(Reuters / Folha) Um submarino amarelo ajudou a resolver um enigma sobre uma das geleiras que derretem mais rápido na Antártida, aumentando a preocupação dos cientistas sobre como a mudança climática pode elevar o nível dos oceanos.
O submarino robótico explorou o lado de baixo da plataforma de gelo flutuante na ponta da geleira da Ilha Pine, e descobriu que o gelo ali não mais está assentado sobre um morro submarino que havia freado o escorregamento da geleira até os anos 1970.
A Antártida é uma das áreas-chave para a previsão da elevação do nível do mar a ser causada pelo aquecimento global. O continente tem água o suficiente para elevar os oceanos em 60 metros se derreter inteiro. Não há chance de tamanho degelo acontecer, mas mesmo uma fração disso poderia ameaçar cidades costeiras em todo o planeta.
O resultado da missão robótica de 2009 "apenas se soma à nossa preocupação de que essa região seja de fato o 'calcanhar-de-aquiles' do manto de gelo da Antártida Ocidental", disse Stan Jacobs, do Observatório Terrestre Lamont-Doherty (EUA), coautor do estudo.
O degelo nessa região responde por 10% da elevação recente observada no nível do mar, com o degelo da geleira da Ilha Pine acelerando, afirma o estudo, liderado por cientistas do BAS (Serviço Antártico Britânico). A pesquisa foi publicada na edição deste domingo do periódico "Nature Geoscience".
A perda de contato com o morro submarino significa que o gelo está fluindo mais rápido e a água do mar está penetrando mais e mais sob a plataforma, derretendo mais e mais gelo.
Imagens de satélite feitas nos anos 1970 mostravam uma saliência na superfície da plataforma glacial, o que indicava a presença da montanha submersa. Essa saliência desapareceu, e o submarino descobriu que a plataforma afinou tanto que hoje o morro esta 100 m abaixo dela.
Adrian Jenkins, do BAS, autor principal do estudo, diz que seus resultados levantam "novas questões sobre se a perda atual observada na geleira da Ilha Pine é causada por mudança climática recente ou pela continuação de algum processo de longo prazo".
Pierre Dutrieux, também do BAS, disse que o gelo pode ter começado a afinar devido a algum mecanismo ainda ignorado relacionado à mudança climática, como uma alteração no regime de ventos que empurrou águas mais quentes para a região da geleira.
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