a costa, fazendo com que se acumule. Com o derretimento das coberturas de gelo, o nível do mar sobe simplesmente porque mais água foi despejada nele, mas a atração gravitacional é menor, fazendo com que que ele até abaixe nessas regiões.

- Assim, se a capa da Groenlândia derreter mais, é melhor para Nova York. Mas se é a Antártica que derrete, é pior para ela, o que também é verdade para o noroeste da Europa - explicou Van der Wal.

O efeito é particularmente forte em Reykjavik, capital mais próxima da Groenlândia, onde a elevação do nível do mar deverá ser menor que a metade da média global. Van der Wal é um dos cientistas que estão trabalhando em novas projeções de aumento em novas projeções de elevação do nível do mar que serão incluídas em novo relatório do IPCC que deve ser publicado em 2013 e 2014. Até lá, outros pesquisadores deverão produzir mais modelos regionais.

- Estamos apenas começando a fazer projeções regionais e ainda há muitas incertezas - comentou Stefan Rahmstorf, especialista em nível do mar do Potsdam Institute for Climate Impact Research, na Alemanha. - Mas está claro que algumas partes do mundo sentirão o aumento do nível do mar mais rápido do que outras, e em alguns o movimento das massas terrestres é um fator adicional. Em locais como a costa da Escandinávia, o terreno está se elevando tão rápido que não haverá nenhum problema com o aumento do nível do mar em um futuro próximo, enquanto em outros a terra está cedendo, o que inclui várias grandes cidades no delta de rios.

Pouco antes do relatório do IPCC de 2007, Rahmstorf publicou pesquisa mostrando que o nível do mar está subindo mais rápido do que o previsto pelos modelos climáticos. Desde então, ele e outros cientistas, usando diversas técnicas, concluíram que um aumento entre meio metro e um metro até o fim do século é mais provável. Agora, no encontro da União Europeia de Geiociências, ele apresentou novas análises indicando que a elevação será ainda maior, variando entre 0,75m e 1,9m dependendo de como as capas de gelo vão derreter e como a sociedade vai responder às descobertas dos climatologistas e controlar as emissões de gases do efeito estufa.

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