Em vermelho, áreas do oceano já estudadas por cientistas. Em azul, áreas ainda por estudar (fotos: divulgação). (Ciência Hoje) Cientistas costumam dizer que, comparado àquilo que já mapeamos em terra firme, o fundo do mar é um território pouco conhecido do homem. A afirmação ganha força quando se joga luz na região oceânica do Atlântico Sul, também chamada pelos estudiosos de “grande vazio do conhecimento”. O apelido não vem à toa: em razão da distância dos grandes centros de pesquisa marinha, uma área equivalente à metade do Brasil e com profundidade média de 4 mil metros quase não foi estudada.
Por isso, há enorme expectativa para a chegada do mês de outubro, quando os primeiros navios da expedição Mar-Eco saem em direção ao oceano com a proposta de desvendar, entre outros mistérios, a biodiversidade e os recursos da região.
Um dos cientistas envolvidos no Mar-Eco é o biólogo Leonardo Rörig, professor da Universidade do Vale do Itajaí. Em conversa com a repórter Mariana Ferraz, ele explica com mais detalhes a importância da empreitada.
“Estudos similares já foram feitos em zonas marinhas similares, como o Atlântico Norte, o oceano Pacífico e o Índico. As publicações sobre o Atlântico Sul são mínimas, de 100 anos atrás. Não se conhece a biogeografia e a biodiversidade do local”.
Rörig diz que existe um enorme volume de água repleto de vida para ser estudado. E que as possíveis descobertas não beneficiariam apenas à academia – áreas estratégicas como a biotecnologia e a mineralogia também têm muito a ganhar com os estudos.
Segundo o cientista, a região oceânica, conhecida como cordilheira mesoatlântica do sul, guarda especificidades que possibilitam, inclusive, entender a origem da vida. “É um lugar muito peculiar, tanto em temperatura quanto em composição mineralógica: a vida pode ter surgido em um ambiente como aquele”.
Para explorar cordilheiras marinhas de até 3 mil metros, uma equipe de cientistas brasileiros e estrangeiros partirá com censores eletrônicos, câmeras e outros aparelhos que poderão coletar, em tempo real, dados sobre colunas de água e microorganismos do oceano. Em outubro, um time russo partirá de navio das Ilhas Canárias. Dois outros barcos sairão ao mesmo tempo do Brasil. Em breve, “o grande vazio” não será mais desconhecido.
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