sábado, 13 de fevereiro de 2010

Amazônia terá torre de pesquisa de 320 m para monitorar a atmosfera

(Folha) Uma torre de 320 metros de altura (quase o dobro do Edifício Itália, um dos mais altos de São Paulo) será construída na Amazônia para monitorar a atmosfera e os gases-estufa.

Com a torre, os cientistas esperam ter condições de fazer projeções mais confiáveis sobre os impactos das mudanças climáticas globais na Amazônia para os próximos 30 anos.

A construção da estação de pesquisa, uma parceria entre Brasil e Alemanha, deve terminar no final do próximo ano e terá investimentos de R$ 24 milhões. No projeto Atto (sigla em inglês para Observatório Amazônico de Torre Alta), os cientistas farão as pesquisas 270 metros acima das copas das árvores. Hoje, as maiores torres usadas para pesquisas na região têm 67 metros.

"A grande função das torres será mostrar com dados científicos a importância da floresta amazônica em termos de serviços ambientais e, com isso, incentivar as políticas públicas e desenvolver instrumentos para combater o desmatamento", diz Jochen Schöngart, pesquisador do Instituto Max Planck de Química, da Alemanha, que participa do projeto. Pelo Brasil, coordenam o projeto o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e a Universidade Estadual do Amazonas.

O Atto terá a maior torre de observação atmosférica da América Latina. Outras quatro torres de 80 metros serão erguidas no entorno da principal.

O complexo será construído dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, em Presidente Figueiredo (133 km de Manaus). A comunidade ribeirinha que mora na reserva autorizou o projeto.

Segundo o físico Antônio Manzi, do Inpa, as torres serão erguidas sem derrubar árvores. "A floresta sempre tem uma série de clareiras naturais. A ideia é identificarmos o lugar menos perturbado possível."

Ao longo da torre maior serão instalados radares e perfiladores atmosféricos de temperatura, umidade, aerossóis e sensores de medidas de concentração e fluxos de gases. Do alto, cientistas de diversas áreas vão monitorar fenômenos a mais de 1.000 km --usando equipamentos como um sensor que mede a concentração de gás carbônico no ar.

"Em campanhas intensivas de coleta de dados, que deveremos organizar, poderemos ter algumas dezenas de pesquisadores trabalhando ao mesmo tempo no sítio experimental, ou seja, estarão por perto dos equipamentos", explica Manzi.

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