terça-feira, 16 de junho de 2009

Mundo caminha 'como sonâmbulo' para desastres naturais, diz ONU

(Reuters / JB) O mundo está caminhando 'como sonâmbulo' em direção a desastres naturais evitáveis cujos efeitos poderiam ser significativamente reduzidos com um aumento modesto nos gastos com redução de riscos, disse na terça-feira John Holmes, subsecretário-geral de assuntos humanitários da ONU.

- As tendências em desastres, especialmente os causados pelas mudanças climáticas, são uma preocupação enorme - afirmou Holmes em entrevista coletiva.

Ele falou no início da Plataforma Global para a Redução de Riscos de Desastres, que ao longo de quatro dias reúne mais de 1.800 participantes de 169 governos e cerca de 140 organizações internacionais e não-governamentais.

Holmes disse que os esforços de redução de riscos melhoraram desde o tsunami de 2004 no Oceano Índico, que matou 250 mil pessoas, mas que é preciso fazer muito mais.

Ele espera que a Plataforma Global concorde em gastar 3 bilhões de dólares por ano com a redução de riscos de desastres. Esse valor representa cerca de 10 por cento dos 8 bilhões de dólares gastos anualmente com ajuda após desastres, mais 1 por cento do orçamento de assistência ao desenvolvimento, de 239 bilhões de dólares.

A título de comparação, disse Holmes, os desastres em 2008 causaram 200 bilhões de dólares em prejuízos. O custo de dois anos antes foi um quarto disso, e a tendência evidente é de aumento.

- Os desastres mais prejudiciais em países em desenvolvimento podem dar a impressão de causar menos danos porque os bens danificados custam menos, mas os danos reais em termos de vidas e subsistência são muito maiores - disse Holmes.

Cerca de 90 por cento dos desastres estão ligados ao clima, segundo o funcionário da ONU, observando que os ciclones no Brasil em 2004 e Omã em 2007 foram de intensidade nunca antes vista nessas regiões.

Os terremotos maciços em Sichuan, China, no ano passado e outro na Itália este ano evidenciaram a necessidade de padrões mais rígidos de construção e a importância de implementar esses padrões.

As prioridades na reunião da Plataforma Global incluem planos para proteger escolas e hospitais contra desastres, reforçar os sistemas de aviso antecipado, reduzir os assentamentos humanos em áreas de risco e restaurar e proteger os ecossistemas.

A maioria das dez maiores 'megacidades' mundiais, com 25-35 milhões de habitantes, fica em áreas costeiras perigosas ou zonas de risco de terremotos. Quase 1 bilhão de pessoas vivem em 'assentamentos informais" ou favelas urbanas, e esse número cresce em 25 milhões de pessoas por ano, à medida que a urbanização expõe mais pessoas ao risco de desastres, disse Holmes.

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