terça-feira, 28 de setembro de 2010

Gelo no Ártico pode desaparecer na 2ª metade do século

(Efe / Terra) O diretor do Observatório Geofísico Voeikov da Rússia, Vladimir Kattsov, afirmou nesta quarta-feira que as geleiras do Ártico podem desaparecer totalmente na segunda metade do século XXI.

Kattsov alertou, em um fórum internacional sobre o futuro do Ártico que começou hoje em Moscou, que, segundo as recentes observações por satélites, a superfície de gelo da região foi reduzida ao mínimo histórico.

Segundo os especialistas, o degelo provocará aumento significativo do nível do mar no mundo todo, o que poderia causar a inundação de ilhas e territórios litorâneos, assim como a destruição de ecossistemas e o desaparecimento de inúmeras espécies.

"A temperatura média no Ártico russo cresceu nos últimos cem anos com rapidez duas vezes maior que a do resto da Terra", disse o assessor da Presidência russa para mudança climática, Alexander Bedritski, que assinalou ainda que "o derretimento de gelos eternos ('permafrost') já afeta a vida econômica da região ártica russa".

As reuniões de ambientalistas e políticos de todo o mundo, como o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, vão até a quinta-feira, com a meta de debater os efeitos da mudança climática no Ártico e os interesses internacionais nessa zona.

A necessidade de delimitar as fronteiras marítimas no oceano Ártico, que abriga um quarto das reservas mundiais de hidrocarbonetos, é preocupação cada vez maior dos países que sofreriam com a acentuação do degelo. Rússia, Canadá, Dinamarca, Noruega e Estados Unidos - os cinco países com costa ártica - protagonizam há décadas uma disputa pelos bilhões de toneladas de petróleo e gás da região.

Só o mar de Bárents, de soberania repartida em partes iguais entre Rússia e Noruega, abriga dezenas de bilhões de toneladas de petróleo e gás. "O setor russo do Ártico, onde vive cerca do 1,5% da população do país, é responsável por cerca de 11% da produção nacional, o que representa 22% do total das exportações", afirmou Bedritski.

Chegar a um consenso, no entanto, não será uma tarefa simples, já que cada nação tem uma concepção diferente sobre seus territórios. O ministro de Assuntos Exteriores russo, Serguei Lavrov, assinalou, nesse sentido, que seu país reúne novas provas que planeja apresentar à ONU em 2013 para revisar os limites da plataforma continental russa, incluindo a cordilheira submarina Lomonósov.

A Convenção da ONU de 1982 estipula que a cordilheira Lomonósov não pertence a nenhum Estado, já que é uma zona com status especial. Outros países com interesses na região, como os Estados Unidos, Canadá e Dinamarca, criticaram os métodos utilizados pela Rússia para defender seus direitos sobre o Ártico, e devem apresentar solicitações similares perante a ONU.

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