quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Lago na Argentina pode trazer pistas sobre origem da vida na Terra

Bactérias de lá sobrevivem a falta de oxigênio, radiação ultravioleta e altas concentrações de arsênico

A bióloga Maria Eugenia Farias recolhe amostra de água em cratera vulcânica. Enrique Marcarian/Reuters

(Reuters / Estadão) Um lago no noroeste da Argentina pode trazer pistas sobre a origem da vida na Terra e sobre como micro-organismos poderiam sobreviverem outros planetas, dizem cientistas.

Pesquisadores encontraram milhões de bactérias "superpoderosas" dentro do Lago Diamante, no centro de uma gigantesca cratera vulcânica localizada a mais de 4.700 metros acima do nível do mar.

O hábitat é semelhante à Terra primordial, antes que os primeiros organismos vivos começassem a injetar oxigênio na atmosfera.

As condições - que incluem altos níveis de arsênico e de materiais alcalinos - também podem lançar luz sobre as condições de vida além da Terra.

"Isto é de grande interesse científico e uma janela para olhar para o nosso passado e também para uma ciência chamada astrobiologia, o estudo da vida em outros planetas", disse Maria Eugenia Farias, parte da equipe que descobriu as formas de vida do lago Diamante.

Se bactérias são capazes de viver ali, especula-se, também poderiam sobreviver em Marte.

Seres chamados "extremófilos", que prosperam em condições extremas demais para as formas de vida consideradas normais, já foram descobertos em outras localidades, e podem ter significativo valor comercial.

Mas a pesquisadora disse que as bactérias do lago, chamadas poliextremófilas, são ainda mais excepcionais, porque prosperam em circunstâncias das mais adversas.

"O que temos aqui é uma série de condições extremas reunidas num só lugar. E isto é o que torna este lugar úbnico no mundo", afirma a cientista.

O lago tem nível de arsênico 20.000 vezes superior ao considerado seguro para água potável, e sua temperatura muitas vezes cai abaixo de zero. Mas como a água é extremamente salgada, a água nunca se solidifica.

O DNA das bactérias sofre mutações para resistir à irradiação por ultravioleta e ao nível baixo de oxigênio da grande altitude.

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