segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Analistas: Destruições na natureza influenciam graves fenômenos

(AFP / JB) Inundações como as que devastaram um quinto do território do Paquistão podem ser muito mais graves por causa da destruição dos ecossistemas do que propriamente pela mudança climática, segundo especialistas em meio ambiente.

O desmatamento intensivo, a transformação dos pântanos em terra cultivável ou o crescimento urbano e o acúmulo de lixo que causa a obstrução dos sistemas de deságue são algumas das razões que acentuam as consequências das enchentes.

– Não podemos nos limitar a jogar a culpa na natureza – declarou Ganesh Pangare, coordenador regional para a água dos pântanos da União Internacional para a Conservação da Natureza, em Bangcoc. – Os humanos invadiram as zonas inundáveis.

Para Pangare, uma melhor condução dessas zonas limitaria as consequências humanas e econômicas dos desastres naturais, como as chuvas recordes que atingiram o Paquistão, deixando um saldo de 1.400 mortos.

– As infraestruturas têm de estar em lugares seguros. Caso contrário, o desenvolvimento da Ásia se torna insustentável – enfatizou.

Mudança vira pretexto
Para Red Constantino, que dirige em Manila o Instituto do Clima e Cidades Sustentáveis, a mudança climática se converteu num bom pretexto para os dirigentes asiáticos quando ocorrem desastres naturais.

– Quando há inundações de grande amplitude, é só jogar a culpa na mudança climática, quando os problemas poderiam ser solucionados localmente – sublinhou Constantino. – Seja onde for que estivermos, há coisas óbvias que podem ser feitas, como melhorar a transformação do lixo, o uso da terra ou o gerenciamento do crescimento urbano.

Constantino recordou que o temporal tropical Ketsana, que atingiu Manila e seus arredores no ano passado, provocou as piores inundações em 40 anos e a morte de mais de 400 pessoas.

Para Bruce Dunn, especialista em meio ambiente do Banco Asiático de Desenvolvimento, o desmatamento na Ásia é um dos principais agravantes das inundações.

Em meio a tantas políticas que fazem piorar as coisas, Dunn citou alguns exemplos contrários, como o realizado pela China em termos de reflorestamento depois das grandes inundações dos anos 80.
----
Matéria similar no iG

Nenhum comentário:

Postar um comentário