segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vulcões: novo método poderá auxiliar na previsão de erupções

Equipe de vulcanólogos durante as observações no deserto de Afar, na Etiópia. Ian Hamling aparece à esquerda da foto.


(Apolo11) Se prever terremotos é uma atividade praticamente impossível nos dias atuais, não se pode dizer o mesmo das erupções vulcânicas. Antes de explodir e ejetar o material magmático do interior da Terra, os vulcões emitem uma série de sinais e quando corretamente interpretados podem evitar que populações inteiras sejam pegas de surpresa.

Agora, cientistas das universidade de Indiana e Purdue nos EUA, Leeds, na Inglaterra e Adis-Abeba, na Etiópia, acreditam terem desenvolvido uma nova maneira de localizar com precisão o local ocorrerão algumas erupções vulcânicas. De acordo com os pesquisadores, as tensões induzidas na crosta terrestre pelo movimento do magma durante uma erupção podem de fato disparar outros vulcões, permitindo que esses sejam previstos. Estudos anteriores já apontavam para essa possibilidade, mas estavam baseados em eventos isolados de erupção.

Para chegar a esta conclusão, os cientistas analisaram a atividade vulcânica no deserto de Afar, na Etiópia, durante o período entre 2005 e 2009 e depois de estudarem uma rara sequência de 13 erupções magmáticas, descobriram que cada intrusão de rocha derretida entre as placas tectônicas arábica e africana tinha uma causa perfeitamente mensurável. De acordo com os resultados, as invasões não eram aleatórias, mas estavam relacionadas devido à mudança das tensões no interior da crosta terrestre.

A equipe focalizou os estudos em torno de um dique (ou chaminé) vulcânico que eclodiu na região em setembro de 2005, onde o magma foi injetado ao longo de um dique entre 2 e 9 km de profundidade. Um dique vulcânico é uma longa fissura vertical criada quando o magma é trazido à superfície através de canais no interior da crosta da terra.

Monitoramento e Previsão
Segundo o estudo, publicado na revista especializada "Nature Geoscience", durante essa erupção os vulcanólogos monitoraram uma grande rede de sensores instalados próximos a 12 pequenos diques da região e ao longo dos quatro anos da investigação os níveis de tensão da superfície próximo a cada dique aumentava significativamente durante cada evento magmático.
Diagrama esquemático de um vulcão do tipo estrato. 1. Câmara magmática - 2. Rocha - 3. Chaminé - 4. Base - 5. Depósito de lava - 6. Fissura - 7. Camadas de cinzas emitidas pelo vulcão - 8. Cone - 9. Camadas de lava emitidas pelo vulcão - 10. Garganta - 11. Cone parasita - 12. Fluxo de lava - 13. Ventilação - 14. Cratera - 15. Nuvem de cinza. Credito: Universidade de Leeds / Wikimedia Commons
Os dados dos sensores foram então introduzidos em um modelo matemático de previsão baseado nas tensões do solo, que confirmou que as 12 erupções subseqüentes seriam de fato as mais prováveis de ocorrer de acordo com o resultado do modelo.

"Nós demonstramos que uma erupção vulcânica podem influenciar no disparo de outra, e isso poderá ajudar a prever futuros eventos", disse Ian Hamling, principal autor do estudo, junto à Escola de Terra e do Meio Ambiente da Universidade de Leeds.

Aplicação
Hamling acrescentou que se o método fosse aplicado este ano durante a erupção do Ejafjallajokull, na Islândia, seria possível prever com razoável exatidão se outros vulcões próximos entrariam em erupção, estimando-se a tensão na crosta terrestre.

"Conhecer o estado dessa tensão não vai dizer quando uma erupção vai acontecer, mas vai dar uma idéia melhor de onde é mais provável de ocorrer", explicou o cientista, que espera que o método possa ser usado junto a outras formas de previsão atualmente em uso.

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